Memories

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Sabe Jungkook, você nunca foi uma pessoa muito sociável por só ter só eu como amigo — mas na realidade eu era tão anti-social quanto você

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Sabe Jungkook, você nunca foi uma pessoa muito sociável por só ter só eu como amigo — mas na realidade eu era tão anti-social quanto você. Oh céus, o que aconteceu para você ser banido desse maldito mundo, sendo aprisionado em sua própria mente? Um submundo de lembranças, te corroendo de dentro para fora. Isso machuca né?

Queria eu, nunca ter me lembrado dessas coisas, mas depois de tudo o que passei com você cá estamos certo? Você parou de sofrer com isso, mas eu, eu não parei... Para falar a verdade, depois que aquilo aconteceu com você, tudo piorou. Não me olhe assim, você sabe que eu ferrei seu psicológico e você fudeu o meu.

Eu sempre odiei tirar fotos, mas você era bem pior do que eu nesse quesito — uma vez até quebrou uma câmera. Isso foi um ato de um menino mal criado certo? Bom foi isso que o papai achou no dia, essa foi a primeira vez que eu presenciei uma surra sua — na época tinhamos cinco, talvez seis anos de idade e sua mãe não fez absolutamente nada para impedir.

Afinal ela tinha concordado que você tinha sido uma criança mal criada, talvez, só talvez, essas surras tenham te motivado a me procurar....

Procurar! Eu tenho que procurar algo para me defender, não posso arriscar ficar nesse cômodo sem nada em mãos — ainda mais com ele me procurando. A sala em que eu entrei, tinham varias coisas desenhadas na parede e algumas caixas em um canto da sala. Sem muitas opções, eu me direciono na direção dos caixotes de papelão e abro o mais próximo começando minha procura.

Acabo percebendo que só tinham livros velhos, um dele tinha a cor verde musgo e alguns detalhes dourados, o título era infância. Tomado pela curiosidade eu abro o livro e percebo quase que imediatamente fotos, era um álbum cheio de fotos antigas.

Começo a virar as páginas vendo duas mulheres grávidas, na próxima página elas estavam acompanhadas de um homem, logo viro mais duas páginas percebendo uma fábrica. Mais e mais fotos da fábrica, com diversos brinquedos coloridos se passaram — o homem e as mulheres estavam presentes na maioria. Fico virando as páginas lentamente e ao que parece eram uma família bem feliz.

Na última foto, de uma das páginas tinha as mulheres uma de cada lado, segurando o que eu suponho ser o bebê delas pois não estavam mais grávidas. O homem se encontrava no meio, não parecia tão feliz quanto antes... Na verdade parecia cansado, ou melhor físicamente esgotado — não que sua sanidade estivesse boa, pelo contrário, parecia péssimo.

Assim que o álbum acaba eu tomo outro em mãos, esse tinha a capa vermelho sangue com detalhes pretos. Abro ele já na metade vendo duas crianças de mãos dadas que pareciam ser bem familiares, elas sorriam mas não pareciam estar felizes. Só tinha uma das mulheres na foto e dessa vez, o homem não estava lá.

— Jungkook? — sussurro baixo olhando mais atentamente para o garoto ao lado da mulher.

Sim, sim, era ele mesmo! A feição é literalmente a mesma, fora que suas características físicas não mudaram muito — ele apenas cresceu, não mentalmente... Mas cresceu.

Ele é só uma criança presa no corpo de um garoto que sofreu demais com essa vida.

Continuo olhando as fotos, uma tinha as crianças junto do homem e da mulher, outra era só das crianças no meio de um monte de brinquedos na fábrica, uma das últimas era sobre apenas a criança que eu acho ser o jungkook triste ao lado do homem. Ao que parece não tem mais fotos da criança que estava com ele ou com a mulher que tinha sobrado, como se tivessem sumido misteriosamente.

Provávelmente foi o dia que ela botou a criança que sumiu na adoção certo? Ela queria proteger o bebê dela, pois sabia que a fábrica pegaria fogo... Na minha opinião ela deveria ter levado o pequeno Jungkook junto, sabe ele também era da família.

Apenas pego o último álbum começando a folhear ele com mais pressa, as primeiras páginas só eram só anotações — mas a partir da vigésima... Eu apenas tento não gritar vendo a fotografia.

Era uma foto minha no colégio, eu estava mais ou menos no ensino médio nessa época — como ele conseguiu isso? Viro outra página percebendo mais fotos minhas, essas eram mais estranhas, como se alguém estivesse de longe tirando fotos minhas escondidas. Continuo observando tudo, tinha fotos minhas, da parte de fora da minha casa, da janela do meu quarto no segundo andar, tinha até fotos dos meus irmãos.

— Que porra é essa — aproximo meu rosto do álbum vendo uma foto minha dormindo, esse maníaco entrou no meu quarto?!

Como ele conseguiu fazer isso se meu quarto é no segundo andar? Meus irmãos teriam notado a presença dele né? Minha irmã trabalha de dia então de noite ela fica andando pela casa normalmente, ela teria percebido a presença dele com toda a certeza.

Ou apenas escalou a árvore e pulou pela janela do seu besta quarto né seu besta?

Minha linha de pensamentos é cortada de uma só vez por um estrondo alto vindo de algum lugar perto daqui, ele estava arrombado as portas para me achar, merda eu perdi muito tempo aqui! Apenas pego uma foto das duas crianças juntas e a coloco no bolso da minha calça, ando até a porta e respiro fundo antes de me preparar para correr.

Eu tinha visto uma janela no final do corredor, ela estava fechada mas eu vou tentar quebrar ela para fugir. Meu plano é sair correndo sem olhar para trás, por favor que isso de certo senhor, eu sou muito novo pra morrer aqui!

— TETE, CADÊ VOCÊ? EU NÃO QUERO TE PERDER DE NOVO! NÃO SEJA MAL CRIADO! — Escuto a voz do Jeon, ele parecia estar bravo ou melhor dizendo, parecia estar furioso.

Fecho os olhos contando até três e respiro fundo decidido, logo abro a porta de supetão dando de cara com o garoto.

𝐋𝐮𝐱𝐮𝐫𝐲 → ᴛᴀᴇᴋᴏᴏᴋ ' Where stories live. Discover now