O que você vai fazer com a sua vida?

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Estava escuro, mas Bright percebeu como Win ficava lindo uma bagunça, especialmente com o rosto febril e vermelho. Naquele momento, não havia vergonha ou desconforto, ou medo, ou nada que pudesse incomodá-los.

Bright, ansioso, levou as mãos até o botão dos jeans de Win, desabotoando. Ele desceu o zíper, e com a ajuda de Win, tirou a roupa. Bright salivou com a imagem. Queria abocanhá-lo. Sem demora, o masturbou devagar, e viu Win deitar a cabeça no banco, fechando os olhos. Já havia sido tocado por Bright, mas aquele era o melhor momento. Talvez por causa da saudade ou do amor que ficou mais intenso com o tempo. O que sabia, era que o seu corpo havia se acendido como um fósforo.

A masturbação lenta ficou rápida de uma hora para a outra, com Bright nunca se esquecendo de esfregar o polegar pela glande rosada. Com a postura ereta agora, ele abaixou a cabeça, a língua já na cabecinha, lambendo. Win gemeu quando sentiu o músculo quente e molhado na pele, sentindo em seguida toda a cavidade o engolindo. O corpo se arrepiou ainda mais, por inteiro dessa vez, e ele deixou um gemido mais alto sair da boca. A mão foi direto para os cabelos bonitos de Bright, ainda molhados, puxando os fios, com força. Bright não pareceu ligar, engolindo até onde conseguia.

O boquete parou depois que Win se mostrou quase no limite, então Bright se sentou novamente no banco e não se surpreendeu quando Win se sentou em cima de si mais uma vez, outro beijo afoito começando. Bright sentiu a língua ser chupada com lentidão e aproveitou para apertar a bunda de Win, dura, como se lembrava. Com pressa, Win ajudou Bright a abaixar os jeans e depois, arrastou os dedos pelo corpo dele, do peitoral até a barriga. Bright fez carinho em suas costas, com as pontas dos dedos, arrepiando Win, o deixando mais quente do que nunca. Os dedos pararam nas coxas em um momento, então Bright apertou e fez Win se colar mais a ele.

Devagar, Win segurou em seu queixo e se afastou. Selou os lábios e, novamente, o beijou, com mais calma. Foi um beijo sensual, onde as línguas se encontravam fora das bocas. Estalos podiam ser ouvidos.

Win, ansioso, levantou o quadril e fez Bright se encaixar em si, a entrada alargando aos poucos, o incômodo e o prazer sempre juntos, enquanto Win descia aos poucos, sentindo a boca de Bright em seu pescoço, distribuindo beijos, descendo até chegar nos mamilos, mordendo cada um, sentindo Win se mexer em cima de si.

O incômodo já não era mais um problema, visto que Win rebolava com rapidez. Estavam loucos um pelo outro. Parecia coisa de outro mundo. Era forte e único.

À medida que Win cavalgava naquele colo, Bright sentia o prazer mais intenso, ao ponto de fechar os olhos só para revirá-los. Ficava mais duro quando ouvia Win gemer no seu ouvido. Aquilo continuou por muito tempo ainda, os corpos não mais gelados. Quentes. Os corações mais calmos, mas ainda acelerados. Eles estavam perto de acabar quando a música da rádio teve um fim.

Win continuou no colo de Bright, exausto. O corpo estava mole, relaxado, o ouvido zumbindo. Parecia estar fora de órbita. Bright tentou controlar a respiração, com a cabeça deitada no apoio do banco. Ainda tocava na cintura de Win, sem se mexer.

Apesar de estar exausto, Bright conseguiu dizer o que precisava ser dito.

— Eu sinto muito por tudo também.

Win não respondeu. Estava cansado demais. Ainda assim, fez um carinho de leve na nuca dele, para que continuasse falando o que quisesse. Segurando em seu rosto, a mão em cada lado da bochecha corada, Bright o forçou a olhá-lo nos olhos.

