Sentimentos Conflitantes

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Henry Cavill

Tem momentos da vida que fazem a gente ter sentimentos conflitantes, nunca estive tão feliz como estava agora em ter a Clara e meu filho de volta para mim, apesar de que não tinha os perdido mas sentia que agora estávamos em sintonia, Clara parecia ter mudado tanto nesse tempo que ficamos afastados, podia notar ela mais... Calma.
Ou talvez só estivesse um pouco nervosa por estar na casa dos meus pais e com todos os meus irmãos e cunhadas.
Mas também estava triste, meu pai continuava internado e não havia nenhum sinal de melhora. O visitava e conversava com ele quando o mesmo tinha forças pra isso, hoje iria levar o Victor para conhecer o avô.

Minha mãe o segurava em seu colo com todo o cuidado do mundo enquanto pegava uma mãozinha do garoto e dava bitoquinhas que o fazia rir.

- Ei. Que bela família você tem. - Meu irmão mais velho, William que era fuzileiro naval, diz e eu sorria de volta a ele.

- Sinto que fui abençoado em ter eles na minha vida. - Ele me dá dois tapas nas costas e nesse momento nosso irmão Harry se aproxima.

- Cara! Que baita gostosa a sua mulher! - Então ele recebia um tapa na cabeça do meu irmão Anthony.

- Não se diz que a esposa do seu irmão é gostosa.

- Mas você disse agorinha que ela tem uns pernão... Aí. Aí aí... - Harry tinha sua orelha  puxada pela sua esposa que o arrastava para longe de nós e eu apenas gargalhada vendo o Anthony vermelho de vergonha também.

- Está tudo bem, eu sei que ela é linda.

- Quem é linda? - Clara diz vindo me da um selinho e eu passo um braço na sua cintura a puxando pra perto. - Espero que esteja falando de mim, senhor Cavill.

- É óbvio. - Admito lhe devolvendo um beijo no topo da cabeça. - Está tudo pronto?

- Sim, sua mãe disse que quer levar o Victor com ela e eu bem que adoraria ter um descanso pros braços.

- E a Ana? - Pergunto e ela aponta na direção da cozinha de onde sai a Ana e minhas sobrinhas.

- Então quer dizer que Alice in the bordeland é um dorama? - Disse Alice.

- Sim, e acho que você iria gostar de Our beloved summer, tá disponível na Netflix, parece aquele livro que você me mostrou. - Ana respondia.

- AAAAH!!! O V fez o ost desse Kdrama! - Jessi diz toda animada enquanto Alice revirava os olhos.

- Acho que ela vai ficar bem. - Clara me disse e eu concordo.

Em pouco tempo estávamos saindo do carro do meu irmão Anthony enquanto íamos em direção ao lobby do hospital, Clara me dava as mãos conforme atravessamos os corredores em direção ao quarto de hospital do meu pai. Todo o lugar era branco e esterilazado como um hospital devia ser, mas a sensação era horripilante, ou talvez fosse apenas o medo de que talvez seja a última vez que eu veja meu pai.
O homem que me ensinou a dirigir, que dividiu comigo a minha primeira cerveja. Quem me ensinou como um homem e um pai devia se comportar.
Esperava ser um bom pai tanto quanto ele foi pra mim, mas apesar de fingir ser forte, eu não watava pronto para me despedir do mesmo.

Minha mãe entrava no quarto e meu pai nos olhava com os olhos cansados, ela então passou o meu filho pra mim enquanto eu me aproximo da cama, Clara ficando ao meu lado, sua mão grudada no meu braço pelo nervosismo.

- Pai, esse é o Victor e essa a Clara, lembra deles?

- Cof.. Cof... Claro que me lembro da minha Nora e meu neto. - Sua voz estava rouca e sua pele pálida e fina como papel, mas ele forçava um sorriso, estendendo a mão a Clara que logo a pegou. - É tão bom ver você, criança.. Cof.... Consigo ver o porquê meu filho te ama.

