Capítulo Quatro

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"¡Feliz Cumpleaños, Kaki!"

Meus avós gritavam pelo telefone. Eu não consigo por em palavras o quanto eu sito falta deles, da comida da abuela, das piadas bobas do abuelo, de estar em família novamente. Saudade de estar entre minha família latina, hablando Español, de não ter preocupações.
Desde que nos mudamos para os Estados Unidos, minha vida foi completamente diferente. E às vezes ainda é difícil, sinto que eu ainda não me adaptei, mesmo morando aqui há dez anos.
Desliguei o telefone e senti meu celular vibrar loucamente. Desbloqueio a tela e vejo o motivo.

número desconhecido
-camila?
-não tenho certeza se esse número é seu
-eu preciso da sua ajuda com uma coisa
-é importante, mas você só precisa carregar uma coisa.
-ta ai?
-eu preciso mesmo de ajuda.
-camilaaaaaaaaaaa

Meu Deus. Será que é alguém tentando me hackear? Ou pior, me roubar? Tentando marcar um encontro comigo pra me raptar? Não, Não!
Bloqueio o número e deixo o celular na mesa da cozinha. Vou para meu quarto e me deito, tentando relaxar.

- Deus por favor, não deixa me sequestrarem... - Pedi com medo e ouvi algo acertar minha janela. Fingi que não era comigo, até mais uma vez algo acertar a janela.
Me aproximo da mesma e a abro, na esperança de ver o que é isso, até que uma pedrinha me atinge na testa. - Ai!

- Merda! Me desculpe, não quis te acertar! - Uma pessoa encapuzada gritou, tirando seu capuz. Me joguei no chão antes de ver o rosto da pessoa. Se for um criminoso eu prefiro não saber o seu rosto.

- Feliz aniversário, Kaki. - Minha irmã surgiu em meu quarto, esfregando os olhinhos- Por que tá deitada no chão? Você tá morrendo?

- Não, meu amor. - Me levantei e a peguei no colo. Preciso falar com Dinah.
Descemos as escadas e vejo minha mãe na porta, falando com alguém.
- Camila, você tem visita.

- Mama! Não... Dinah?

- Você não vinha me ver nunca, eu vim te ver, Walz. - Dinah entrava de braços abertos, quando uma pessoa passa por debaixo de seus braços, dizendo apenas "licença".

- Mas o que?

Lauren tira a touca que cobria grande parte de seu rosto. - Oi. - sorriu sem graça.

- Oi. - Dissemos confusas.

- Am... Feliz aniversário! - Me abraçou.
E esse abraço foi estranho. Senti arrepios, frio e um cheiro muito bom.

- Obrigada. Não vou mentir, você estar aqui, ainda mais sem Taylor é extremamente bizarro. Ah, mamãe, essa é a Lauren. A mesma de quem falei outro dia.

Lauren ergueu as sobrancelhas e olhou para minha mãe, sorrindo, como se dissesse "olá".

- Então é você que anda levando minha filha de carro pra casa tarde da noite, né? - Sinu fingiu estar brava.

- Espera, que? - Dinah. - Vocês estão saindo? -minha mãe a olhou assustada. - Estão indo se divertir sem mim? Como pôde?

Minha mãe com certeza achou que Lauren e eu estávamos tendo algo. Dinah pela primeira vez soube escolher as palavras.

- É, história longa. - Lauren disse e bateu seus braços nas laterais de suas pernas. - Pode vir aqui comigo, rapidinho? Eu preciso... de você, agora. Você pode vir também, grandona.

Dinah a olhou com aquele olhar de "excuse me?!" Olhei para minha mãe pedindo permissão, ela obviamente concedeu, então nós três saímos.

- Ah, me desculpa pela pedrada. - Lauren disse com os lábios comprimidos, colocando um boné.

- Foi você! - gritei apontando para ela, que sorriu em resposta.
Ela tem um sorriso lindo.

- Eu não quis acertar sua carinha de neném, acredite. - Lauren entrou no carro de seus pais. - Entrem aí.

Fiz meu caminho para entrar no carro, mas antes que pudesse, Dinah puxou meu braço com tanta força que pensei ter deslocado.

- Karla Camila, me explica agora tudo isso.

- Dinah, eu também não sei! Deve ser alguma surpresa da Taylor, sei lá.

- Você vai entrar no carro dela e deixar ela te dirigir até sei lá onde?

- Eu confio nela. Um pouco... e você vai estar comigo.

Dinah me olhou desconfiada.

- Vamos gente! - Lauren gritou no carro.

Entramos. Eu na frente e Dinah atrás.

- Então, pra onde vamos? - Perguntei curiosa.

- Então... - Lauren esfregou a nuca. - Eu precisava de ajuda pra pegar o presente de casamento dos meus pais.

- Hein? Por que não pediu que Taylor te ajudasse? - Dinah.

- Porque Taylor tem a boca mais aberta do que pernas de prostituta. Eu precisava de alguém que eu sabia que ajudaria sem contar e sem me cobrar.

- E quem disse que ela não vai cobrar? -Dinah.

Lauren me olhou.

- Fico feliz em ajudar a surpreender dona Clara. - sorri sem jeito - E o marido dela.

Dinah bufou.

- Michael. - Lauren sorriu. - Eu estive dando duro pra conseguir fazer tudo sem que ninguém suspeitasse. Cheguei até a sair de madrugada. - riu e uma luz se acendeu em minha mente.

Lauren saiu escondida e de madrugada pra fazer isso? Não faz sentido.

- Como assim? - hora de sondar!

- Eu saí de noite, escondido, esses dias atrás pra ir até uma loja. É meio demais, eu sei que parece desespero. Voltei assim que o dia clareou. Ainda por cima eu consegui tropeçar nas escadas, quase caí até lá em baixo, e fiz um barulhão. Não sei como ninguém acordou.

Agora tudo faz sentido!

- É, parece desespero mesmo. - Dinah. - Mas o que nós temos a ver com isso?

- Meu plano era chamar a Camila, mas ela me bloqueou. - Lauren me olhou rapidamente- Então tive que ir até a casa dela, como não sabia que você estava lá eu não planejei direito. Só me veio na cabeça que eu deveria te chamar também.

- Então era você! Por que não me disse seu nome? Eu não iria te bloquear.

— Acho que não deu tempo, não é? - Lauren me olhou rapidamente e então voltou sua atenção para as ruas.

— Você saiu naquela hora e só fez isso? - perguntei incrédula.

— Admito que aproveitei e bebi uma ou cinco cervejas.
 
— Então foi por isso que você saiu daquele jeito aquele dia na sua casa? - perguntei como quem não queria nada.

— Sim, era meu uber.

Dinah riu e pegou seu celular.

— Mas eu vou ter que fazer o que, exatamente?

Lauren comprimiu os lábios. — Sabe... eu disse... bem. Eu meio que me passei por minha mãe. Eu disse que meu aniversário estava chegando e gostaria de surpreender o amor da minha vida. Graças a Deus eu não especifiquei se era marido ou namorado... ou namoradA. - Me olhou esperando resposta.

Continuei a olhando sem entender o que eu tenho a ver com isso

— Tá, mas eu ainda não entendi...

— Meu Deus, Camila. - Dinah me olhou desapontada. - Você vai ser a mulher dela.

— É, mas é só por precau...

Não sei explicar o motivo, mas simplesmente me senti tonta, e quando percebi estava desacordada.

Eu vi você morrerWhere stories live. Discover now