Eu rezo pra que esse amor nunca morra

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— Bright, você está estranho.

Quando se está passando por um momento difícil, às vezes, é difícil disfarçar. As olheiras aparecem, o sorriso desaparece, e uma nuvem chuvosa estaciona em cima da sua cabeça. Com Bright, não estava sendo diferente. Ele tentava de todas as formas mostrar como estava bem, porque não adiantaria nada mostrar a fraqueza. Só que, alguns dias eram piores que os outros, e, de vez em quando, Bright sentia como se nada pudesse tirá-lo do fundo do poço. Nem mesmo Win, que o fez rir, sorrir e esquecer do mundo real, quando estavam no terraço da escola em um dia qualquer, conversando sobre tudo e nada ao mesmo tempo.

— Tentei não chegar nesse assunto com você, mas eu estou preocupado.

Na maior parte do tempo, Frank irritava Bright só em respirar. Frank parecia sentir prazer em ser inconveniente com comentários imbecis, mas eles eram amigos ainda assim. O laço surgiu na escola, quando Frank puxou assunto com um Bright novato. Dispensá-lo não parecia correto. No fundo, a companhia de Frank era boa. Os dois tinham muito em comum.

Bright e Frank estavam na casa de Khaotung. Decidiram passar o final de semana na casa, com um clima familiar agradável deixando Bright contente por sentir um pouco de paz. A sua casa era sempre um inferno e ele fazia de tudo para passar o tempo em outro lugar. Os meninos aproveitariam os dois dias, comendo comidas que não eram nada saudáveis e assistindo filmes. O plano, naquele sábado à noite, era passar a madrugada vendo Halloween 2, mas em meia hora de filme, Khaotung cochilou, e Frank viu ali a oportunidade para conversar com o amigo.

— Eu vivo sorrindo por aí. Como eu posso estar estranho?

Bright se sentiu o maior dos mentirosos naquele momento. Não era feliz e nunca foi. Encontrava problemas em todos os lugares. Se sentiu mal, de repente, por mentir para Frank, que se mostrava mesmo aflito.

— Você pode gargalhar, mas eu percebo a depressão estampada no seu rosto. Acha que eu não vejo os momentos em que você encara o nada como se pensasse na própria morte? E não é só isso. Você está recusando todos os convites para sair com o grupo, dando a desculpa de que quer ficar sozinho. Quem você quer enganar?

— Eu estou aqui agora. — Disse, fazendo questão de passar confiança, olhando nos olhos de Frank.

— É um milagre.

— Está tudo bem. — Falou, por fim, irritado consigo mesmo por não conseguir disfarçar os próprios sentimentos. Ele se manteve firme olhando para Frank e não se abriu com ele. Falar sobre si mesmo só o fazia parecer mais fraco. — Vamos continuar assistindo.

De qualquer forma, o final de semana fez Bright descansar a mente. Ele riu de verdade e se divertiu fofocando sobre os alunos da escola e sobre Nani e Dew. Khaotung disse que eles se casariam e Frank se manteve calado, já que não concordava com a homossexualidade. Bright se perguntava por que Frank era o seu amigo se sabia que Bright era gay. Ninguém tinha coragem de tocar no assunto.

Chegar em casa no domingo à noite fez o coração de Bright se apertar. Há muito tempo não se sentia bem naquela casa. Os pais estavam prestes a se divorciar e havia as dívidas sem fim. Felizmente, a casa era própria, ou então, já haviam sido despejados. Bright tentava. Caramba, ele tentava muito. Tentava ao máximo se concentrar em sua própria vida e não absorver os problemas da família. Mas era impossível. Ele fazia parte daquilo tudo. Queria ajudar, mas não tinha o que fazer. Ainda era novo para arrumar um emprego. O que restava, era esperar que tudo melhorasse.

Em momentos de desespero, Bright pensava em Win, e em como queria vê-lo novamente, no terraço ou não, não importava. Precisava de Win para sentir que a vida era boa.

Amor ArdenteWhere stories live. Discover now