13 - Quase acabou

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TW: TEMA SENSÍVEL


Ainda não superei a noite do baile. Foi surreal a quantidade de coisas que  aconteceram.

Três dias falando sobre a mesma coisa com Dinah, ela deve estar de saco cheio disso. Mas não estou nem aí, foi um grande momento para mim.

Estou na escola, caminhando pelo pátio. Hoje cheguei cedo, sem motivo algum. Meus fones de ouvido estão me salvando, por enquanto,  me permitindo viver um show exclusivo do Coldplay na minha cabeça. 
Vou andando pelo pátio e observando detalhes que nunca foram dignos de minha atenção. Até hoje. Essa parede está deveras rachada. Tento me aproximar de uma janela e acabo tropeçando em meus próprios pés, fazendo eu me impulsionar para frente, na tentativa de evitar uma queda. Deu certo, ninguém viu. Me sento em um dos bancos do refeitório e fico de bobeira, balançando os pés enquanto "Higher Power" era minha trilha sonora pessoal. 
Noto Hailey andando pelo pátio, parecia irritada. Taylor vinha atrás, parecia triste. Ok, modo fofoqueira: ativar. Diminuo o volume da música para que eu consiga prestar atenção no que elas dizem, mesmo que eu esteja longe. Leitura labial, é isso aí. Taylor segura o pulso de sua líder asquerosa, que imediatamente o puxa de volta. Hailey se vira e começa a disparar contra Taylor. Não consigo ler nada. Ou ela disse 'batota' ou 'aoba', o que não faz sentido nenhum. "mas" Taylor implora. Pelo menos uma eu entendi. Tiro um dos fones a tempo de ouvir Hailey gritar "Me deixa em paz, balofa asquerosa". Meu queixo cai com tamanha estupidez. Taylor parece desnorteada e corre para o banheiro. Eu sei que vou me arrepender disso mas não custa tentar. 

Adentro o banheiro em silêncio. Ouço alguns ruídos e soluços. Meu coração se aperta. Tudo em mim - menos meu cérebro- me diz para ir em frente e fazer o que estou pensando. Respiro fundo. Vou andando lentamente, olhando pelas portas de cabines, tentando achar ela. Passo por uma e vejo uma embalagem escorregar para fora, por baixo da porta. Me parece ser uma daquelas de lâminas que meu pai usa pra se barbear. Me abaixo e a pego para analisar. Fico sem reação ao entender o que está acontecendo. O que eu faço? Meu coração acelera e a única coisa que penso em fazer é abrir a porta. 
Está trancada. Ouço Taylor soluçar e dizer "tem gente, sai daqui" com a voz embargada.

— Taylor, abre a porta!

— Não, sai daqui! - ela grita.

Mordo meus lábios sem saber o que fazer. — Sai daí, se não eu vou entrar!

— Sai daqui! Me deixa em paz!

Lembro de como Lauren arrombou a porta do zelador e tento fazer o mesmo. Respiro fundo e chuto a porta com toda minha força, fazendo ela se abrir e se fechar logo em seguida. Graças a Deus as cabines são grandes o suficiente pra porta não acertar ela. Sem pensar duas vezes eu entro em sua cabine, a tempo de ver muito sangue escorrendo. — Taylor, para com isso! - tento tomar a lâmina de suas mãos, mas ela é mais forte. Ela me empurra de tal maneira que acabo saindo da cabine. Me apresso para adentrá-la novamente antes que a tranque. 

— Eu não quero mais viver. - ela grita e faz mais duas mutilações violentas e profundas em seu pulso. 

Desesperada eu grito por socorro enquanto agarro seus pulsos ensanguentados, tentando tirar o objeto metálico de sua mão. Ela tenta me afastar, e nisso acaba cortando meu braço. Meu sangue imediatamente aparece e começa a escorrer. Não sinto dor, minha adrenalina está alta demais para isso. Consigo jogar a lâmina no chão, mas corto um pouco dos dedos. Ela chora compulsivamente. Seu braço esquerdo está completamente ensanguentado. Minha única reação é tirar minha camisa e amarrar em seu corte. 

— Como você pode ser tão egoísta, Taylor? Hein? Não pensa que sua mãe iria sentir sua falta? Não está nem aí pra sua família? Não existe só você no mundo! Para de ser tão idiota! - Grito enquanto amarro a camisa em seu pulso.

Eu vi você morrerWhere stories live. Discover now