18 - Era eu

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Me sinto péssima por arrastar minhas amigas comigo nessa emboscada. Taylor não acredita que isso tudo vá acontecer, fica me chamando de louca o tempo todo. Nós sabemos que não é verdade, não é?

Não é?

— Chancho, pela última vez: esse fim de semana foi ótimo e não foi o último que passamos juntas. - Dinah me abraçava e fazia carinho no meu cabelo. 

Ela está indo embora e eu estou morrendo de chorar.

— Como você sabe? - falei com a voz abafada por estar com a cara praticamente afundada em seus seios.

— Eu só sei, baixinha. Daqui a pouco eu tô aqui de novo comendo a comida da tia Sinu e deixando o seu pai doido.

Minha mãe solta uma risadinha. Ela nos observava de longe, com um sorriso no rosto.  Dinah foi minha melhor amiga desde que chegamos em Miami. Ela é meu porto seguro, e minha mãe sabe disso.

Enxugo minhas lágrimas e me afasto para a olhar nos olhos. "Eca, Chancho." ela diz sobre minha aparência. Fungo algumas vezes e engulo minha tristeza.

Seus pais chegam e param o carro na frente de casa e buzinam.

— Oi tio Gordon, oi tia Milika. 

— Olá, Karlinha. Como vai? - o pai da Dinah me perguntou ainda dentro do carro. - Sinu. - acenou para minha mãe que acenou de volta.

Dei um último abraço em minha melhor amiga antes de a deixar partir novamente.

— Eu te amo, Cheechee.

— Me diga algo que eu não saiba.

— Eu te amo, Dinah Jane Milika Ilaisaane Hansen Amasio.

— Eu também te amo, Karlão. Agora eu preciso mesmo ir. Se cuida meu bebê. Até a próxima. - ela beija meu rosto e entra no carro. Seus pais se despedem de nós e seguem caminho até o aeroporto de Miami.

Respiro fundo me recompondo.

Eu preciso ser forte, tem algo importante rolando e eu preciso agir.


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— Ela saiu com uma jaqueta de couro. Meu Deus, Camila. Vê se dá um tempo! - Taylor reclamou impaciente 

— Eu só quero proteger sua irmã, é tão ruim assim?

Estamos caminhando pelo corredor da escola.

— É, quando você não pode fazer nada. Vai esperar ela usar aquele casaco e fazer o que depois? Seguir ela? Mila...

— Talvez. -Ela para de andar e puxa algo de sua bolsa. — Taylor Jauregui!

Eu arfo incontrolavelmente ao ver o casaco xadrez em suas mãos.

— Se ela não estiver com essa blusa ela não morre, né? Pois bem.

— Assim ela pode morrer com qualquer outra roupa! Pode ser hoje mesmo! Garota?!

— Ugh, por que te incomoda tanto? Você ainda gosta dela, né?

Desvio o olhar e mordo a língua.

— Oi, gente. - o sumido, vulgo Shawn Mendes apareceu atrás de nós.

— Oi Shawn. - Taylor responde imediatamente. 

Um breve resumo: depois de ter me beijado contra minha vontade, Shawn ficou quase um mês sem ir para a escola. Quando voltou fez questão de me pedir perdão na frente da escola toda. Achei um fiasco. A parte "boa" é que Taylor e ele estão mais próximos.

Eu vi você morrerOnde histórias criam vida. Descubra agora