➵ VERMELHO 🏳️‍🌈 CHERRY AND ROSE

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[1.700 palavras]

     Era junho quando você me largou no altar

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     Era junho quando você me largou no altar.

E um tanto quanto irônico foi saber que no dia dos namorados tive uma perda dupla: perdi minha namorada e esposa no mesmo dia. Fiquei arrasada porque você fez isso comigo. Conosco. E isso me fez indagar sobre tudo o que vivemos, sentimos e falamos.

Estávamos tão felizes, parecíamos felizes, então por que fui rejeitada?

Esse foi um dos vários pensamentos que tive pela manhã. E, além desse, lembrei-me de quando éramos mais jovens, quando nosso único problema era a escola. Seu rosto estava colado no meu e nossas mãos entrelaçadas como uma só. Éramos acompanhantes uma da outra nas formaturas, dançávamos a noite toda. Uma dança lenta em que pude vislumbrar bastante sua silhueta esbelta dentro de um vestido verde, tubinho e sem alças.

Ele valorizava os seus olhos de vaga-lume, aliás, valorizava tudo em você. Seu cabelo dourado, seus lábios naturalmente vermelhos e suas curvas notoriamente precisas. Mas aqueles olhos... eles pareciam me incendiar quando encontrava os meus, e naquele salão infestado de gente tudo parecia ser predestinado.

Seus olhos são tão esverdeados e hipnotizantes quanto esses insetos, e tão intensos que me faziam imaginar ser fulminado por eles. Se assim desejasse, se assim acontecesse, eu faria de bom grado. É por essas e outras que eu sempre soube que eles eram a minha ruína.

Você era a minha ruína.

Antes da dança, antes do compromisso, o "nós" era tão peculiar e singelo comparado às bocas que já provei e dos corpos que me saciei, você era diferente. E doce, ah... como era tão maravilhosamente doce. Seu amor era diferente dos outros, senti-lo derramando em minha boca era um dos meus melhores passatempos, mas talvez não se lembre disso – e nem queira – já que sua maior preocupação sempre foi seu próprio desejo carnal.

Por que não me contou suas tristezas quando sentiu hesitação?

É uma das minhas diversas indagações, das quais não tive muito êxito em descobrir suas respostas. Hoje, em passos rítmicos, caminhei em direção ao jardim. O nosso jardim. Àquele que sempre íamos depois de uma discussão boba. Vejo-o como nosso santuário agora, no qual nos dava bons momentos de paz quando sentíamos a natureza em torno de nós. Era tranquilizador.

Lembro-me de tomar um cappuccino italiano requentado naquele dia, com direito a biscoitos recheados de chocolate vencido que vendiam na cafeteria ao lado, e você? Além de mim, esqueceu-se de como a atendente chamada "Stefane R." fora tão gentil conosco? Ou como seu colega de trabalho "Micael F." foi carismático após termos quase derrubado o café nele?

Mesmo a contragosto, ainda consigo ouvir sua risada gostosa contra meu ouvido quando adentro o tal estabelecimento. Ele continua naquela mesma decadência, lembro-me até dos comentários que fiz sobre a validez do lugar enquanto você adorava protestar.

Paleta De CoresWhere stories live. Discover now