08. couple's therapy

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— michael!

Mais cedo naquele fatídico dia, Michael estava inquieto.

Ele mal conseguira dormir na noite anterior, visto que a visita de Pandora havia levantado muitas dúvidas que o menino simplesmente não conseguia deixar de lado. Por fora, o Langdon não demonstrou o seu interesse no que estava acontecendo — não queria dar à Williams a satisfação de que estar certa sobre ele —, porém, em seu interior, tudo o que ele queria eram respostas.

— Ela disse que viria hoje — reclamou, cruzando os braços.

Ben estava, como de costume, sentado na poltrona de frente para o rapaz. Toda manhã eles tinham aquele tipo de "sessão", se é que poderiam chamar as suas conversas matinais sobre fantasmas e premonições disso.

— Você quer que ela venha? — O Harmon arqueou a sobrancelha.

Para Michael, se Pandora tivesse pelo menos uma quantidade mínima de inteligência, iria fingir que tinha alucinado com aquele lugar e nunca mais voltar. O loiro queria poder dizer que estava contando com isso, mas a verdade é que a ideia de que ela não cumpriria com sua promessa anterior fazia seu estômago ferver.

Ele não sentia vontade de vê-la, mas ao mesmo tempo sabia que não ficaria satisfeito se não a visse.

— Não tenho certeza — respondeu, sincero. — Ela me irrita, mas há coisas que me fascinam.

— Tipo o quê?

Michael não tinha planejado uma resposta para aquela pergunta.

— É estranho. — Comprimiu os lábios, pensando na garota. — Ela tem uma energia que eu não sou capaz de compreender, mas eu sinto que é tão... Familiar, como se eu já tivesse tido contato com algo parecido. — O menino balançava as pernas incessantemente. — Eu quero entender essa conexão e, infelizmente, precisarei de Pandora para isso.

— Ela parece causar muito estresse em você — o fantasma analisou, unindo as mãos sobre o colo.

— Eu acho que ela consegue estressar qualquer criatura — o Langdon constatou.

— Ela não me estressa.

— Qualquer criatura com vida — o loiro corrigiu, levando o homem a rir.

— Não acredito que faça muita diferença — Ben disse. — Seu problema com ela parece pessoal.

Michael cruzou os braços e desviou o olhar, sem saber como responder àquilo. A verdade era que ele não sabia o porquê de se irritar tanto com a Williams. De fato, a menina era intrusiva, insistente e irritante, mas aquilo não explicava o motivo de uma pequena parte do âmago do garoto insistir que ele deveria ter raiva dela, a mesma parte que o instigava a fazer todas as coisas desprezíveis que fazia.

— Não é pessoal — mentiu.

Ben apenas sorriu de lado, balançando a cabeça.

— Está na hora de almoçar — avisou, levantando-se. — Essa sessão acabou.

}{

Michael, de fato, estivera esperando Pandora. Ele não queria aumentar o ego inflado da garota deixando ela saber que estava certa, portanto mentiu sem escrúpulos ao falar que não era por ela que aguardava sentado ali.

Era verdade, porém, que Ben havia sumido. O homem fazia aquilo todo dia por volta daquele horário, mas Michael não fazia a menor ideia do motivo. Talvez o Harmon tivesse algum tipo de reunião com os fantasmas da casa, ou talvez um momento para si.

ME AND THE DEVIL ➸ michael langdonWhere stories live. Discover now