Capítulo 13

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            Quase trinta quilômetros e muitos minutos depois de saírem da casa de Hugo, os dois garotos chegaram à área central do Rio de Janeiro. Mesmo Daniel tendo insistido para que o amigo ficasse, este não concordou. Era teimoso e queria ajudar a encontrar Will e as garotas. No fundo, ele não sabia o rumo que as coisas tomariam. Se soubesse, talvez não acompanharia Daniel.

            Estavam agora onde a cidade maravilhosa havia se desenvolvido como Capital do país, até esta ser transferida para Brasília. A região é ocupada por uma mescla de prédios antigos e contemporâneos. Ali estavam Tribunais, Casa Legislativa e vários órgãos administrativos do Município e do Estado. Havia também museus, templos, embaixadas e arranha-céus, sedes de grandes empresas e bancos.

            Desceram do coletivo próximo ao edifício da Petrobrás. Um prédio com arquitetura moderna, que mais parecia um brinquedo de montar, cujas vigas de sustentação entre os pavimentos assemelhavam-se a pinos de encaixe. Ao lado, a Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro mostrava-se imponente com seu formato cônico, lembrando uma pirâmide maia, com as entradas de ar laterais que mais pareciam escadarias subindo até o topo. Porém, Hugo achava que ela lembrava mais uma cápsula de pouso das naves Apollo.

            Enquanto caminhavam Daniel pegou a chave em seu bolso para dar uma última olhada nela antes de chegarem ao banco. Checou as inscrições. Será que estavam no caminho certo? Ele não tinha certeza, mas iria descobrir logo.

            Dobraram à direita na primeira rua e avistaram a fachada e o luminoso. Ali estava a agência 0001-9 do Banco do Brasil.

            Ao entrarem no local ninguém os recepcionou. Daniel procurou a máquina de senhas e retirou uma. Minutos depois ele foi chamado em uma das mesas. Um senhor de cabelos grisalhos, nariz adunco e cara de poucos amigos, o atendeu. Não deu muita importância ao garoto com jeans, camiseta e boné, e ao gordinho que sentaram na sua frente.

            — Por favor, gostaria de verificar meu cofre – disse Daniel mostrando a chave.

            O bancário solicitou os documentos do jovem e verificou os dados grafados no objeto, lançando-os no computador da sua mesa. Como num passe de mágica, tudo mudou. O homem abriu-lhe um sorriso de ponta a ponta.

            — Senhor, Daniel Baker. Seja muito bem-vindo a nossa agência. Vou providenciar imediatamente seu acesso ao cofre. Um momento, por favor.

            O homem magro e não mais de cara fechada, levantou-se indo para o fundo do banco até sumir. Os garotos se entreolharam na esperança que um deles soubesse o que aconteceria em seguida. Alguns minutos depois o homem retornou e conduziu Daniel pelo caminho que ele havia feito antes, enquanto Hugo aguardou na cadeira estofada, junto à mesa do bancário.

            Eles adentraram uma porta e, passando por um corredor comprido, chegaram a um lance de escadas, por onde desceram. Alguns metros à frente estava a entrada do cofre. Uma sala grande com uma mesa e uma cadeira no centro. Nas paredes, uma infinidade de portinholas com letra e números.

            — O cofre do senhor é este aqui – mostrou com uma das mãos o anfitrião.

            Daniel ficou receoso com tamanha mudança do homem, não entendeu o que havia acontecido para aquela rápida metamorfose. Mas decidiu esquecer do bancário quando ele lhe devolveu a chave e saiu.

            Ele não sabia, mas Will Baker, prevendo a possibilidade de que seu filho necessitasse chegar até o cofre, solicitara àquele mesmo funcionário do banco, cinco anos antes, que lhe providenciasse acesso irrestrito. Por aquele serviço especial, Will combinara com ele que, quando aquela chave lhe fosse apresentada, o homem abria o cofre e pegaria os dez mil reais que havia dentro, seria o seu pagamento. Todo o resto deveria ser deixado no cofre para o garoto.

            Foi até a parede, no local indicado pelo homem de cabelos grisalhos e encontrou o número "E56". Imediatamente inseriu a chave no segredo e a rodou, em seguida a pequena porta se abriu. Dentro havia uma caixa de ferro que Daniel levou até a mesa. Levantou a tampa da caixa e se deparou com algo inesperado.

            Tá de brincadeira, pensou.

            Aquilo não podia ser mais hilário. Principalmente naquele momento.

            Um boneco de Han Solo, da série Star Wars. O homenzinho tinha calças azuis com frisos vermelhos que entravam pela bota preta de cano alto. Coldre para arma laser fixo no cinto e amarrado à perna direita e um colete preto sobre uma camisa branca. Era bem parecido com Harrison Ford, o ator estadunidense que deu vida a personagem.

            Junto do brinquedo, estava um pedaço de papel. Nele havia um número de telefone com nove dígitos e a seguinte frase:

            "LIGUE PARA ESSE NÚMERO E DIGA QUE HAN SOLO MANDOU.

            PS: USE UM TELEFONE PÚBLICO".


O Explorador de Mundos - A Esfera de CristalWhere stories live. Discover now