O poder do amor é uma coisa curiosa

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1985

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1985

— Eu quero explicações agora mesmo, Bright.

Aquela pose autoritária combinava com Dew. Alguns anos depois, ele ainda era o mesmo adolescente apaixonado por Nani. Mais velho, com certeza, e na faculdade agora, junto com Bright, que após quebrar a cabeça com provas, conseguiu o curso de Jornalismo que queria.

Distraído na fila do cinema, animado para assistir De Volta Para o Futuro, Bright se arrependeu de não ter chamado Nani para que fosse junto com os dois, assim, poderia ficar quieto e Dew o deixaria em paz com as perguntas. Falar de Win era meio doloroso. Eram amigos e queria ser mais que um amigo para ele, mas há um ano e meio o havia pedido em namoro, e ele fugiu do assunto durante todo aquele tempo, até hoje.

A fila andou e Bright, ainda ignorando a pergunta, se sentiu sortudo por Dew e Nani continuarem ao seu lado. Era uma amizade verdadeira aquela. Quase não tinha notícias de Frank ou Khaotung, e não fazia questão de ter. Na escola, eles foram bons companheiros, mas a vida os distanciou depois do baile e Bright se sentiu aliviado pelos seus ouvidos terem uma folga. Adeus aos comentários imbecis e preconceituosos. Bom, mais ou menos. Na sociedade, havia muitos como Frank e Khaotung.

— Qual é o seu problema? — Bright questionou, cínico. Já havia perdido a conta de quantas vezes havia reclamado de Win para Dew e estava disposto a dar uma folga a ele.

— É o Win? Ainda? Você deveria fazer a fila andar, não?

Suspirando, com o peito apertado, Bright olhou o céu estrelado e sorriu sozinho, tendo consciência do quão brega seria.

— Só existe o Win na minha fila.

— Você vai ficar na friendzone para sempre.

— Não é como se eu me importasse com isso, Dew. — O olhou, finalmente. Torceu para que o amigo não percebesse os olhos marejados. — Nós somos amigos há três anos, entende? Isso é o que importa.

— Vocês não se beijaram na noite do baile?

— Nos beijamos, e ele foi o primeiro a dizer que gosta de mim, e depois eu disse que sentia o mesmo, e então depois eu o pedi em namoro. E fim da história.

Alguns passos. A fila andou. Dew não encerrou o assunto. Bright quis comprar logo os ingressos e ver o filme.

— Não estou dizendo para que você coloque pressão no Win, certo? Mas você não está bem com tudo isso. É melhor deixá-lo ir, não?

Chateado, Bright estreitou os olhos e encarou Dew.

— Eu nunca vou deixá-lo ir. Nunca, ouviu?

Dew levantou as mãos em redenção, mas não se arrependeu do que havia dito.

— Só para encerrar o assunto de uma vez por todas. — Disse ele, quase na bilheteria. — Eu não entendo. Raciocina comigo. Bright gosta do Win, Win gosta do Bright. Por que eles não ficam juntos?

Amor ArdenteWhere stories live. Discover now