58. a dinner with the antichrist

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— michael!

Por mais que Michael Langdon quisesse estripar Jeff Pfister e Mutt Nutter — os cientistas viciados em cocaína com quem tivera uma reunião mais cedo —, o rapaz sabia que apenas através daquela dupla ele conseguiria sua Sra. Mead de volta.

Eles não iriam trazê-la de volta, exatamente, mas sim criar uma androide à sua imagem e semelhança, tendo como base tudo o que o Langdon lhes revelasse sobre ela. Não era exatamente o ideal, porém ele não sabia o que faria se a mulher não estivesse ao seu lado, o guiando e aconselhando — mesmo que fosse uma versão robótica dela.

Quando chegou ao Arcand Resort, o Anticristo estava ansioso e nervoso. Ele temia que os donos da Kineros Robotics pudessem não atender às suas expectativas e se via estressado quando pensava que o trabalho estava a meses de ser concluído. Paciência nunca fora bem seu forte.

Pelo menos, ele teria algo com quem se distrair naquele tempo: Pandora Williams, sua intrigante companheira de viagem, dotada de um poder magnífico que sequer parecia compreender. O Langdon fez de sua missão entender o que a jovem era e convencê-la a se tornar sua aliada até o dia em que Miriam Mead 2.0 fosse finalizada. Com um poder daqueles ao seu lado e Mead aconselhando-o, nada poderia pará-lo; nem mesmo as bruxinhas lideradas por Cordelia Goode.

O Anticristo estava esparramado no sofá da sala, aguardando pelo momento em que a adolescente desse as caras. Ele descobrira que a jovem estava cochilando quando adentrara o quarto errado mais cedo, restou-lhe apenas aguardar por ela na sala, observando os próprios pés repousados na mesa de centro e pensando em sua existência ligeiramente miserável para alguém intitulado "Semente de Satã".

A porta ao seu lado se abriu, lançando uma corrente de ar frio em sua direção. Os pelos de seu corpo se arrepiaram e ele franziu o cenho em descontento — ele sempre preferira o calor e não conseguia entender como aquela criatura ruiva poderia gostar de dormir em um ambiente congelante.

— Ah, você chegou — Pandora observou, coçando o olho.

Seus cabelos ruivos pareciam levemente embaraçados, seu rosto tinha marcas vermelhas por conta das linhas do travesseiro e ela vestia uma blusa com o dobro de seu tamanho, com um short de algodão por baixo. Ele se irritava por sempre reparar sua beleza quando a olhava, mesmo quando estava toda desengonçada, como naquele momento.

Michael não deixou sua expressão se alterar.

— Já faz um tempo.

A garota bocejou e caminhou até o sofá, sentando-se na extremidade oposta à que ele se encontrava. Seu hálito tinha cheiro de menta, como se tivesse acabado de escovar os dentes.

— Sabe que horas são? — perguntou ela, apoiando o cotovelo no braço do sofá.

O Langdon não possuía um relógio, tampouco um celular.

— O Sol se pôs há uma hora — respondeu, indicando o céu estrelado do lado de fora. Apesar de já ser tarde, alguns grupos de jovens permaneciam na praia abaixo. — Eu acho.

Ela meneou a cabeça lentamente, como se ainda se situasse à vida.

— Como foi lá, com os caras? — a Williams indagou.

O menino se esforçou para não deixar que sua neutralidade se desfizesse. Fingir ter tudo sob controle o ajudava a amenizar a ansiedade e o nervosismo, ainda que fosse apenas um jeito de enganar seu cérebro.

— Jeff e Mutt não vão trazê-la de volta. — Ele engoliu em seco. — Os dois são cientistas, trabalham criando robôs. Eles vão criar uma inteligência artificial com base nas minhas memórias sobre Mead e tudo que conseguirem encontrar sobre ela em redes sociais e afins.

ME AND THE DEVIL ➸ michael langdonOnde histórias criam vida. Descubra agora