O vestido

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Ana

Entramos na loja que Julieta tinha falado que queria ir, a mesma foi correndo a sessão infantil.

- Olhe pessoal, o que acham desse vestido?

- Horrível - Thomas responde, eu o repreendo com o olhar

- Não escute o idiota do seu irmão, é lindo.

Julieta fez o que eu disse e me deu o vestido para que ela pudesse experimentar depois, esse processo de escolher roupas já estava acontecendo a uns 10 minutos e meus braços não cabiam mais nada.

- Não acha que está bom não? - Thomas pergunta.

- Hm... - Julieta coloca a mão no queixo pensativa - na verdade acho que sim, vamos ver quais ficam boas.

Ela já havia provado calças, blusas, jaquetas, vestidos e ainda não estávamos nem perto de acabar, agora eu entendi o porquê da Tracy ter fugido.

Eu e Thomas estamos sentando em um banco que fica na frente dos provadores, Julieta desfila e falamos o que achamos das roupas.

- O que acham desse conjunto? - ela pergunta, o conjunto em questão se trata de uma saia e blusa com estampa florida, um pouco brega eu diria.

- Você está parecendo um sofá - o comentário de Thomas fez com que eu desse risada. Julieta ficou nos encarando. 

- Tava pensando aqui... Vocês formam um casal bonito. - eu estava esperando uma repreensão e não um comentário como aquele.

- Concordo com você, Juju - Thomas responde rindo convencido.

- Isso nunca vai acontecer, agora vai ver logo outra roupa que os meus pés já estão me matando. - falo tentando mudar o assunto, mas as minhas bochechas rosadas podiam entregar o quão envergonhada eu estava.

- Eu sei que no fundo você concorda com a gente. - mostro meu dedo do meio como resposta ao comentário.

Finalmente acabamos e agora Thomas estava pagando o prejuízo que Julieta deu a loja, eu estou segurando 3 sacolas recheadas e Thomas mais 4, ainda bem que Tracy tem dinheiro o suficiente para isso tudo.

Estávamos passeando pelo shopping quando Julieta parou em frente a uma loja.

- Olhem que lindo esse vestido vai ficar em Ana, vamos comprar.

Ela se referia a um vestido que estava na vitrine, poderia ser considerado básico pela sua cor preta, porém ele aparenta acentuar as curvas e as mangas longas dão um charme a mais.

- Ju, eu nem tenho dinheiro para isso. - falo tentando voltar a andar, mas ela continuava parada.

- Um presentinho não faz mal, não é Thomas?

- Verdade... - Thomas analisou o vestido e depois olhou para mim, era como se ele tentasse imaginar eu vestida naquilo.

- Gente, sem chance, eu não uso vestidos.

- Ué, por que não? - Julieta pergunta colocando uma de suas mãos na cintura.

- Insegurança. - respondo rápido desviando o olhar.

- Insegurança de quê Ana? Você fica incrível com qualquer coisa. - Thomas diz me deixando sem reação.

- Concorda totalmente irmãozinho!

- Eu nunca me senti bonita em vestidos e saias, talvez pelas minhas pernas... - comento

- O que tem suas pernas? - Julieta pergunta encarando-as

- Elas são... estranhas? - eu também não sei exatamente o motivo de não me sentir segura usando aquelas roupas, mas sempre evitei de usá-las.

- Poxa, Ana. Não vai me dizer que não achou o vestido bonito.

- Eu achei, óbvio que achei, só acho que ele não combine com alguém como eu.

- Credo, sua autoestima tá muito baixa, temos que resolver isso depois. - fala Julieta que acaba desviando sua atenção para um canto do shopping - gente, eu posso brincar ali? - ela pergunta apontando para um grande playground.

- Ju eu tenho um compromisso daqui a pouco e ainda tenho que ir em uma loja...

- Faz assim, você me deixa lá por uns 20 minutinhos, é o tempo de você ir na loja.

- Pode ser - Thomas concorda com o plano de Julieta e vai com ela para pagar a entrada, eu resolvo sentar em um banco próximo ao playground, pois assim eu poderia ver ela brincando.

Julieta entrou e Thomas sumiu na multidão, provavelmente foi a loja que disse que iria. Se passaram 10 minutos e eu já estava completamente entendiada, então resolvo ir procurá-lo.

Sem querer quando estava andando esbarro em uma moça fazendo ela derrubar algumas sacolas.

- Olhe para onde anda garota - ela diz irritada.

- Me desculpe, senhora. Acabei não te vendo - eu falo pegando as sacolas do chão.

A mulher que antes estava irada agora me analisava.

- Você não é daqui, de onde veio?

- Como sabe? Eu vim do Brasil.

- Óbvio, só estrangeiros para serem tão desatentos assim - ela ri de forma debochada.

Essa conversa não está me agradando nem um pouco.

O Irmão Mais VelhoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora