V

108 23 18
                                    

Vinte e cinco de abril de 1920

Belfort, França.

Te vi agonizando em minha frente, bem na minha frente, sobre minhas raízes, na manhã que Jeongguk dera trabalho de levantar cedo, tu, decidiu depois de anos, interagir diretamente comigo e saciar minha sede.

Devo admitir que foi agoniante vê-lo cair de joelhos com a mão no peito, largar o regador no chão, e puxar o ar pela boca de forma arrastada, era como se o ar não lhe vinha e a dor que lhe consumia acompanhando de uma cicatriz de linhas escuras e aparentes a olho nu que cresceu de seu coração e tomou seu pescoço, chegando a pegar uma parte de seu rosto também.

Vidas destruiu, e o seu preço pagou.

Oliver era um bruxo desonesto, fazia pose de um bruxo bom por suas criações favoráveis para si mesmo, fazendo barbaridades a custo de dinheiro.

Nunca fora o melhor dos feiticeiros. Carregava sangue inocente em mãos, já havia feito coisas ruins em seu passado, e mesmo que houvessem anos, ainda eram os seus pecados que o condenavam.

Certa vez, anos atrás, antes que Jeongguk fosse nascido, Oliver ajudou uma mulher a matar o irmão mais velho para que pudesse ficar com sua fortuna, lhe fez um feitiço mortal e matou-lhe envenenado com um chá tão atrativo e inofensivo aos olhos humanos que o humilde nobre caiu direitinho.

Mordeu a isca da irmã traíra, faleceu no mesmo instante e, como dizia o juramento, sua irmã ficou com todos os seus bens.

Mas oque Oliver não sabia, é que aquele rapaz pelo qual havia matado tinha uma amante que muito o amava e que, mesmo fazendo parte apenas de suas noites de prazer, lhe trocava juras de amor e promessas para o futuro, e uma de suas promessas era que de lá onde morava, o nobre a tiraria, e lhe levaria para conhecer Paris, onde lhe a faria enxergar com os próprios olhos a tão magnifique tour Eiffel.

No dia após de seus amassos e palavras de amor, seu nobre cavalheiro morreu e ela não pôde ser levada a Paris pelo seu amado, sendo deixada aos desamparos de seu coração partido.

Mas Oliver havia cutucado uma colmeia com um enorme enxame de abelhas, e deu as costas sem se importar em vigiar.

Ele não esperava que as abelhas o atacassem.

Leonor era o nome da amante deixada só no mundo. Com um amor arrancado brutalmente de suas mãos por um bruxo, mas um bruxo tolo, um bruxo que não seria páreo para seus anos de imortalidade, encantos e magias fortes o suficiente para tirá-lo a vida.

Leonor também era uma bruxa, e de muitos males já havia feito a este mundo, mas desistiu severamente ao ver que sua magia não era boa. Ela resolveu enterrar seu passado e nunca mais usar suas magias, somente para uma exceção para algo movido para o bem.

E vingar-se de quem matou seu único amor parecia um gesto muito bondoso a se fazer. Ela só precisava de uma gota do sangue do culpado. Uma gota de seu sangue e estaria feito.

E ela foi buscá-lo.

Era madrugada quando ela conseguiu passar pelo pequeno portão do jardim.

Eu estava dormente quase entregue ao meu sono, mas não consegui adormecer após vê-la entrar tão tranquilamente, cobrindo seu corpo por um manto de calda longa que cobria suas costas e beijava superficialmente as pedras do chão, seu capuz cobria boa parte de seu rosto e se não fosse pela luz lunar, não teria reparado em seu nariz afilado, em seus lábios marcados com um vermelho sangue e aquela pele alva.

RoseDonde viven las historias. Descúbrelo ahora