17 - Clareza

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Hoje o dia foi totalmente absurdo, ninguém imaginava que essas coisas iriam acontecer.

O combinado era que Taylor viria passar a noite aqui comigo e Dinah. Não sei como será o clima depois do que aconteceu.

A campainha toca e meu pai atende. Ouço sua recepção à Taylor, que logo aparece na porta do meu quarto.

— E aí, mulheres? - ela faz uma pose engraçada. Rio de sua bobeira.

A abraço apertado e faço carinho em suas costas. — Você está bem?

— Ué, sim. - ela ri. - E você? O que foi?

— Hmm, sua irmã está em casa? - pergunto tentando parecer casual enquanto me sento na ponta da cama.

— Não... - ela me olha desconfiada. - Não vi ela o dia todo. Mas por que você--

— Nossa, já disse que amo tomar banho? - Dinah entrou no quarto, trazendo consigo um aroma de sabonete. - Ora ora. Olá, TayTay.  

Elas se abraçam. Fico muito feliz em ver as duas se dando bem, depois de tudo que aconteceu.

Batemos papo, fizemos skincare e vimos um filme romântico até meus olhos pesarem como elefantes.

— Você já está dormindo? - Taylor me sacode.

— Óbvio que não. - respondi irritada por ter sido acordada.

— Dormiu tanto que já até criou bigode. - Dinah murmura enquanto olha as unhas. Ela e Taylor soltam uma risadinha. Duas idiotas.

— Por que vocês não vão peidar na água só pra ver se sai bolhinhas? - resmunguei me virando de costas para elas. Eu vou é dormir mesmo. 

— Ui - as duas zombam e riem. Nem ligo. Me deixo o mais confortável possível em minha cama e me permito ir para seja lá onde somos levados ao dormir.

--

Estou nessa porcaria de rua, mais uma vez. Não entendo como eu vim parar aqui, nem quando.

Tudo está embaçado e minha audição está toda estranha, como se eu estivesse debaixo d'água.

Depois de muito esforço, consigo ver com clareza. Estou no beco do pub. Agora eu noto que no final dele, tem uma pequena área dos fundos, com lixeiras e ratos mortos no chão. A porta do lugar se abre abruptamente, e por ela sai um homem alto, puxando o que me parece ser uma mulher, pelo pulso. 

Sinto angústia. Minhas pernas se movem antes que eu pudesse decidir o que fazer e antes que me desse conta, eu estava os seguindo.

Correram por algumas ruas. Me esforço para não os perder de vista, estão muito na minha frente.

— Não precisa ser assim! - a mulher grita.

Corro o máximo que posso. Dobro uma esquina e paraliso. Eu definitivamente estive aqui antes. Há um carro batido com os faróis ligados, apontando para um túnel escuro. As pessoas que eu estou seguindo se posicionam contra a luz, tornando praticamente impossível a distinção de quem são, para mim.

— Ela sabe demais. - o homem diz com raiva e puxa algo em seu cinto.

— Não, por favor! - ela se ajoelha e ergue as mãos.

Sinto muita angústia. Tudo que consigo ver é que o homem é alto e magro e a mulher está usando uma camisa xadrez esverdeada. Ele está bloqueando minha visão dela. Consigo me mover e ter outro ângulo da situação. Um feixe de luz passa me deixando meio cega. Pisco algumas vezes e então eu vejo.

Eu vi você morrerWhere stories live. Discover now