I like you

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Escutei um barulho e acordei. Peguei o celular. Quase 03h30 da manhã. Virei pro lado e tentei voltar a dormir. Ouvi outro barulho. Porra. Levantei. Percebi que era na minha janela. Afastei a cortina e tentei olhar pela fresta. Não creio isso. Abri a janela rindo.

- Tá tentando fazer o que? - Perguntei rindo.

- Estava te acordando. - Arqueei uma sobrancelha. - Eu não conseguia dormir.

- Então você quer a minha presença?

- Quero. Na minha casa. - Nem maliciei a frase… Imagina!

- To saindo.

- Traz doce! - Ouvi antes de fechar a cortina. Terminei de me trocar e desci. Fui até os fundos do quintal e encontrei-a lá.

- Tá muito manhosa pro meu gosto. - Alice revirou os olhos. - O que é isso? TPM?

- Cala a boca, Justin! - Entramos no seu quarto.

- Não era mais fácil ter me ligado, carente?

- Não. - Ela deitou. Me deitei do seu lado. Alice virou de lado e fechou os olhos, comendo um pedaço da barra de chocolate. Abracei-a pela cintura. - Lê pra mim?

- O que?

- Qualquer coisa. - Levantei e liguei o abajur, que ficava do lado da cama dela. Olhei sua estante de livros. Peguei o primeiro que eu vi. Me sentei do lado dela, na cama. Alice deitou a cabeça no meu colo. Abri o livro quase na última página e comecei a ler em voz alta. Era uma carta.

- “Camryn, meu amor,

Eu não queria que fosse assim. Queria te dizer estas coisas pessoalmente, mas tinha medo. Tinha medo que se eu dissesse em voz alta que te amava, o que a gente viveu juntos fosse morrer comigo. A verdade é que eu sabia, no Kansas, que era você. Te amei desde aquele dia em que olhei nos teus olhos pela primeira vez, me encarando do alto da poltrona daquele ônibus. Talvez eu não soubesse disso ainda, mas percebi que alguma coisa aconteceu comigo naquele momento, e que eu jamais poderia abrir mão de você.

Nunca vivi da forma como vivi durante minha curta convivência com você. Pela primeira vez na vida, me senti inteiro, vivo, livre. Você foi a peça da minha alma que faltava, o ar nos meus pulmões, o sangue nas minhas veias. Acho que se existem mesmo vidas passadas, então fomos amantes em cada uma delas.Conheço você há pouco tempo, mas parece que conheço desde sempre.

Quero que você saiba que mesmo na morte vou me lembrar de você. Eu sempre vou te amar. Queria que as coisas tivessem sido diferentes. Pensei em você muitas noites na estrada. Ficava olhando para o teto nos motéis e imaginava como seria nossa vida juntos, se eu sobrevivesse. Tive um ataque de pieguice e pensei em você de véu e grinalda, e até mesmo com um minimim na barriga.” - Nessa parte eu tive que parar e rir. Assim como ela. - “Sabe, sempre ouvi dizer que comer mulher grávida é uma delícia. ;-)” - Gargalhei.

- Amo esse livro. Continua. - Alice falou rindo. Continuei.

- “Mas lamento ter que te deixar, Camryn, lamento tanto… Queria que a história de Orfeu e Eurídice fosse real, porque aí você poderia me trazer de volta à vida cantando. Eu não ia olhar pra trás. Não ia ferrar tudo, como Orfeu.

Eu lamento tanto, amor…

Quero que você me prometa que vai continuar forte, linda, doce e meiga. Quero que você seja feliz e encontre alguém que te ame tanto quanto eu amei. Quero que você se case e tenha filhos e viva a sua vida. Apenas se lembre sempre de ser você mesma, e não tenha medo de dizer o que pensa, nem de sonhar em voz alta.

Espero que você nunca me esqueça.

Mais uma coisa: não se sinta culpada por não ter dito que me amava. Não precisava dizer. Eu sabia disso o tempo todo.

She Will Be LovedWhere stories live. Discover now