113. checkmate

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— michael!

Michael não sabia dizer quando fora a última vez que parara de se mover. Ele não tinha descanso, não tinha vantagem. Um passo em falso, e teria sua vida tirada pelo cada vez mais forte oponente que enfrentava. Lutar contra Lúcifer não levaria a lugar algum, o Anticristo era incapaz de superar a força que o criara. Não conseguiria chegar até Pandora, o Langdon já havia aceitado isso, mas isso não significava que se renderia.

Ele lutaria até o seu último suspiro, até sua última gota de sangue. Lutaria por ela.

— Começando a aceitar o fracasso, filho? — Satã provocou, bloqueando um golpe de Michael sem esforços. Já havia recuperado as forças gastas com Lilith, era apenas questão de tempo até conseguir subjugar o Anticristo.

Com um movimento brusco, usou de sua espada para empurrar a lâmina do rapaz para cima e acertou um chute forte e certeiro em seu peito. As costelas de Michael estalaram com o impacto e ele caiu sobre um joelho, as mãos comprimindo os ossos partidos que já trabalhavam para se curar.

O Diabo ergueu a espada preta, pronto para acertar o pescoço dele. O Anticristo conjurou duas adagas e fincou-as nos joelhos de seu rival, rolando para o lado bem a tempo de desviar do corpo que cairia sobre ele. Com esforço pelas costelas machucadas e respiração dolorida, conseguiu se colocar de pé.

— Ainda não. — Um movimento da mão de Michael, e duas estacas de escuridão se fincaram nas costas de Lúcifer no exato momento que tentava se levantar. Ele caiu sobre os cotovelos de novo, com um grunhido de dor.

— Espertinho — o oponente rosnou entredentes, dessa vez conseguindo se erguer. Ele levantou a cabeça para encarar o Anticristo, os olhos pretos brilhando com profundo desprezo. — Nós teríamos sido um time e tanto se você não fosse um traidor maldito.

Ele atirou uma adaga preta na direção de Michael, que a evitou por muito pouco.

— Um time, até parece! — O rapaz riu com escárnio, sombras estalando em suas mãos, prontas para atacarem. — Você não se contentaria com um poder como o meu fora do seu alcance; livre. Eu nunca seria mais que escravo de sua vontade, como fui por anos.

— Um preço baixíssimo a pagar pelo que eu o oferecia — Lúcifer argumentou, os dedos se contraindo ao lado do corpo. Uma besta preta de quatro patas nasceu das suas sombras, os olhos vazios fixos no Langdon. — Agora, morrerá por nada. — Outras duas bestas idênticas surgiram em seguida, a personificação de seu mal. — E, quando eu colocar minhas mãos naquela híbrida vagabunda, ela vai desejar ter recebido a mesma misericórdia que você.

Ele lançou os animais contra Michael. O Anticristo criou uma parede invisível e as bestas se chocaram contra ela. A colisão fez seu corpo estremecer, mas ele manteve a barreira firme. Não podia permitir que aquelas sombras o prendessem em um redemoinho como fizeram com Pandora mais cedo. Diferente dela, ele não tinha o luxo de uma distração para manter o inimigo ocupado.

O Anticristo odiava a forma como Satã falava de Pandora. Ele não conseguia nem mensurar o que o demônio faria com ela quando ganhasse a guerra, não conseguia sequer imaginar sem colocar as vísceras para fora. Não se conformava com aquilo, não se conformava com aquele futuro. Ele não quebraria sua promessa, e certamente não permitiria que o pai tocasse na Angemonium de novo.

Não sabia exatamente por quanto tempo aguentaria segurar a escuridão para longe, mas sabia que não seria prudente gastar suas forças remediando o inevitável. Precisava pensar, rápido.

— O que vocês estavam pensando? — A voz do Diabo viajava pelo espaço entre os dois, atingindo-o como ácido. A cada palavra, as sombras se forçavam mais contra o escudo. — Que poderiam simplesmente invadir o meu domínio? Que seriam páreos contra mim, agora que atingi o auge do meu poder? Olhe só para você, gastando seus últimos suspiros numa batalha perdida. Onde está a sua preciosa Pandora agora que precisa dela?

ME AND THE DEVIL ➸ michael langdonWhere stories live. Discover now