Rompendo Relações

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Respirei fundo enquanto o homem mantinha a mão estendida diante de mim. Precisava manter as aparências, dançar conforme a música e naquele momento o caçador tocava os acordes. Então, retribui o gesto, apertando sua mão.

— É um prazer recebe-lo em nossa casa, Nicholas — disse cordialmente. Ele não parou de me olhar em momento algum. E quando digo olhar, significa examinar. Percebi os olhos correndo para meus punhos e depois para meu pescoço. Sorriu ao ver o colar. Sem o menor pudor levou seus olhos até as minhas pernas e de novo me encarou, insinuando onde o vampiro poderia ter bebido. Retribui o olhar com indignação e seu sorriso abriu-se ainda mais.

— Agradeço a hospitalidade, senhor e senhora Baker. Serão apenas cinco dias, no máximo — Nicholas voltou sua atenção aos meus pais e desejei que ele fosse embora de casa. Os caçadores já tinham me causado problemas demais. Imaginei que Victor havia entendido quando os defendi, mas se ele descobrisse que caçadores haviam estado ali? Temi em ter meu pescoço dilacerado.

— Fique o quanto precisar, Nicholas — expressou minha mãe e levantou-se do sofá. Não, ele não podia ficar o quanto precisasse.

— Você deve estar com fome, não?

— Na verdade, estou bem cansado — respondeu suspirando e fingindo bocejar. Não me demorei ali por mais tempo e segui na direção das escadas. Queria ficar só e achar um jeito de sair desta enrascada que vovó tinha me colocado.

— Alice, já que vai subir, poderia mostrar o quarto para o Nicholas? — voltei para a porta da sala outra vez.

— Claro, mãe — respondi com um sorriso fingido. — Me siga, Nicholas — o encarei, antes de voltar na direção das escadas, enquanto o caçador apanhava a mochila que deixou ao lado da porta. Subiu logo atrás de mim. Parei em frente ao quarto de hóspedes e apontei para ele. — Divirta-se! — dei as costas, mas o rapaz me puxou pela mão, me colocou dentro do quarto e fechou a porta.

— Você acha que isso é brincadeira? Que por ele estar sendo gentil, não vai te atacar? — Me perguntou, deixando encurralada. — Vai lhe matar no primeiro momento em que sentir sede e não tiver ninguém além de você para saciá-lo. É o instinto. Ele é um monstro — ia aproximando-se até ficar a centímetros de meu rosto. Tentava me intimidar.

— Tire as suas mãos de cima de mim e se afaste — o alertei com a raiva expressa em minha voz. Ele ergueu as duas mãos diante de meus olhos e deu dois passos atrás.

— Só quero conversar.

— Não tenho nada para conversar com você. Saia da minha casa! — me afastei da parede e segui em direção da porta.

— Você já está fascinada por ele, não é? — O escutei atrás de minhas costas. — Você esteve morta, durante todos esses anos, desde a morte da sua filha e agora ele te faz sentir viva. É isso que você quer dele? Brincar com a morte te deixa cada vez mais viva? Cada vez mais excitada? — Não esperei que ele prosseguisse com aquilo, virei o mais rápido que consegui e acertei uma tapa em seu rosto.

— Não sabe de nada — falei num tom mais alto. Pouco me importou se alguém em minha casa ouviria ou não. Queria Nicholas fora o mais rápido possível. — Não ouse falar sobre a minha filha outra vez. Não lhe dei esse direito — minha respiração estava pesada e a raiva tinha tomado conta de mim. — Não te chamei aqui e não pedi a sua ajuda.

— Sua avó ligou, em desespero devo acrescentar, implorando para que eu viesse — ergueu o tom de voz também. Parecíamos um casal tendo uma discussão. — Vim por ela, não por você. E só vou sossegar quando tiver a cabeça de Victor Brates em minhas mãos.

ImortalWhere stories live. Discover now