09. blackjack

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— pandora!

Pandora gostaria de dizer que era a melhor jogadora de Uno e que ganhou de Ben e Michael com maestria, mas a sua triste realidade foi perder três vezes consecutivas — uma para o Harmon e duas para o Langdon, que pareceu se divertir com a frustração da menina.

O fantasma esteve certo quando disse que o baralho serviria como descontração, a sua tensão realmente havia sido diluída, mas ela não conseguia deixar de sentir que ele sabia de algo que não os estava contando.

A Williams deixou a Murder House por volta das sete e meia, mais uma vez sentindo-se exausta espiritualmente quando pisou fora do terreno da mansão. A garota sabia que aquilo exigiria muito dela, não esperava que salvar o mundo fosse fácil, ainda mais se tratando do plano sobrenatural.

No dia seguinte, a vontade de fingir que aquilo nunca acontecera e jamais chegar perto daquela casa ou de Michael permeava sua cabeça outra vez. E, novamente, achou difícil seguir com essa ideia; sua necessidade por uma consciência limpa a traía.

A primeira metade do seu dia se deu assim como o anterior: Pandora foi à escola, saiu às quatro e já estava a caminho da Murder House em menos de trinta minutos. Desta vez, porém, ela já tinha em mente o que iria fazer quando chegasse.

Mais uma vez, pediu ao motorista que parasse na esquina, para que pudesse adentrar a residência sem levantar suspeitas.

— Cheguei — avisou, enquanto passava pela porta de entrada.

— Bem-vinda de novo. — Ben materializou-se do lado da adolescente, que conseguiu disfarçar o susto.

— Você tem que parar de aparecer assim.

O Harmon riu e ergueu as mãos, como se pedisse desculpas.

— Michael está na cozinha — informou.

— Obrigada.

Quando deu o primeiro passo, o homem colocou o braço na sua frente, a impedindo de seguir adiante. Ela olhou-o, confusa.

— Antes que vá, saiba que ele está em um péssimo humor hoje — advertiu.

— O que aconteceu? — questionou, porém a resposta do fantasma foi dar de ombros e balançar a cabeça. Nem mesmo Ben sabia.

Pandora engoliu em seco e andou até a cozinha. Ela nunca estivera no cômodo, então espantou-se com seu tamanho exagerado, porém não demorou até que sua atenção se direcionasse ao garoto sentado no balcão. Michael tinha uma tigela de cereal posicionada à sua frente, mas parecia mais interessado em mexer o leite com a colher do que comer de fato.

— Oi. — Sentou-se ao lado do garoto. — Uau, eu que perco o jogo, mas você que fica de mau-humor.

O Langdon não se virou para vê-la, mas ela pôde perceber que ele havia revirado os olhos. A ruiva soube que teria um dia complicado pela frente.

Ela queria saber o que havia acontecido ao rapaz, mas sabia que ele não a contaria naquele momento.

— Eu trouxe outro jogo — anunciou, esperando que o loiro fosse dar algum sinal de vida. — Tive a ideia depois de ontem, quando Ben nos forçou a jogar...

Michael parecia realmente empenhado em ignorar sua presença, coisa que causou uma leve irritação em Pandora. Sabia que o que tinha a dizer era muito mais interessante que um sucrilhos.

— Você pediu por isso. — Ela tomou a tigela de sua mão e levantou-se.

A Williams havia finalmente conseguido sua atenção, mas agora que a tinha, duvidava fortemente que havia sido uma escolha sensata. Michael parecia furioso — e com razão.

ME AND THE DEVIL ➸ michael langdonWhere stories live. Discover now