I wanna kiss you

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Chegamos em Toronto era quase 19h30. Assim que pegamos um quarto no hotel, avisei pra ela que eu ia comprar alguma coisa pra gente comer. Ela não me respondeu. Bufei saindo do quarto.

Demorei um pouco porque não fazia ideia de qual mercado era o mais próximo. Se eu perguntasse pra Alice, ela não me responderia. E se eu perguntasse pro cara da recepção, era capaz de ele me mandar a merda por encher o saco. Fiquei mais de meia hora rodando por Toronto porque ninguém que eu perguntava me dizia o certo. Até que, finalmente, achei!

Comprei o que achei necessário (isso inclui toalhas, já que o hotel não era nem um pouco confiável), e voltei. Quando entrei no quarto, vi que tudo estava escuro.

- Alice? - Perguntei. Senti uma brisa e vi que a porta da varanda estava aberta. Deixei o que eu tinha comprado em cima da mesinha que tinha ali e fui até lá. - Você saiu? - Perguntei assim que vi a garrafa de bebida na mão dela. Ela estava sentada em uma das cadeiras que havia ali e estava chorando. Sentei na outra, do lado dela e tentei tirar a garrafa da mão dela, mas ela puxou de volta. Depois de fazer mais força do que eu achava necessário, consegui. - Odeio te ver chorando. - Alice olhou pra mim e abriu a boca pra falar algo, mas desistiu. Jurei que ela falaria “problema teu". Não duvido nada que era isso mesmo. - Vai falar o que aconteceu dessa vez?

- Eu to cansada. - Já é um começo… A voz dela estava embolada já. Além dessa, quantas garrafas ela bebeu?

- De que?

- Por que você tinha que me trazer pra cá?! - Ela falou alto. Ah, que bacana… Agora a culpa é minha? - Odeio você!

- Nossa, obrigado. - Disse irônico e começando a ficar irritado.

- E aquela porra ainda aconteceu a duas ruas atrás! - Agora tudo começou a ficar mais interessante.

- Que porra? - Ela respirou fundo e demorou pra me responder.

- Foi um pouco antes do término das aulas no verão passado. - Ela parou. Até achei que ela não fosse continuar. Mas não falei nada. - Eu e o Will tínhamos ido em uma festa de um amigo dele. Estava chata. Resolvemos andar um pouco. Só que esse “um pouco" acabou virando mais de uma hora. - Ela riu. - Como era fácil me perder no tempo com ele! - Ok, pode pular a parte de amor e devoção ao Will, por favor? - Sem perceber, entramos em uma rua sem movimento. Demos meia volta e vimos um cara seguindo a gente. Ele sorriu e Will apertou ainda mais a minha mão. O cara falou que era um assalto e mostrou a arma, pedindo pra gente não berrar. Will era forte, alto… Óbvio que o cara veio pra cima de mim. - Ela levantou e foi lá pra dentro. Me virei um pouco, ainda sentado, e vi ela pegando outra garrafa. Revirei os olhos. - Foi quando o cara atirou e… - Ela disse sentando do meu lado novamente, mas parou. Enquanto ela me contava, lágrimas ainda caíam pelo rosto dela. Mas quando chegou nessa parte, a situação piorou. Ela começou a chorar alto. Alto demais. A situação era completamente desesperadora. Eu não sabia o que fazer! - Ele entrou na minha frente! A culpa é…

- Não! - Falei interrompendo e ela olhou pra mim um pouco assustada. Acho que ela tinha esquecido da minha presença. - Não fala que a culpa é sua.

- Como não?!

- Porque não é. A única pessoa que tem culpa é o cara. - Ela soluçou alto.

- Merda! Você acredita que não foi nem três dias depois da minha primeira vez?! - Ok, eu não precisava saber disso. - Me sinto um lixo.

- Acho que você precisa dormir. E amanhã você precisa de uma aspirina.

- To legal aqui. - Levantei e peguei a outra garrafa da mão dela novamente. Deixei em cima da cadeira que eu estava. Peguei na mão dela e ela levantou.

She Will Be LovedOnde as histórias ganham vida. Descobre agora