14 - Making Up

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Dois dias se passaram desde... aquilo.

– O diretor Bennett quis fazer uma cerimônia de bravura para mim. Achei isso ridículo.

– Por que ridículo? - Dinah perguntou pelo notebook.

– Porque... assim, vamos lá. Eu salvei ela? Sim! Mas imagina o quão constrangedor seria pra ela que promovessem um mini evento para falar para todos os alunos e funcionários que ela ia se matar na escola e não conseguiu porque eu a impedi? Não sei, parece errado.

– Ah, Camila. Seu coraçãozinho vale mesmo ouro. Mesmo depois de tudo que aconteceu você ainda se importa com essa desmiolada.

– Dinah...

— Ela é mesmo desmiolada, não vem não. Enfim, preciso ir. Se cuida e me conta como foi na casa da sogra depois. - ela desliga.
Se ela não fosse três metros maior que eu e estivesse tão longe, juro, eu a socaria bem na fuça.

De fato, Dona Clara quis me agradecer pessoalmente sobre o que houve e me convidou para ir à sua casa hoje. Contei para Dinah e ela não me deixa em paz desde então. Ainda mais depois de saber que Lauren me mandou um lanche, daquele lugar onde almoçamos juntas outro dia, como agradecimento. 
Respiro fundo e me observo no espelho. Meus pontos ainda estão doloridinhos e um deles está meio roxo. Meus dedos ainda estão parte enfaixados, para evitar que eu os suje e pegue uma infecção e morra.

Coloco um casaquinho xadrez só porque sei que naquela casa o sol não toca e é tudo gelado. Faço meu caminho até a 'casa' dos Jauregui pensando em como seria legal poder voar.
Toco a campainha e alguns minutos depois dona Clara abre a porta. Ela me abraça bem forte, a ponto de eu implorar para que ela me solte.

Entramos e eu pude observar o quão chique é a sala de jantar deles. Isso mesmo, uma sala só pra jantar. Não fazem como os meros mortais que jantam na cozinha ou na frente da TV. Chique.

– Ainda falta um pouco para que esteja tudo pronto, querida. Me atrapalhei um pouco hoje. Mas você pode subir se quiser, as meninas estão lá em cima.

Faço meu caminho até o segundo andar e ouço risadinhas vindas do quarto da Taylor. Me aproximo em silêncio e dou dois toques na porta. Lauren a abre e antes que eu pudesse entrar, ela sai do quarto e a fecha. Me olha estranho e sorri.

– Você está linda, sabia?

– Sabia. O que tá acontecendo?

– Muito cheirosa também, se quer saber. - ela não solta a maçaneta.

– Eu não posso entrar? -Ela comprime os lábios e diz que não com a cabeça. – Argh, por que não?

Franzo o cenho e ela respira fundo. – Taylor não quer te ver. 

 Relaxo os músculos do rosto. – É sério isso? Que palhaçada.

– Ela não quer te ver porque está envergonhada. Mesmo depois de tudo que ela fez, você ainda ajudou ela.

Olho no fundo de seus olhos, procurando um sinal de mentira ou de honestidade. Não encontrei nada, então respirei fundo e a pedi um abraço. Ela ficou visivelmente confusa mas me abraçou mesmo assim. No momento em que suas mãos estão em mim, estico meu braço e giro a maçaneta atrás dela. Tento me desvencilhar de Lauren para entrar mas ela é mais forte e me segura. Com um impulso, a faço cair sobre a porta, de maneira que a abrisse. Por Lauren estar me segurando, eu caí junto. Bela entrada. 

Taylor arfa com a cena. Me levanto de Lauren que está grunhindo no chão. Aparentemente eu caí sobre o peito dela, algo assim. Frouxa. 

– Oi! - sorrio para Taylor que parece sem graça. - Eu queria ver como você estava. 

Eu vi você morrerWhere stories live. Discover now