Causa Mortis - Parte Dois

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Dor. Foi a primeira coisa que senti quando acordei do desmaio. Uma dor lancinante capaz de me tirar toda a capacidade de pensar ou agir. Não conseguia me mexer e nem falar. Era um imenso foco de pura e intensa dor.

Abri meus olhos, mas não enxergava absolutamente nada. Estava cega, mas ainda ouvia bem. As batidas na porta eram incessantes e aquilo me atormentava. Cada "bum" fazia minha cabeça tremer e me dava vontade de gritar para parar, mas não conseguia. Era um nada naquele momento.

Aquilo continuou por intensos minutos antes que pudessem parar e o barulho, da porta caindo no chão, antecedesse as falas preocupadas do lado de fora. Ouvi a voz de Victor e entrei em pânico. Não poderia entrar ali. Se tivesse outra bomba daquela, ele morreria. Não podia entrar.

Enquanto me desesperava, ouvi passos rápidos dentro do lugar. Eu tinha que mandar sair. Tinha que dizer para ficarem longe, mas não conseguia. A única coisa que me escapou foi um gemido baixo e torcia para que ouvissem.

Tola. Como um vampiro não ouviria um gemido?

Quem quer que tivesse entrado no local, caminhou em minha direção e eu só soube quem foi quando se aproximou o bastante para que o seu cheiro se sobressaísse ao da minha pele queimada.

Não devia estar ali. Victor não devia ter entrado naquele maldito lugar.

Puxou meu capacete e o retirou de minha cabeça, enquanto me aninhava em seus braços. Todo e qualquer toque doía mais do que qualquer dor que tivesse sentido na vida. Minha pele queimava como se tivessem jogado álcool em uma ferida aberta e mais ainda quando Victor alisou meu rosto. Senti minha pele largar dos músculos da minha face e isso me deu a dimensão do que estava acontecendo.

Queria tanto vê-lo. Falar com ele. Dizer que tudo ia ficar bem, mas quando tentei abrir meus olhos, mais uma vez vi a escuridão. Pensei ter ficado cega para sempre.

— Não se preocupe. Eu vou cuidar de você e vai melhorar — beijou minha testa, depois de dizer essas palavras, e gemi. Tudo em mim doía como nunca. Victor colocou seus braços embaixo de meu corpo e gritei, arfando em seguida. Queria morrer naquele momento. Principalmente quando os burburinhos daqueles do grupo de caça, começaram a se espalhar enquanto Victor caminhava comigo para o carro. Todos queriam saber por que eu não havia virado pó como os outros cinco que estavam comigo e a única coisa que vinha em minha cabeça era que a parte modificada havia me dado a resistência maior. Sean abriu a porta do carro e Victor me colocou deitada no banco traseiro, apoiando minha cabeça em sua coxa.

— Você está bem? — perguntou a voz rude em minha cabeça. Aquela que eu não queria nunca mais ouvir.

— Vai se ferrar, Arthur — respondi também em mente. Agradecendo por Victor não ouvir aquilo.

— Estou falando sério. Fiquei sabendo do ataque e estou preocupado com você. Como você está?

— Quem disse que você se importa? Na hora de me matar não teve piedade alguma. Você é um monstro, Arthur. Sempre foi e sempre será — parei por um momento, impedindo um grito, porque Ethan passou correndo por cima de uma lombada e a pele das minhas costas desgrudou do banco do carro. — Pare de fingir que gosta de mim e que o meu bem-estar é importante para você — parei para ouvir o que diria.

— Queria colocar meu irmão contra a parede, apenas isso. Jamais deixaria você morrer. Te transformaria antes. Achei que Victor não seria idiota o suficiente para te expor ao risco, mas eu estava errado. Ele foi idiota o suficiente — parou de falar. — Preferiu te perder a me deixar transformá-la. Diga Alice, quem foi o monstro afinal? Victor sabia que ninguém havia conseguido criar um hibrido antes. Ele te usou.

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