Pare de me afastar, eu só quero ficar

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Para Win, o baile da escola era uma festa chata, ainda que fosse a sua primeira vez ali. Mesmo se divertindo com Bright e conversando, ainda estava entediante.

Quando a voz de Elton John ecoou com Tiny Dancer pela quadra, alguns pares se juntaram na pista e dançaram lentamente. Win achou a música triste, e Bright o chamou para dançar, depois de buscar coragem em algum lugar desconhecido dentro de si.

— Dança comigo.

Aos olhos dos outros alunos, chegar no baile com outro rapaz foi bizarro e gerou falatório. Foi desconfortável também. Para os dois. Mas a sensação logo passou porque, cada um decidiu cuidar da própria vida em algum momento, então, Win pôde soltar o ar preso e Bright apreciou a própria felicidade em estar com Win sendo o seu par.

Dançar com outro rapaz, abraçado com ele, era avançar mais um nível. Um nível perigoso. Só que, Win percebeu como Bright estava feliz, e estava adorando ver aquele sorriso tolo em sua boca carnuda sempre tão séria e fechada. Se dançar com ele o deixasse mais radiante do que já estava, então, Win aceitaria.

— Danço.

A música era perfeita para dançar lentamente, abraçado com alguém, como se só existisse as duas pessoas na quadra de esportes onde acontecia o baile. Bright, nervoso, deixou Win próximo de si, colocando as duas mãos em sua cintura, sem muita força. Não os deixou muito perto. Win desejou colocar as mãos nos ombros dele e dançar para lá e para cá, e foi o que fez, ao som daquela música melancólica.

Eles dançaram juntos, com os amigos e com gente desconhecida. Comeram o que tinha na mesa, aproveitando que era de graça, cantaram alto as músicas que sabiam, se abraçaram em uma roda, e se divertiram. A noite se tornou perfeita em algum momento, até que um deles começou a se despedir. Win sabia como a irmã ficava preocupada quando demorava a chegar em casa.

— Quer ajuda para encontrar os outros? — Ele questionou a Bright.

— Não. Eu vou embora também.

— Por quê? Fique mais um pouco.

— O meu par está indo embora. O que eu vou fazer aqui, sem você?

— Então, vamos juntos. O ponto de ônibus não fica longe.

Saindo da quadra, sem se despedir dos amigos, Bright se concentrou nos próprios passos para não tropeçar, distraído demais com Win perto de si. Ele quis segurar a mão de Win também, mas se controlou. A tensão havia sumido por toda a bagunça de mais cedo, e não queria que ela voltasse. Ver Win solto e se sentir do mesmo jeito estava fazendo com que aquele dia fosse o melhor da sua existência, até agora.

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Fazia dez minutos que Win havia chegado em casa. A irmã estava o esperando, como sempre, cochilando no sofá. Ela estava sempre muito cansada com o trabalho de professora e dormia quando podia.

Antes que o garoto cumprimentasse a irmã, que já estava acordada com as luzes que Win acendeu, a campainha da casa tocou e ele foi até a porta para abri-la, enquanto tirava a gravata borboleta no pescoço. Ainda estava pensando na dança com Bright e no boa noite carinhoso no ponto de ônibus quando abriu a porta e encontrou, novamente, Bright, com os cabelos molhados de suor, o terno sujo e a boca machucada.

— Bateram em você. — Win afirmou. De alguma forma, ele sabia que aquilo aconteceria, só não tinha certeza se aconteceria com ele ou com o outro.

Suspirando, cansado, Bright deu as costas e se sentou na escada de frente para a porta. Win se sentou ao lado dele.

— Você não pegou o ônibus para voltar para casa? — Win perguntou.

— Antes que eu pudesse pegá-lo, alguns alunos saíram mais cedo do baile e me encontraram.

Amor ArdenteWhere stories live. Discover now