No Kiss

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- Vou falar as duplas pro trabalho do trimestre. - Bufei. Sempre odiei quando o professor dividia as duplas. Eu sempre ficava com uma pessoa que nunca nem vi na vida.

- Justin e Alice. - Falei que era uma pessoa que nunca vi na vida… Ouvi ela se sentar na cadeira do meu lado e depois bufar. Olhei pra ela. Na verdade era minha vizinha. Só sabia o sobrenome dela. Mendler.

- Oi. - Disse tentando ser simpático.

- Vai me encher o saco de novo?

- Não precisa ficar na defensiva. - Ela suspirou.

- Oi.

- Já é um começo…

- E reclama ainda?

- Você podia ser mais amigável.

- E você podia ser menos chato. Pena que não temos tudo que queremos. - Bufei.

- Na minha casa ou na sua? - Perguntei e ela me olhou.

- Na sua. - Depois disso ela não falou mais nada e eu não fiz questão.

(…)

Terminei de almoçar e fui pro meu quarto. Fiquei lá esperando a Alice chegar. Combinamos as 14h30. Já eram 14h35 e não tinha sinal dela. Olhei pela janela e tudo estava apagado na casa do lado. Desci e fui até o quintal de trás de casa. A janela dela estava fechada. Voltei pra casa e fiquei vegetando esperando ela aparecer.

Quando eram mais de 16h00 ela aparece.

- Desculpa a demora. Não sabia que minha mãe tinha marcado um negócio pra mim esse horário.

- Que negócio?

- Por qual parte a gente começa? - Respirei fundo.

- Pesquisando o resumo do livro.

- Você toca? - Ela perguntou olhando pro sofá do meu quarto.

- Não. É do Peter. Ele esqueceu aqui.

- Aquele que vive na sua sombra?

- Ele não vive na minha sombra.

- Sei…

- Mas então… Por que se mudou pra cá? - Perguntei como quem não quer nada.

- Vim aqui pra fazer trabalho ou pra você ficar perguntando sobre a minha vida? - Os dois.

- A gente tá fazendo o trabalho. Eu to pesquisando no notebook e você tá escrevendo sei lá o que.

- Ultima vez que falo isso: minha vida não te diz respeito. - Imagina se ela se visse dali a alguns meses me contando tudo? Acho que essa menina teria um ataque cardíaco.

- Não te irrito mais.

- Vi uma mulher saindo daqui ontem. Era sua mãe? - Virei a cadeira pra olhar pra ela. - É que você não parece nem um pouco com a mulher do seu pai.

- Era minha mãe. E minha vida também não te diz respeito.

- Ela é muito bonita. - Não falei nada. Escutei um barulho no andar de baixo e logo depois uma gritaria de criança, que em poucos segundos, passou a ser no meu quarto.

- Olha o que o papai comprou pra mim. - Jazzy, minha irmãzinha disse quase enfiando o ursinho no meu nariz. - É bonito, não é?

- Não mais que você. - Peguei ela no colo.

- Quem é ela?

- É uma colega de classe minha. Alice.

- Ela dá medo. - Jazzy disse no meu ouvido e eu ri.

- O que ela disse? - Alice perguntou.

- Nada demais.

- Você é namorada do Justin? - Ela corou violentamente e eu não estava muito diferente.

- Não, Jazzy. Vai brincar, vai.

- To afim não. - Alice riu. Acho que minha irmã tá ouvindo muito o que eu falo.

- Não seria melhor a gente montar tipo um teatro? - Perguntei.

- Lógico que não. Não to afim de virar Julieta*.

- Também não queria virar Romeu, mas se for pra fazer essa joça tem que ser bem feita.

- Ou você sai do time. To sabendo.

- É… E vai ser chato pra gente fazer um seminário pra explicar um livro. Imagina pro resto da sala? - Ela pareceu pensar.

- Mas com uma condição: sem beijos.

- Sem beijos. - Confirmei.

(…)

Estava andando pelo parque com a Jazzy e o Ted (nosso cachorro. Ela que deu o nome, não eu). Comprei um sorvete pra ela e um pra mim.

- Justin, não é a sua namorada?

- Ela não é minha namorada. - Nem olhei, mas já sabia que ela falava da Alice.

- É sim. - Ela soltou minha mão e foi até lá. Alice sorriu pra ela, mas quando me viu, seu sorriso diminuiu.

- Esperava que ela viesse com quem? - Perguntei.

- Com o seu pai. - Ri. Isso é impossível! - Ou com a sua madrasta. Ou até com alguma empregada.

- Vou terminar hoje a peça. - Disse.

- Quer minha ajuda?

- Não precisa.

- Obrigada. Não estava afim mesmo. - Arqueei a sobrancelha.

- Você é sempre folgada assim ou é impressão minha? - Ela bufou.

- Tá, eu ajudo você. Vai fazer agora?

- Pode ser.

- Eu ainda quero algodão doce. - Jazzy disse toda melecada de sorvete.

- Você acabou de tomar sorvete, saco sem fundo. Vem. Vai ter chocolate quente em casa.

She Will Be LovedOnde as histórias ganham vida. Descobre agora