Capítulo 6

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Leonard Brown Davis.

    Percebi que no meio do filme Sarah levantou indo para a cozinha, minha mãe como eu já imaginava, acabou dormindo, depois do almoço quando ela sentava para descansar, ela sempre dormia uns minutos, meia hora no máximo.

    Levantei devagar para não acordar dona Leonora e fui atrás da Sarah, ela estava lavando louça enquanto cantarolava alguma música que eu não estava conseguindo identificar.

    Desde aquele dia eu não consegui tirá-la da cabeça, acabei deixando escapar para a minha mãe do que estava sentindo e agora ela está crente que estou apaixonado pela Sarah, que eu me apaixonei a primeira vista, não que a Sarah não fosse uma mulher de se apaixonar, não é isso, eu só não acredito muito em amor a primeira vista, pelo menos nunca consegui imaginar como seria isso na vida real, fora dos filmes e livros.

    Hoje mais cedo quando a encontrei saindo do closet, percebi que a mesma seguia todos os movimentos que eu fazia, foi encantador ver ela corada de vergonha, deixava ela ainda mais linda.

— Por que saiu sem terminar o filme? - peguntei me encostando na ilha. Sarah acabou dando um pulo de susto e me encarou rápido- Desculpa - soltei um riso baixo e ela negou terminando de tirar o sabão das travessas.

— Você sempre chega assim?

— Assim como? - perguntei confuso. Sarah terminou de lavar as coisas e me encarou.

— Sem fazer barulho, eu nem ouvi seus passos - dei de ombros.

— Nunca fui de fazer tanto barulho- sorri de lado - poderia ter deixado isso para depois. Achou o filme tão chato assim? 

— Preferi lavar logo, o filme estava bem legal, só não queria deixar a louça na pia mesmo - deu de ombros começando a secar as coisas. Me aproximei pegando um pano para ajudá-la - não precisa me ajudar, eu termino rápido - me encarou corada. Ela ficou assim só de eu chegar perto?

— Assim você acaba mais rápido - expliquei secando e guardando uma travessa no armário.

— Obrigada - agradeceu com um sorriso envergonhado.

— Mas e aí? Como vai a adaptação na cidade, aqui é bem diferente da cidade grande - puxei um assunto.

— Ah, está bem tranquila, para ser sincera eu achei que iria demorar mais para me adaptar, mas foi fácil, Malcolm veio me ajudando com algumas coisas.

— Ele é um cara maneiro, já ficou igual um bobo apaixonado pela Dorothy na sua frente? - perguntei risonho e Sarah riu assentindo.

— No dia em que nos conhecemos, ele apareceu lá em casa estranhando o carro na frente depois de uns meses que minha avó faleceu e ninguém tinha vindo, aí me convidou para tomar café na padaria da dona Cecília, a mulher apareceu por lá e ele ficou suspirando pelos cantos - contou rindo e eu acompanhei.

    Não era de hoje que Mali era apaixonado pela Dorothy. Ela é uma mulher maravilhosa, pena que a família dela não colabora para a felicidade dos dois.

— Eles nunca disfarçam mas parece que Mali não percebe que ele e Dorothy compartilham do mesmo sentimento.

— Acho que agora ele começou a perceber, mas mesmo assim acho que tem medo de chegar perto dela, ele disse que já se declarou mas parece que não quer se aproximar muito.

— Ele não se aproxima por causa da mãe da mulher, aquela lá é pior que o diabo se deixar, Dorothy sempre sofreu na mão da mãe. Quando nós éramos pequenos rodou pela cidade que a mãe da mesma a colocou de castigo, fez a coitado ficar meia hora ajoelhada no milho enquanto lia a bíblia em voz alta, Dorothy passou a semana sumida e quando voltou só usava calça, o que era uma novidade para nós já que a mãe dela só permitia que ela usasse saias até abaixo do joelho.

Na noite em que eu te encontreiWhere stories live. Discover now