Amantes

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Não podia encarar o Henry naquele dia, mesmo tendo voltado para casa e ele me perguntado como foi a minha despedida de solteira e se eu havia me divertido, eu disse a ele que tinha sido normal e o evitei o máximo possível, ainda bem que tínhamos trabalho e podia ocupar minha mente com outro assunto mesmo que por dentro eu só queria chorar.
Me odiava como nunca na vida.
Me sentia presa dentro da minha própria pele e ter que ver o Henry sendo perfeito não estava ajudando e não podia o encarar, não podia dizer nada porque apesar de me odiar naquele momento eu não podia perder-lo.

Mas ainda bloqueie minha prima, não ia mais atender suas ligações de emergências e em pensar que o Henry até tinha sido legal com ela e lhe dado conselhos amorosos e ela me traiu dessa forma. Mas também não podia culpa-lá por tudo, eu tinha feito algo totalmente errado e estava pagando por isso.Mesmo com o fim da ressaca a minha memória não havia voltado completamente, então trabalhar era tudo o que eu podia fazer.
No dia seguinte entrei no museu como todos os dias, fiz uma escolta com um grupo de estudantes de artes da Universidade Federal e outra excursão com turistas que faziam todo tipo de perguntas. O museu de arte era um dos mais renomados do país contendo até mesmo grandes obras nacionais da era colonial e início da República, é uma honra trabalhar aqui e sempre fora meu sonho, mas as excursões eram estressantes em boa parte principalmente quando faziam perguntas idiotas.

- E aqui Jean Carlos retratou sua amada esposa em um dos quadros mais escandalosos da época.

- Na verdade essa era a amante dele. - Ouvi alguém dizer no fundo do grupo, viro a cabeça igual a garota do exorcista e encaro o rapaz.

Respira, Clara. É só um moleque de uns 15 anos visitando a cidade.

- E aonde você viu isso?

- No tiktok de uma artista. Ela falou que essa pintura aí era a amante dele e que ele era um canalha.

Engolia a saliva, trinco o maxilar, abria um sorriso forçado.

- Bom, - Respiro novamente. - Não é verdade, está é a esposa de Jean Carlos, Margarida de Santos, foram casados por apenas cinco anos antes de ela padecer durante o parto de seu segundo filho. Mas é verdade que eles já mantinham um relacionamento indecoroso antes do casamento quando ambos eram solteiros, já era de conhecimento que ela não havia se casado virgem como demandava a época.

- Vou fingir que acredito. - O moleque diz mascando um chiclete mas eu o ignoro e sigo com a droga do meu trabalho.

Sai da porra do colégio que dava aula para ter que aturar pirralhos novamente, que Deus me proteja para que Victor não seja um desses garotos insuportáveis. Mas não seria, porque se puxar o pai ele seria incrível e... Merda. Não posso chorar no trabalho. Engulo o choro e continuo o trabalho, até que a última volta pelo museu e era a minha hora de descanso, descia para o porão e travo.
Gabriel estaria lá, não nos vimos o dia todo pois enquanto ele ficava lê embaixo eu estava encima nas galerias, mas agora eu iria encontrar ele e precisava ser forte, talvez ele pudesse explicar tudo e que fora um grande mal entendido. Isso! É uma boa falar com ele logo e tirar esse peso.
Mas e se ele tentar me beijar e achar que somos amantes agora?

Não. Não. Não!

Me dava um tapa em meu rosto. - Se controla Maria Clara! - Resmungo sozinha e crio coragem, entrando na sala de restauração aonde ainda havia a minha pesquisa em um dos quadros quando sinto um arrepio na coluna.

Paro imediatamente de andar, tinha acabado de entrar na sala mas o som de uma caixa caindo me fez ficar parada e alerta. Seria ladrões? Aquelas peças valiam milhares de dólares ou mais em mercado negro, me abaixo no chão e engatinho até uma mesa e fico em silêncio tentando não chamar atenção.

- Você devia tomar mais cuidado. - Disse uma voz abafada.

- Se você não fosse uma vaca.

Então o som de um tapa.
Coloquei a cabeça para fora e vi o exato momento em que uma Márcia completamente nua era posta contra uma das mesas, seus seios contra a base metálica e o ruivo do Gabriel entrava nela por trás, soltei um som engasgado e Márcia olhou diretamente para mim.
Fodeu!
Sai de baixo da mesa e comecei a correr de volta a porta, o som dos meus saltos batendo forte conforme eu corria pelo corredor até a sala dos funcionários e pegar minha bolsa, quando eu já ia saindo era barrada por um Gabriel descabelado e desarrumado e a Márcia ao seu lado ajeitando o decote do vestido.

- E-e-eu não vi nada. - Falei gaguejando.

Márcia com seus olhos frios de vibora olhou bem dentro dos meus olhos.

- Ótimo, porque você está demitida.

O Casamento do Chefe do Meu Pai (+16)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora