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O plano era claro, não havia erros nem chances para falhar. Fazer contato com os de dentro, abrir o banker, entrar com o soro do sangue metálico e trazê-los para cima.

Raven estava confiante. O Rádio que Bellamy consertou e usava para comunicação de sua família agora serviria para contatar Osley e os wonkru. O que poderia dar errado?

Em meio ao deserto, dentro de cabanas, Monty e Madi organizavam os mantimentos.

— Como eles são? — Madi pergunta com olhar curioso

— Eles? — Bellamy fala alto de fundo. Ele planejava a rota que fariam para voltar ao vale, mas não se segurou ao ouvir tal pergunta da filha.

— Quer dizer.. Octavia? — Monty pergunta já sabendo que ela era sua favorita das histórias que seus pais lhe contavam. A pequena rir. — Acho que a melhor pessoa pra responder essa pergunta é o Bellamy, mas eu arriscaria defini-la como... arrepiante.

— Bem como pensei. Ela deve ser um estouro. — diz a menina tirando gargalhadas de todos.

Clarke havia ficado com Harper no vale, onde iria avaliar a gravidez. Bellamy sente por ela não estar ali e ter que esperar seis dias - na rota mais rápida - para ver sua amada.

— Aqui é Raven Reyes falando da superfície, respondam. Câmbio. — O silêncio que todos fazem a espera de uma resposta é aterrorizante, afinal tudo era possível e ninguém ali sabia de nada que ocorreu nos últimos anos.

— E se eles estiverem com o equipamento quebrado? — indaga Echo.

— Haviam engenheiros lá dentro. Mecânicos. Skaikrus. — Monty diz por sua vez.

— Talvez não tivessem como consertar, ou então não recebem sinal. — Emori suspeita.

— Ou, a resposta que ninguém quer cogitar, porém a mais certa e coerente..

— Calado, Murphy. — Bellamy o interrompe batendo forte na mesa improvisada. — Octavia está no comando, e ela é uma sobrevivente. Além disso, Kane, Abby, Miller, todos os nossos companheiros estão lá. Tenho certeza que estão vivos.

— Então iremos trabalhar com a ideia de que estão sem sinal. O que faremos? — Raven tenta acalmar, mas sua voz entregava que assim como a de Murphy sua esperança estava pequena.

— Iremos entrar. Passei anos tentando achar uma brecha e achei. Só precisamos tomar cuidado e ir em frente.

— Quem seria louco de entrar naquele túnel?

— Eu vou. — Murphy o encara e ri irônico

— Para ser o Superman só lhe falta o topete. E claro, OS PODERES MÁGICOS.

— Murphy está certo, não podemos arriscar. Além do mais estaremos arriscando eles também.

— Eu sei que é um risco, está bem? Mas é um risco que eu estou disposto a correr. O túnel está seguro, o suficiente pelo menos. E tem uma porta separando a sala de entrada deles, uma porta que irá anular a radiação de entrar.

— Esperem! Cadê a Madi? — Emori pergunta, fazendo o coração de Bellamy quase parar. Eles olham para o buraco que dava passagem para o túnel e correm o mais rápido possível.

Pov. Madi.

— Quem é você? — um homem alto e cheio de tatuagens pergunta. Madi nunca havia lhe visto, mas suspeitou ser alguém da guarda da grande Osleya.

— Madi. Onde está a Octavia? — pergunta a menina. O guarda olha para a sala de trás e de repente a porta abre, dando passagem para a mulher que um dia fora Octavia Blake.

Sua maquiagem de guerra não era como nos desenhos que Clarke havia lhe mostrado, estava diferente, era vermelho sangue, pintado com marcas de dedos, como se ela tivesse apenas passado na cara. Seus cabelos não estavam mais trançados, seu olhar não demonstrava esperança alguma.

— Como conseguiu sobreviver? — Ela pergunta seca, mas antes que Madi pudesse responder alguém bate na porta atrás da menina e ela se abre, é Bellamy quem surge descendo as escadas.

— O que estava pensando? Você quase me matou de susto. — diz averiguando se Madi está bem. Em sua frente Octavia o encarava com lágrimas nos olhos, sem conseguir acreditar que seu irmão estava ali, tão perto.

— Eu achei ela. — a voz da menina faz Bellamy olhar direito para sua frente.

— Octavia! — diz e sem pensar duas vezes abraça a irmã que a muito não via.

— Eu sabia. Eu sabia que você viria. — a voz trêmula dela faz seus guardas se entreolharem, como se nunca tivessem a visto fraquejar daquela forma.

A porta se abre novamente e dessa vez é Monty quem aparece.

Ele levanta a mão direita em comprimento da velha amiga, Octavia assente e sorri surpresa.

— Quantos de vocês sobreviveram?

— Todos! E de vocês? — ele pergunta mas o brilho dos olhos dela logo some.

— 1014.

— Trouxemos frutas e peixes. — A voz de Madi faz todo o clima de morte ir embora. Agora eles apenas riem.

— Blodreina, mas e a arena? — um dos guardas perguntou em voz baixa, mas Bellamy foi capaz de ouvir. Sua mente o levou a refletir sobre o nome a qual a irmã foi chamada.

— Levem todos à cantina e digam que meu irmão trouxe frutas e peixes. Diga que iremos para casa. — Os guardas saem, provavelmente para cumprir a ordem de Octavia.

— Kane e Abby? Como estão?

— Vera você mesmo.

Bellamy estende a mão para que Madi a pegue, e vira-se para Monty.

— Avise aos outros e traga os mantimentos para baixo. — pede.

— Deixa comigo.

Após Octavia atravessar a porta e fechá-la, para sua própria segurança, Monty sobe as escadas para voltar à superfície.

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— Como ela ficou assim? — O olhar de Abby estava tão vazio quanto o de Octavia, sua pele pálida e seus olhos vermelhos entregavam sua condição. De médica renomada a viciada. Difícil de se ver e ainda mais de acreditar.

— Não sei o que passou lá em cima, irmão, mas aposto que não foi nada comparado ao que tivemos que fazer aqui em baixo.

— O que vocês fizeram? — Bellamy pergunta com medo da respostas, mas ele precisava saber.

— Comemos 186 pessoas. — A voz de Abby saiu rouca e assustadora. A risada que deu em seguida fez Bellamy se arrepiar da cabeça aos pés.

— Do que ela está falando, Octavia? —

— A culpa a deixou assim. Da mesma forma que eu virei Blodreina, Abby virou viciada e Kane um homem morto. 

In Another Life - The 100 [REVISÃO]Where stories live. Discover now