- Ah... Obrigada. - Clara diz timidamente, era raro ela ficar calada quando estava nervosa mas podia ver que estava se esforçando.

Meu pai soltava sua mão e estendia na direção de meu filho, o ajudava a segurar a mãozinha de Victor.

- E esse garoto forte? - Victor sorria para ele. - Ele tem seu sorriso.

Mais uma série de tosse e então meu pai olhava para mim e eu tento não chorar. - Nunca imaginei que você iria achar sua família no Brasil, mas olha só para mim, não consegui resistir a dona Beatrice também.

Minha mãe dava uma risadinha ficando corada e meu pai ainda piscava pra ela.

- Joshua! Não na frente das crianças. - Ela diz pondo uma mão no rosto.

Ficamos ainda um pouco no quarto, meu pai conversava com a Clara sobre como era a nossa vida no Brasil e teve uma hora que não imaginava, Clara e meu pai conversando sobre história da arte e peças de teatro, mas logo a enfermeira disse que ele precisava descansar. Quando íamos saindo, derrubei a chupeta do Victor no chão e quando eu fui pegar, com ele em meu colo, ouvi o mesmo dizer.

- Dada.

Todos olhamos pro Victor, meu coração acelerado e então meu pai deu uma risada alta e meu filho riu também e disse mais uma vez.

- Dada.

Enquanto apontava pro meu pai e depois sorria batendo palmas.
Aproximei ele do seu avô que ainda conseguiu lhe dar um abraço antes de nós despedirmos.

- Ele disse a primeira palavra dele. - Clara falou animada enquanto entramos no carro.

- Ele chamou pelo meu pai. - Tentei me esforçar pra voz não sair chorosa.

No dia seguinte meu pai faleceu, não consegui sair do seu escritório naquele dia, o silêncio na casa era absurdo. Até as crianças não faziam barulho, as vezes os únicos sons eram de choros, alguns deles do Victor que é apenas um bebê.
A dor era profunda.
Engolia em seco enquanto secava as lágrimas ao ouvir batidas na porta do escritório, minha mãe entrava fechando a porta atrás de si. Ela caminhou até mim e colocou os braços envolta dos meus ombros conforme eu estava sentado na poltrona de meu pai, ela me abraçou assim por trás por um tempo antes de falar.

- Ele vai fazer falta, mas você precisa ser forte e não pode se esconder aqui para sempre.

Trinquei o maxilar, eu sabia disso mas não queria olhar para a Clara, não quando eu me sentia fraco e como um garotinho perdido.

- Sabe, Clara é uma garota forte. No início achei que era uma abobalhada cabeça de vento, mas durante o velório ela passou horas cozinhando e tentando ser prestativa a todos. Aquela amiga dela também, o que me fez pensar... - Minha mãe fez uma pausa enquanto eu virava a cabeça para olhar ela. - Que meu filho estava rodeado de pessoas muito fortes que iriam aparar você quando mais precisar.

- Ela é bem forte. - Afirmo e minha mãe sorria.

- Então não a deixe sozinha também, acha que ela não está chocada? Um país estranho, uma casa estranha, uma família de luto e ela está precisando de você, seu filho também. Eu vou ficar bem, seus irmãos principalmente, não precisa se preocupar com a gente e o seu pai está lá encima olhando por nós.

- Obrigada mãe. - Ela me dava um beijo no topo da cabeça e eu me levanto indo para a porta do escritório, mas paro voltando a olhar ela. - A senhora falou que iriam ficar bem, como sabe que eu pensei de ficar.

- Você veio correndo para cá sem sua mulher, depois ela aparece com o filho nos braços. Imaginei que você estava cogitando voltar a morar aqui.

- Eu só cogitei morar com a senhora.

- Shhh!! Você tem um filho pra criar, os meus já estão criados. Não quero marmanjo na minha casa, vá cuidar da sua mulher.

- Mãe! - Choramingo e ela me dava um olhar de águia e eu sorria lhe jogando um beijo antes de ir ao encontro da Clara.

O Casamento do Chefe do Meu Pai (+16)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora