O Baile de Máscaras - Parte Dois

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A visão começou com um quarto extremamente arrumado e decorado com grande bom gosto. Havia castiçais de ouro, cortinas bordadas e roupas de cama dignas de uma princesa. Era a prova de como aquela família era rica e tinha estima. Tudo parecia ser feito da mais fina forma.

As minhas vistas correram pelo quarto até que se demorou em um espelho, de moldura entalhada, que tomava quase toda a cômoda. Lá notei o meu reflexo. Terminava de alisar os cabelos com uma escova e o prendia em uma espécie de tiara, com várias pedras e de onde pendia um véu de cor verde bem claro, combinando com o vestido de mesma cor. Cobria toda a extensão dos fios loiros e compridos. Percebi de imediato que não conseguia controlar minhas ações e, sendo assim, eu estava revivendo aquilo. Não poderia alterar nada. Apenas sentar e observar.

— Bom dia, Christine — falou Tricia entrando no quarto e trazendo roupas de cama limpas.

— Bom dia, Tris — respondi sem que eu quisesse. Ela controlava.

— Está mais disposta hoje? Como foi o baile? — sentou-se na cama e me virei. — Soube que foi tirada para dançar, por um belo jovem. Ouvi tua mãe comentar.

— Foi o que aconteceu — respondi observando no espelho o colar de esmeraldas em meu pescoço. — Arthur, era o nome.

— Você se divertiu?

— Um pouco — sorri. — Ele era bastante sério. Já o irmão fez-me rir. Victor é divertido.

— Victor? — Tricia perguntou.

— Conversei com ele no jardim — olhei para a mulher, pelo espelho. — Gêmeos.

— Gêmeos?

— Idênticos — Tricia fez um bico antes que deixasse um sorriso lhe escapar.

— Quem sabe não foi por isso que o vosso pai os convidou para ficar? —levantou-se e caminhou até mim, mexendo em meus cabelos. Arrumando a minha tiara.

— O que? Eles ainda estão aqui? Porque papai faria isso?

— Eu não conheço as intenções do senhor Cezar, menina — a mulher me respondeu e eu respirei profundamente —, mas talvez a estadia deles, nessa casa, seja por uma única razão.

— Qual?

— Você — falou baixinho ao pé do meu ouvido.

— Eu? Não é possível — respondi mais para mim do que para Tricia.

— Porque não? Ainda não arranjastes nenhum partido e tem dois belos rapazes nessa casa. Qual seria a desculpa em tê-los aqui?

— Eu não sei, Tris, mas não sou eu — levantei da cadeira e respirei fundo. — Soube que Frederico pediu a minha mão a meu pai? Até chegaram a conversar sobre o dote.

— Pense comigo, menina. O que seria melhor para você? Ser casada com o filho de um comerciante ou um dos filhos do Voivoda de Valáquia? — abaixei minha cabeça. — Só me faça um favor e escolha um deles. Victor ou Arthur?

— Não é nada disso que pensas, Tris — respondi sorrindo. — É melhor eu ir para o café — deixei o quarto depois de aceno de cabeça. Segui pelo corredor e logo estava na mesa do café da manhã. Beijei minha mãe, meu pai, que estavam cada um é uma das pontas da mesa, e sentei de frente para meu irmão que sorriu para mim. Era o mais velho e tinha os olhos tão azuis quantos os meus. Os cabelos eram escuros, iguais o da minha mãe e o formato do rosto igual ao de meu pai. Ele era um jovem bonito. Aparentava ter vinte ou vinte e um anos.

— Como foi ontem no mercado, Bernard? — perguntou meu pai. Bernard, era um nome bonito para o meu irmão.

— Muito bem, meu pai. Consegui fechar negócios importantes para a nossa família.

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