11 - Baile de primavera

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Ninguém precisa saber que eu quase desmaiei ontem, foi apenas uma queda de pressão, coisa rotineira.
Agora estou em meu quarto, usando um sobretudo para esconder meu look e esperando que Lauren apareça. Ainda não disse nada para meu pai sobre quem está vindo me buscar para o baile. Em contrapartida, ele não para de tentar adivinhar qual tipo de rapaz está tendo o privilégio de levar sua Camilinha ao baile. Espero que ele leve na esportiva o fato de o rapaz ser uma mulher.

 Sabemos que não, mas fingimos.

Este é meu plano, vou para o baile com um sobretudo e um chapéu, cobrindo meu vestido para evitar qualquer tipo de ataque que possa vir de Taylor e sua nova gangue. É infalível, eu sei.

Ouço a campainha tocar e sinto uma corrente de ar gélido correr por minha espinha. Respiro fundo e me olho no espelho. Estou linda. Parecendo uma detetive, mas linda. Ouço meu pai dizendo "Vamos ver quem será o sortudo da noite" e seus passos até a porta. Desço as escadas a tempo de vê-lo abrir a porta e soltar um "ué". Me tremi inteira, ainda mais por não ter visto o look de Lauren ainda. 
— Camila, sua amiga chegou. - minha mãe me diz ao me ver pelos pés da escada, insegura.

Meu pai dá um passo para o lado, liberando passagem para que os olhos de Lauren encontrassem os meus. Ela está linda. Não consegui conter o suspiro que escapou de meus lábios. (N/A: Você é livre para imaginar o look que quiser. Pode ser um terninho, pode ser um vestido de festa, só tenha senso e siga o baile, literalmente.)
— Meu Deus, Camila. Você vai assim? - meu pai pergunta. Lauren dá uma risadinha.

Mordo meu lábio superior, pensando em como explicar.

— É pra não revelar meu look antes da hora, papi. Eu não quero ofuscar ninguém até a hora da coroação. - meu pai me olha claramente confuso. Vejo Lauren fazer o mesmo atrás dele. 

Me despedi deles antes que mais uma situação constrangedora se iniciasse. Lauren veio me buscar de carro, mas não é o carro de seus pais.

— Você está linda. - eu disse sem pensar ao fechar a porta e colocar o cinto

— Gostaria de poder dizer o mesmo. - ela ri de si mesma e então me olha. Seus olhos verdes estão estranhamente mais claros do que o habitual.  Fiquei tão ocupada percebendo isso que nem me toquei do que ela disse -  O que raios você quer com esse sobretudo? Sabe que vai ter que tirar isso, não sabe?

Semicerro os olhos em sua direção. —Se eu estiver usando isso, Taylor e gangue não conseguirão me atingir. 

Ela só me olha. Provavelmente pensando em como sou genial. Ou como sou muito burra. Me sinto envergonhada e abaixo o olhar. 

— Você sabe que isso não faz o menor sentido, não sabe? Se vai ficar de sobretudo a festa inteira então por que raios você colocou seu vestido de festa? - Isso faz sentido.
Concordamos que eu não usaria o tal sobretudo e simplesmente ficaria atenta à qualquer atividade suspeita. Lauren inicia o trajeto até a escola. Respiro fundo e só então noto a existência de um cheiro diferente impregnado no carro. — Afinal, de quem é esse carro? - acabo perguntando mais alto do que pensei que perguntaria. Lauren arregala os olhos e pigarra.

— Eu uh.. peguei emprestado de um amigo. Sabe, assim a Taylor não o reconhece e podemos ficar um pouco menos apreensivas ao observá-la.

Por um momento eu havia me esquecido que eu só tenho um par porque ela quis ficar de olho na irmã que está abilolada. 

— E que cheiro é esse? Parece de queimado ou sei lá. 

Lauren tossiu tão alto que achei que tivesse engolido a própria língua. Ela desconversou e ligou o rádio. Tocava Arctic Monkeys. 

Eu vi você morrerOnde histórias criam vida. Descubra agora