— Se você for embora, eu vou seguir você, e vou caçá-lo até o fim do mundo, mas não vou deixar que fique longe de mim. Você entendeu, Win?

Win sorriu, ainda exausto, aliviando o peito de Bright.

— Preciso resolver a minha vida primeiro.

A chuva parou aos poucos, e o céu pareceu mais limpo. Algumas estrelas apareceram e as nuvens pesadas de água foram embora. Eles descansaram e se vestiram novamente. Quando saíram do carro, a rua estava molhada, e o céu, escuro, e finalmente, limpo.

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Na manhã seguinte, os rapazes conseguiram ajuda para o caro. Ele foi levado até uma oficina, com a promessa de que seria cuidado muito bem. Win, aliviado, sorriu gentil e agradeceu. Sentia como se uma corda estivesse sendo solta do seu pescoço.

A estrada ficou movimentada com o novo dia e, dentro do táxi, voltando para a cidade natal, Bright se perguntou qual seria o caminho de cada um agora, mas não precisou se preocupar, não quando Win cochilava com a cabeça em seu ombro e a mão entrelaçada na sua. Já devia saber que Win pertencia a si e nada e nem ninguém mudaria aquele fato.

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Ainda era 1987 e Bright e Win ainda pertenciam um ao outro. Procurando por emprego na cidade onde Bright morava, Win soube que passar um tempo no apartamento de Bright seria bom não só para recuperarem todo o tempo que perderam separados, mas para poder sair e procurar emprego quando pudesse. Bright tentou algo no jornal, mas o escritório aceitava pessoas formadas ou com experiência, e Win não possuía nenhum dos dois nas costas. Para animá-lo, Bright colocou no som uma das inúmeras fitas gravadas que tinham e cantou Girls Just Want To Have Fun, da Cyndi Lauper, junto com Win, enquanto comiam a pizza que havia chegado há minutos, no chão espaçoso da sala.

Win precisava conseguir um emprego porque Bright não conseguia sustentar os dois sozinhos. O salário era mediano e ele precisava economizar em muitas coisas. Se quisesse Win morando consigo, eles precisavam se ajudar. Win, por outro lado, não queria de forma alguma ficar parado. Há uma semana procurava emprego, mas, aparentemente, um diploma e experiência eram muito importantes.

— Eu vou falar com alguém do jornal. De novo. — Disse Bright, pensativo, mastigando a pizza de queijo. — Eles devem conhecer alguém ou algum lugar que pode ajudar.

Win deu de ombros, cabisbaixo e desanimado.

— Eu devia ter escutado você.

— E ser infeliz fazendo o que não gostava? Foi melhor assim, Win.

— Não adianta se lamentar agora, não é? Não dá para mudar o passado.

— E você mudaria o quê? — Como Win não respondeu, Bright continuou, rindo do bico do namorado. — Se as coisas acontecem, é porque precisam acontecer.

— Estou cansado de você ter razão o tempo todo, Bright. Eu era o mais racional na época da escola, não?

Win estava rindo, quase feliz.

Nada era perfeito e a felicidade ia e vinha.

Bright estava por perto agora, através do telefone, ou na cidade natal, ou na nova cidade. Ele não se sentia mais sozinho ou incompreendido. Meio perdido ainda, mas não solitário. Ele estava rindo de Win, da risada que já havia o salvado muitas vezes, e agora, Bright, de todas as formas possíveis, tentava deixar Win são e salvo também. Aos poucos, se acostumava com o novo Win de língua afiada. Na geladeira, havia algumas cervejas, mas, ao menos, os cigarros desapareceram.

Nada era como antes e não precisava ser. O amor ainda continuava intacto, ardendo dentro do peito, e bastava. Ele poderia superar qualquer coisa e todo o resto se tornava insignificante.

Amor ArdenteWhere stories live. Discover now