Prólogo

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Prólogo 

Dulce, Novo México - Anos antes

             No mais profundo andar da Base de Dulce, o choro de uma mãe, com o filho recém-nascido nos braços, soava baixinho. A morte os espreitava pelo canto dos olhos, aguardando sua vez. Ela abraçou o pequeno ser implorando aos deuses que realizassem um milagre, enquanto as lágrimas escorriam por seu rosto e respingavam na criança. Rogou que os salvassem, assim como o pai do seu filho, encarcerado em outra cela, no mesmo pavimento. Mas seu desejo não se tornaria realidade. Não ali, naquele lugar.

             A instalação militar subterrânea, estava localizada na divisa do Novo México e do Colorado, nos Estados Unidos da América. Era quase desconhecida, assim como a cidade que lhe dava nome. Ao menos até aquela última semana.

             O incidente chamou a atenção do país para o pequeno povoado de Dulce. As rádios e redes de televisão logo noticiaram que um experimento havia explodido e devastado boa parte do vilarejo. As informações veiculadas na mídia deixaram a cúpula do governo com os nervos à flor da pele, e mesmo Edward Smith, o diretor da NSA, esclarecendo que o fato tratou-se apenas de um vazamento de gás em uma tubulação, não impediu o envio de representantes do Congresso americano, os quais estavam prestes a chegar.

             No terceiro nível, dois agentes marchavam apressados em direção à sala do diretor. Collins era alto e grande como um guarda-roupa. O corte que havia ganhado recentemente em seu rosto estava coberta por curativos, mas não deixava transparecer que seu ferimento latejava. O outro, Baker, era igualmente alto e forte, porém, mais inteligente e menos frio, e embora tivesse menos anos na NSA, a Agência de Segurança Nacional, do que seu companheiro, tinha experiência suficiente para realizar o trabalho para o qual foram designados.

             Um homem com rosto redondo e paletó cinza claro, que contrastava com a sua pele escura, os aguardava sentado atrás de uma mesa grande de madeira enquanto avaliava os relatórios que tinha nas mãos. Edward Smith interrompeu a análise dos documento e olhou para os agentes, quando eles adentraram sua sala. Levantou as sobrancelhas incentivando que dissessem algo.

             — Senhor – disse Collins. — A extração de informação foi negativa. Tentamos de tudo, mas ele não disse nada.

             O diretor da NSA voltou os olhos em direção às folhas, tirou os óculos e massageou as têmporas, esperando ter uma última ideia capaz de fazer seu prisioneiro falar. Pensou em várias outras formas para arrancar a informação, mas todas as hipótese estavam descartadas. Sabia que deveria evitar o contato direto com ele o máximo possível. Nenhum outro recurso lhe veio a mente. Seu tempo era curto. Os representantes do governo estavam prestes a chegar e toda sua carreira estaria perdida. Então tomou sua decisão.

             Ed Smith e seus homens desceram até o nível seis, onde as celas guardavam seus segredos. Caminharam até uma construída especialmente para aquela ocasião. A prisão era um cubo grande, fechado em todos os lados por grossas placas metálicas, compostas de titanium e nano partículas de diamantes artificiais, capazes de impedir qualquer um, ou qualquer coisa, de entrar ou sair. O diretor parou próximo de Maria Kasensko, uma agente loura e alta, que já o aguardava. Collins, Baker e uns oito soldados armados, pararam logo atrás.

             O cárcere parecia não ter portas, apenas um muro de metal com um pequeno painel. Ed Smith fez sinal para um soldado que tocou alguns botões no painel. No instante seguinte, estímulos eletromagnéticos entraram em ação fazendo com que os diamantes se realocassem e a estrutura metálica ficou transparente como vidro, deixando que todos vissem o ser em seu interior.

O Explorador de Mundos - A Esfera de CristalWhere stories live. Discover now