Montanha russa

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Ana

Thomas volta com um papel na mão.

- Eu tentei desenhar você hoje mais cedo. - fala me entregando.

- Eu sabia que aquela garota era...- paro de falar quando noto que não se tratava do mesmo desenho que ele havia me mostrado antes e sim outro bem melhor.

- Meu Deus, Thomas. Isso aqui tá muito bom, você é muito talentoso.

- Você gostou mesmo ou só está falando isso para me agradar?

- É óbvio que eu gostei, isso está perfeito. Você tem mais outro talento que eu ainda não sei?

- Pode ter certeza que sim - diz dando um sorriso malicioso.

- Idiota.

- Eu te dou um presente e é isso que recebo? Esperava mais de você dona Ana.

Rio dando um empurrãozinho nele, ficamos conversando e quando o sono chegou decidimos ir dormir.

*************

Thomas

Eu estava saindo da faculdade para almoçar quando recebo uma ligação da Laura.

- Alô?

- THOMAS, VOCÊ NÃO VAI ACREDITAR - o grito dela fez com que eu afastasse o celular do ouvido, caso contrário ficaria surdo.

- Fala logo Laura, tô morrendo de fome e quero ir almoçar.

- Contrataram a banda, mas não é um contrato qualquer, o dono do festival, que acontece naquela cidade próxima daqui, vai pagar uma grana do caralho para o show de vocês.

- Nem fodendo - aquilo não podia ser real, a Laura só pode estar brincando com a minha cara.

- É sério, mano. Tenho certeza que a carreira de vocês vai dar uma alavancada depois disso.

- Quando é o show?

- Mês que vem, mas eles precisam de uma confirmação até semana que vem.

- Combina com os garotos da gente se encontrar mais tarde, precisamos planejar tudo certinho.

- Ué, você não tem aula da faculdade de tarde?

- Isso é mais importante do que qualquer coisa.

Desliguei o telefone me sentindo em um sonho, mas logo acordei quando lembrei que ainda teria que enfrentar meus pais, por mais que eu seja maior de idade eles acham que eu tenho que dar satisfação de tudo que faço.

Chego em casa e avisto a minha mãe, algo raro já que ela nunca almoça em aqui. Ela está comendo sozinha, esse é o momento perfeito para eu contar sobre o festival.

Não está nos meus planejamentos contar ao Albert, pois sei que ele irá surtar. 

- Mãe, você não sabe o que aconteceu - falo me aproximando.

Ana

Eu estava ajudando Julieta a tomar banho quando escutei gritos vindo do andar de baixo e pelas vozes já sabia quem era, Albert e Thomas como sempre.

Eu poderia facilmente continuar vivendo e fingir que nada estava acontecendo, já que isso é comum por aqui, mas os gritos foram se intensificando cada vez mais o que me fez ficar preocupada com o rumo da briga.

Pelo o olhar de Julieta eu senti a obrigação de ver o que estava acontecendo.

- VOCÊ É A PORRA DE UM EGOÍSTA QUE SÓ PENSA NO BENEFÍCIO PRÓPRIO - foi a primeira coisa que ouvi quando cheguei, notei que Thomas estava vermelho e com as veias do pescoço pulsando.

- Thomas, se eu sou egoísta você é um inútil, não acrescenta em nada na casa e muito menos na empresa, o dinheiro que ganha gasta com bebidas e farra - Albert não gritava, mas suas palavras eram duras o bastante para machucar.

- Não fale assim com o seu filho! Vamos todos nos acalmar, por favor - Tracy suplica claramente tensa com a situação.

- EU SEMPRE SOUBE O QUÃO BAIXO VOCÊ É, SEMPRE SOUBE. VOCÊ NUNCA COMEMOROU AS MINHAS VITÓRIAS, SERIA INGENUIDADE MINHA PENSAR QUE AGORA SERIA DIFERENTE - os gritos de Thomas eram como rugidos, ele estava colocando tudo para fora.

- Vitória? Que vitória? Eu só vejo fracasso atrás de fracasso, desgosto atrás de desgosto - Eu nunca vi Albert ser tão duro com Thomas como agora.

- SE EU SÓ DOU DESGOSTO POR QUE VOCÊ NÃO ME DESERDA LOGO? ME EXPULSA DE CASA VAI, EU SEI QUE É ISSO QUE VOCÊ QUER ALBERT! - Ele se aproximou e agora estavam cara a cara, Tracy lançou um olhar de desespero para mim e eu entendi o que fazer.

- Thomas, se acalme, gritando não vai te levar a lugar nenhum - ao me ouvir se virou para mim, aproveitei para afasta-lo de Albert o puxando pelo braço, sei do que ele é capaz de fazer com tanta raiva.

- Seu pai nunca te expulsaria de casa, filho. Não fale isso - pela reação de Albert com a fala de Tracy ele claramente pensava o contrário de sua esposa.

- Você nunca gostou de mim, não é? - Thomas agora não gritava mais, talvez ele tenha me escutado.

- Isso não é verdade, nem sempre você foi rebelde assim.

- Pare de agir que nem um imbecil, eu sei que você passou a me odiar quando Adam morreu.

O Irmão Mais VelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora