CAPÍTULO DEZOITO.

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Quentes, fervorosos, tensos, desejosos, em ápice. A maioria das vezes não nos entregar faz com que nosso corpo se derreta na primeira oportunidade. Misto de saudade com imaturidade, palavras mal ditas e sentimentos remoídos. Eu e Sebastian já não éramos crianças para brincar de "faz de conta", o sentimento de prepotência viria a calhar se um dos lados abrisse mão da segurança própria e do autocuidado. Ele segurava minha mão e a massageava, enquanto de olhos fechados e mente aberta eu ouvia aquela música ao fundo, cantarolava pra mim mesma e me imaginava dançando em um gramado florido. A maior lição que tive desde que Sebastian foi embora foi da certeza que depois de uma tempestade sempre viria outra e outra, nunca acabaria.

- Sinto seu coração. - Digo deitada em seu peitoral enquanto ele continua a massagem calma sobre a minha mão esquerda.

- Ele está batendo?

Dou um risinho junto à ele.

- Ele está acelerado. - Respondo.

- Sintoma de Lea.

- Sebastian... - Levanto minha cabeça apoiando-a em minha mão direita, olhando fixamente para Sebastian que está deitado.

- Diga.

- Você me ama mesmo?

Sebastian suspira e leva sua mão até uma mecha do meu cabelo a colocando para trás de minha orelha.

- Não só te amo como te quero. - Diz ele sorrindo.

- Eu sinto que estamos fazendo errado. Algo está errado.

- O que poderia estar errado? - O sorriso em seu rosto se torna em um olhar ameaçador.

- Não me sinto doente quando estou longe de você.

Sebastian se levanta sem dizer uma palavra. Veste sua roupa e coloca a minha sobre à cama, a mesma estava jogada no chão. Percebo que seu semblante é de quem reprovou o que eu disse e que logo que eu disparasse a próxima palavra, ele viria com sete pedras. Mesmo assim arrisquei.

- Você ficou bravo comigo?

- Existem formas mais delicadas de mandar alguém embora.

- Não foi isso que eu quis dizer, Sebastian.

- Mas você tem razão, Lea. Estar comigo é se lembrar de como você era, de como você estava mal. Viver disso.. - Sebastian aponta para janela mostrando a festa que ainda rolava lá embaixo. - Talvez seja mais divertido.

- EU NÃO QUIS DIZER ISSO. - Me exalto e saio da cama, colocando minha roupa.

- Então o que você quis dizer.

Trocamos olhares por alguns segundos.

- Anda Lea, me diga.

- É talvez seja isso mesmo. Eu te relaciono com os meus priores dias, e eu não sei como mudar isso. Estar perto de você me faz ter deja vu, e eu... Odeio isso.

Sebastian solta um risinho fraco de quem estava indignado e segurando o choro.

- Chamar seu nome foi um erro, eu devia ter ignorado sua existência, assim como faço toda vez que te vejo correr perto da Rua Garder às oito da manhã, todos os dias, com exceção dos sábados, que deve ser quando você está de ressaca, ou ainda está deitada com alguém que conheceu na sexta à noite.

- Não seja um idiota insensível. - Digo segurando o choro.

- Eu sou o insensível? - Ele aponta para si.

- Me desculpa, eu prometo sair da sua vida de vez. - Digo já chorando.

- Eu te imploro, Lea.

Talvez eu e Sebastian estejamos martelando em uma tecla que já está quebrada, por mais que a gente tente, não existe mais saída, não existe algo que seja forte o suficiente pra manter ali. Eu queria poder segurá-lo e dizer que eu o amava a cada batida do meu peito e que graças a ele eu venho sendo alguém melhor, mas não posso. Não seria verdade.

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