➵ AZUL 🏳️‍🌈 CORAÇÕES ABATIDOS

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[1.234 palavras]

Adeus, meu amor

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Adeus, meu amor.

Eu sinto muito por gerar tamanha tristeza em seu pobre coração abatido, mas vejo agora que foi preciso. Tudo havia acabado antes mesmo de ter começado, é confuso, eu sei. E você se tornou alguém que confundia todos esses sentidos, alguém que valia a pena cada questionamento, cada indefinição.

É engraçado ver que isso perdura mesmo em minha pós vida. Engraçado, para dizer o mínimo.

Foi algo tão de repente.

Num momento, você se transformou em um tudo, em um preenchimento de um vazio que eu mesma nunca percebi que tinha, e no momento seguinte, esse tudo se torna um nada mais uma vez.

Era difícil explicar em palavras, ainda é difícil, e essas sensações que você me proporcionou – ou pelo menos conseguiu pela tentativa arriscada de um em um milhão – eram as minhas melhores recordações.

Você é tão imprudente, querido. Uma imprudência que me fazia ama-lo e odiá-lo em proporções desiguais. Mas não me arrependia de acompanha-lo nessas loucuras.

Não mais.

Ainda consigo me recordar dos inúmeros passeios em que traçamos pelas cidades, as viagens em que desbravamos pelo mundo e as pessoas com quem nos familiarizamos em nossa jornada.

Mágico. Essa era a palavra que ouvia diversas vezes de ti. Foi tudo tão... mágico.

E é fantástico como a mente humana ainda consegue captar esses minuciosos detalhes de outro plano e gravá-los em forma de memórias, nas quais nós não tínhamos noção que existissem. Mágico, é a palavra que defino verdadeiramente cada uma delas.

Lembranças, ah... Essas doces lembranças.

Para mim, são organizadas como álbuns cheios de fotografias categorizadas por estímulos. Alegria. Raiva. Paixão. Saudade. Cada um ocupando algum espaço ainda vago em minha mente que agora já não tem tanto com o que se distrair.

— Emily...

Sinto uma sensação longínqua em minha testa, onde via seus majestosos lábios carnudos, vermelhos e perfeitamente desenhados, beijarem delicadamente minha pele. Eu posso vê-lo, embora não esteja mais em meu próprio corpo.

Consigo ouvir o doce arfar de sua respiração contra meu rosto apático, a sua pele abrasadora colada na minha nos instantes mais melancólicos que a morte poderia nos presentear.

Sua mão me segura firme. Seus olhos transmitem o que nenhuma outra declaração, ou gesto, teria conseguido transmitir naquele momento. Um mar revolto, ondas cheias de dor, um oceano tempestuoso preso em seu olhar. Eles me mostravam o quão apaixonado ainda se sentia, mesmo numa situação dessas, e como fora tão difícil me ver ser empurrada a sete palmos do chão.

Paleta De CoresWhere stories live. Discover now