Capítulo 8

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            Era tarde da noite. Elisa estava furiosa e no meio da rua. Não era algo que havia planejado. Iria entrar. Custasse o que custasse.

            Por um momento, viu quando dois policiais chegaram e também tentaram entrar. Ficou surpresa quando eles foram barrados pelo grandão de terno preto. Em seguida, os policiais fizeram menção de sacarem suas armas, mas outro homem se aproximou. Estava próxima o suficiente para vê-lo. As luzes das viaturas policiais mostraram um homem baixo, de barriga saliente e de terno claro. Depois de discutir com os policiais e de um telefonema atendido por um deles, os dois voltaram para a viatura.

            Mas o que está acontecendo? O porteiro do meu prédio sumiu. Homens estranhos me impedem de entrar na minha própria casa. E até a polícia fica pra fora. Algo está muito errado – pensava a garota.

            Elisa deu a volta no prédio sem deixar que a vissem. Do lado direito do seu condomínio havia uma ruela e o muro se estendia até a autoestrada atrás dele. Lembrou-se de uma entrada que havia ali, a meio caminho.

            Passava da meia noite e ela hesitou ao chegar na pequena rua. As luzes das viaturas, que piscavam insistentemente, lhes devolveram a coragem. Qualquer engraçadinho que pudesse estar por ali, já havia sido espantado pelos highlights há muito tempo.

            Se embrenhou pela via escura como breu e pegou o celular no bolso para ir clareando o caminho. Como estava no cinema no momento do disparo do pulso eletromagnético, seu aparelho funcionava normalmente.

            Logo chegou em frente a uma porta branca, de ferro, e colocou seu telefone, todo iluminado, bem na frente da câmera instalada acima da entrada. Esperava que alguém visse e destrancasse a porta para ela entrar.

            Droga! O que estou fazendo. Tá tudo apagado, ninguém vai ver isso. Mas e o gerador de emergência do edifício. Porque não ligou? Preciso entrar logo, não vou ficar aqui fora de jeito nenhum.

            Ela deu um passo para o lado e trombou com algo que fez um pequeno barulho. Girou seu celular na direção do objeto e viu os grandes recipientes plásticos para depósito de lixo. Olhou para o alto do muro e percebeu que, se subisse naquelas caixas grandes poderia pulá-lo.

            Imediatamente alcançou o topo do muro, mas nesse momento descobriu que ele era cravejado com objetos pontiagudos.

            Pensou um instante. Clareou o lixo abaixo e viu caixas de papelão. Pegou algumas delas e cobriu as pontas sobre o muro. Agora ficaria fácil transpor aquele obstáculo. Num pulo estava do outro lado.

            Enfiou o celular no bolso. Lá de fora as luzes das viaturas adentravam o recinto do edifício por entre as grades e ela viu para onde precisava ir. A porta que dava acesso à área de lazer do condomínio ficava na parte de trás do prédio. Poderia entrar por lá.

            Atravessou o jardim tentando esconder-se atrás dos arbustos e coqueiros que bloqueavam os faróis dos carros, até chegar próxima da área de lazer. Ali, tudo era puro negrume.

            Andou tateando a parede. No final dela, quando iria dobrá-la, viu uma brasa e voltou. Olhou novamente e teve certeza. Alguém fumava seu cigarro enquanto vigiava a entrada.

            Que droga! Como vou subir? Pense Elisa, pense! – insistiu consigo.

            Arrancou um dos tênis que calçava e o jogou longe. O calçado bateu em um arbusto que chacoalhou. O vigia soltou o cigarro e pisou sobre ele. Em seguida acendeu sua lanterna. Mirou-a para vários locais, mas permaneceu na porta.

O Explorador de Mundos - A Esfera de CristalOnde histórias criam vida. Descubra agora