Capítulo 11

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            O delegado Paulo Torres estava em sua sala, na delegacia onde trabalhava, com o ar condicionado no máximo para espantar o calor. Naquela manhã, em especial, o Rio de Janeiro parecia bem mais quente.

            Ele pensava sobre a noite anterior. A ligação do seu superior. A presença de ditos diplomáticos armados e como resolver aquele caso. E quem eram Will e Daniel Baker.

            Mas o que mais lhe chamou a atenção, e isso ficava lhe remoendo o cérebro, foram dois momentos. Primeiro, como aquele americano pareceu mentir quando disse que Will Baker e seu filho tiveram apoio de outro carro para fugir levando as garotas. Segundo, ele pareceu ficar ofegante quando o delegado se aproximou do elevador. Tinha certeza de que o homem estava com a mão na arma naquele momento. Ainda não sabia o porquê de tudo isso, mas jurou que iria descobrir.

            Um policial abriu a porta e informou ao delegado que havia uma repórter querendo saber sobre o caso da noite anterior. Ele pediu que avisasse a jornalista para aguardar um instante, quando o inspetor José Silveira entrou na sala.

            — Doutor, os relatórios chegaram.

            — Então desembucha logo.

            — Will Baker não trabalhava. Vivia de rendimentos que lhe eram depositados todos os meses pela empresa americana ASA – Amazing Space Adventure. Morava com o filho naquele apartamento, há cinco anos. Nenhuma passagem pela polícia. Nada de cartões de crédito. Não conseguimos nada através das ligações telefônicas. Rotina dentro da normalidade. Frequentava pouquíssimos lugares, nada especial. Gostava de se divertir com o filho praticando esportes que o senhor chamaria de radicais: asa delta, paraquedismo, rapel, etc. Mas tem uma coisa que eu achei muito estranha – fez uma pausa e o delegado esperou que ele continuasse. — Não existe nada antes dos últimos cinco anos. É como se antes disso eles não existissem.

            — Dois fantasmas andando pelas ruas do Rio.

            — Tem mais uma coisa, doutor. Um mandado de prisão para ambos foi emitido ontem, pela Corte de Justiça Americana. Está nos arquivos da Interpol.

            — Opa! Então temos algo – o delegado pensou por um instante. — E as câmeras do local?

            — Nenhum vídeo, senhor. Ou danificadas, ou desligadas.

            — Nada?

            — Nada – confirmou o inspetor.

            Paulo Torres coçou a nuca na esperança de que uma ideia pegasse no tranco.

            — E as garotas que haviam desaparecido? – quis saber, então.

            — Continuam desaparecidas, senhor.

            — Tudo bem. Vamos fazer o seguinte: instaure os inquéritos por porte ilegal de arma de uso restrito e suspeita de sequestro das garotas. Quero pedido ao fórum local para uma ordem de prisão preventiva para Will e de apreensão para Daniel, pois ele ainda é menor. Avise todas as viaturas. Coloque todos os policiais em alerta – olhou fixo para o subordinado. — Faça isso agora.

            — Sim, senhor – consentiu o inspetor e virou-se para sair da sala.

            — Silveira – o delegado chamou e o inspetor parou fazendo uma meia volta. — Por favor, peça à repórter, que está aí fora, para entrar. Preciso despachá-la logo.

O Explorador de Mundos - A Esfera de CristalWhere stories live. Discover now