Eu vi você morrer

23 - Halloween

Estou saindo da minha terceira sessão de terapia. Por incrível que pareça, até meu pai concordou que eu deveria me tratar. Ele queria que eu fizesse as sessões em casa, tenho certeza que era só pra ele poder ouvir o que eu tenho a dizer.

— Tchau, Betty. - me despedi da recepcionista do lugar e me coloquei na calçada, observando a rua

Hoje faz um mês desde o que aconteceu.
Não preciso nem dizer que meu nome foi o assunto mais comentado da escola, novamente, né? Toma essa, Baldwin. Ou devo dizer Balddefeat?

Respiro fundo e faço meu caminho para casa. Estamos no fim de outubro, o que significa que a festa mais divertida está chegando: o halloween. Eu sempre gostei de maquiagem artística e sempre me destaquei com as fantasias, espero muito participar de uma festa esse ano.

Meu celular toca e sorrio ao ler o nome de quem está ligando.

— Oi, meu amor. Como você está? Saudades...

— Chancho, meu bem, como foi hoje?

Começamos uma conversa sobre como me sinto e como a terapia está me ajudando.
Antes que eu pudesse notar, estava perto de casa. 

— Dinah, espera aí. Tem outra ligação. Oi Tay.

— Mila, está em casa?

— Quase. Por que? Precisa de algo?

— Estou indo aí. - ela desliga e eu franzo o cenho, voltando para a chamada de Dinah.

— Era a Taylor. Enfim, quando você vem me ver?

— Chancho, de novo isso? Eu estava aí mês passado.

— E daí? - eu disse virando a esquina da rua de casa.

— Talvez em dezembro - eu ia gritar mas ela é mais rápida e me impede- mas não tenho certeza.

Paro na frente de casa e busco as chaves no bolso — Seria muito bom, Cheechee. Eu vou arrumar um emprego e pagar pelo menos metade da sua passagem.

— Finalmente! 

Nos despedimos pois não me sinto confortável falando ao celular em casa. 
Ao abrir a porta, ouço Taylor me chamar.

— Deus, você veio voando? -pergunto ainda parada na frente de casa

— Sim. Preciso que venha pra minha casa. - ela diz se aproximando

— Pra que?

Ela olha para o nada — Pra me ajudar a organizar uma festa. Droga, Lauren tem razão quando diz que não sirvo pra surpresas.

— A surpresa é pra mim?

— Não sei, acho que eu queria que fosse, mas preciso de ajuda. - ela ri de si mesma.

Avisei minha mãe que eu estava saindo e acompanhei Taylor. É sexta, por volta de três e meia da tarde.

— Então, é uma festa de halloween? - perguntei escondendo minha animação.

— É, é sim. - ela está estranha.

— O que foi?

Ela para de andar e trocamos olhares. Algum tempo depois ela suspira e solta a bomba. — É a Lauren...

— O que tem ela?

— Eu não sei. Ela... sabe? - continuei a olhando, sem entender - Eu acho que ela está fazendo algo errado... Há duas semanas que ela sai todo dia. Fica o dia inteiro fora e não quer dizer onde está indo. Mila, fale com sua mulher, por favor.