CAPÍTULO CINCO.

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SEBASTIAN ON.

Eu estava apto a trazê-la de volta, não faria apenas por ela mas por todos a sua volta, ela podia não perceber, mas muitos a amavam, precisavam dela inteira. Durante o tempo que venho a observando seus braços estão cada vez mais machucados, talvez o fato de não sentir dor seja uma justificativa plausível para se mutilar, descontar a ira em si mesma, talvez isso faça sentido em sua cabeça.

Moro em um apartamento em Seattle, uma cobertura. Me mudei pra cá quando passei em medicina a mais ou menos oito anos atrás, estou terminando minha especialização em psiquiatria e pretendo me mudar para Nova York. Lea tem sido minha primeira paciente nesse estágio, tem sido um desafio, mas não vou desistir.

Me dirijo até sua residência para o segundo dia de seu tratamento. Deixo meu carro à frente de sua casa e desço. Bato na porta e não sou correspondido de imediato, Lea demora algum tempo até me atender.

- Logo cedo?. - Lea está descabelada, em um pijama xadrez e sonolenta. Sorrio ao vê-la.

- É um prazer poder te ajudar também, senhorita.

- Já não digo o mesmo.

Rimos.

Eu e Lea havíamos construído uma intimidade única, nada invasivo ou desconfortável, mas algo necessário para se ter entre nós dois já que minha intenção era curá-la.

- Você quer tomar um café? Está bem frio hoje.

- Por favor. - Digo.

Lea me trás uma xícara de café e nos sentamos no sofá.

- Como se sente hoje?

- Já começamos a sessão?

Dou risada.

- Eu estou perguntando por educação, você é muito mala.

- Eu me sinto com sono, com fome, entediada e com muito frio, e você?

A olhei e sorri.

- O fato de estar sentindo algo já me deixa feliz.

- E depois você vem com a sua conversinha de que não começamos a sessão ainda?

Dei risada. Lea se levantou e veio em minha direção, ela estava com um olhar perdido, como quem queria me dizer algo mas ainda não tinha coragem.

- Posso te mostrar uma coisa?

- Claro.

- Precisamos subir para o meu quarto. É sobre o acidente.

- Vamos então..

Dou um gole no meu café e o deixo em cima da mesa de centro na sala, subimos para o quarto de Lea e ela pediu para que eu me sentasse na beirada de sua cama enquanto se trancou no banheiro.

- Por favor não faça besteira.

- Prometo que não. - Disse ela.

Alguns minutos depois Lea sai do banheiro apenas de roupas íntimas pretas.

- Lea? - Disse assustado.

- Eu quero que você me conheça de verdade.

Lea ficou à frente de mim, pegou minha mão e passou em suas cicatrizes, espalhadas pelo seu corpo, cicatrizes grandes e pequenas, marcas da colisão.

- Você é linda. - Digo no impulso. - Quero dizer...
Você não deveria se sentir insegura... Você é... Bem bonita sabe?

- Está nervoso?

- Nada disso. - Eu estava muito nervoso.

Lea sorri da minha expressão ao vê-la e me empurra para trás em sua cama, sobe em mim e passa sua mão sobre meu corpo.

- Lea, eu não posso fazer isso.

- Deixa que eu faço.

- Não Lea, é antiético, eu não posso.

Tento tirá-la de cima de mim com cuidado mas Lea parecia convicta.

- Por favor... Faz comigo...

- Lea eu não posso. - Tiro-a de cima de mim e reparo em sua expressão de raiva.

- Vai embora.

- Não funciona assim.

- Não quero mais sua ajuda, você é um mole, vai embora.

- Escuta aqui garota. - Prendo as pernas de Lea com os meus joelhos em cima da cama e seguro seus braços acima da cabeça.

- Você quer transar? A gente pode transar, mas você não vai se curar com isso, vai se machucar, vai sangrar mais ainda durante o processo, serão duas coisas pra superar. Você não vai entrar na minha cabeça com esse seu jogo, você não me quer pra si você me quer pra se saciar e eu não estou aqui pra isso. Agora veste a sua roupa.
Saio de cima dela e me encosto na parede, suspirando.

- Você está bem? - Disse ela preocupada.

- Você me atrai Lea, mas eu não posso.

- Tem medo de tirarem sua licença médica? - Riu.

- Eu tenho medo do que sou capaz de fazer.

- Como é que é?

- Por favor, vista sua roupa e me encontre lá embaixo.

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