Capítulo >2

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Edward's pov

Eu tinha acabado de tomar banho quando ouvi uma movimentação lá fora, olhei pela janela e vi outro caminhão chegando. Desci e fui para frente da garagem; era o jipe do Emmett e o Porsche da Alice que tinham chegado.

- Aaaa, finalmente o meu carrinho chegou! -- Meu irmão disse, enquanto meu pai assinava os papéis da transportadora.

Carrinho era pouco, era um jipe vermelho enorme; ainda bem que nossa garagem é grande.

- Ainda bem que meu bebê veio sem nenhum arranhão -- Alice diz alisando seu Porsche antes de entrar nele.

Aff, nunca vi tanto carinho por um monte de metal e ferro, é, talvez eu esteja com um pouco de inveja por não ter um.

- Pelo jeito vou continuar indo de carona pra escola -- Falo enquanto meu irmãos estacionavam seus carros dentro da garagem.

- Nos já conversamos sobre isso Edward! -- Meu pai fala após agradecer os funcionários da transportadora.

- É, devo ser o único nesse cubículo de cidade que não tem um carro! -- Reclamei.

- Não insista Edward, terá um carro assim que nos mostra que tem responsabilidade. -- Meu pai fala sério -- Quase se matou ano passado, não pensa na sua família?

Mas que droga, odiava falar disso! Meu pai jogava isso na minha cara toda vez que tínhamos esse assunto. Ano passado, eu sofri um acidente com meu Volvo, que envolveu mais outros três carros, não me lembro direito o que aconteceu, afinal, eu estava bêbado. Só lembro de acordar uma semana depois no hospital, desde então, meu pai enche meu saco todo o dia, falando que eu quase matei a família de preocupação e outras baboseiras... Ah, eu sei que errei, mas já aprendi a lição, não é justo me deixarem sem um carro.

- Qual é, pai, já se passou muito tempo, eu já mereço um carro! - continuei insistindo.

- Não merece, não. - sua voz era firme - Seu comportamento não mudou em nada, continua um irresponsável sem compromisso com as obrigações.

- Que inferno! - xinguei, caminhando de volta para a casa.

- Só estou me preocupando com você, Edward. - Meu pai fala enquanto eu saia.

Preocupando é o caralho! Está é arranjando desculpa pra arruinar com minha vida, droga! Fui pro meu quarto e nem desci pro jantar, não queria pedir desculpas pra ninguém, muito menos escutar sermão do meu pai.

Começou a chover forte e eu logo peguei no sono, já imaginando o que me esperaria na escola amanhã.


Isabella' pov

Domingo, dez e quinze da noite, estou me preparando para dormir, depois de mais um dia. Pode parecer normal para você, mas pra mim isso tem muitos significados. Um deles é que estou no último ano do colégio, por um tempo achei que eu não conseguiria chegar até o 3º ano, mas eu cheguei, então posso contar como mais um objetivo alcançado. É assim que eu faço, traço objetivos, não com o prazo tão distante, é lógico; não gosto de falsas esperanças. Já tenho outros em mente, como o aniversário do meu irmão Jasper, o da Rose, Natal e, quem sabe, o Ano Novo.

Tudo por causa da minha condição de saúde, não sou saudável, longe disso. Eu tenho leucemia mielóide aguda, desde os cinco anos, foi assim que minha mãe morreu. Ela tinha 32 anos, chances de cura? uma em cem mil. E olha que estamos nos EUA, Isso porque esse tipo é raro em crianças e jovens, e quase nunca se encontram doadores dentro da família.

No começo, até que reagi bem ao tratamento, dos 5 aos 8 anos, passei a maior parte do tempo no hospital, recebendo a poliquimioterapia, que é uma associação de medicamentos. Os médicos garantiram cura total e minha mãe, apesar sofrendo do mesmo mal, teve esperança. A doença ficou adormecida durante um ano, mas acabou voltando mais forte quando completei nove anos. Meus pais ficaram desesperados e, sob orientação do médico, resolveram ter outro filho. Então nasceu Annie, minha irmã mais nova, mas ela não era compatível comigo, assim como o Jasper. Com isso, passei para o tratamento com quimioterapia e radioterapia, enquanto esperava por um doador de medula óssea. Meu cabelo se foi, minhas forças se foram e até minha mãe se foi.

Quando eu tinha 12 anos, minha mãe morreu, foi horrível. Minha irmã não tinha nem dois anos e aquilo me abalou muito, tanto que quase não resisti após uma sessão da quimioterapia. Imagine uma criança durante duas sessões mensais de quimio durante dois anos inteiros. Eu quase morri, então meu pai decidiu parar com as sessões por um tempo, pois elas estavam me matando mais rápido que a doença em si. Tivemos sorte, uma vez que meus sintomas adormeceram por três anos, meu cabelo cresceu de novo e eu tentei viver uma vida normal, sempre com cuidados médicos.

No entanto, aos 15 anos, tive outra crise e fui parar no hospital. Os médicos insistiram para recomeçar o tratamento com a quimio, mas meu pai não aceitou. Meu corpo não tinha mais resistência para os coquetéis que usavam e isso podia reduzir ainda mais meus dias. Concordei em continuar apenas com os remédios e as transfusões de sangue, até que achassem um doador para mim.

Bom, aqui estou eu, ainda com os remédios e as transfusões, esperando pela pessoa que possa salvar minha vida. Não tem sido fácil, isso é fato, nem para mim nem para minha família. Meus sintomas crescem com os meses: anemia, dor de cabeça, náuseas, cansaço, desmaios... Meus irmãos estão sempre comigo, me apoiando, e meu pai procura por um tratamento ou doador em todos os cantos do mundo, eles têm esperança. E eu também tenho esperança, mas... Tudo é mais complicado pra quem vive isso na pele. É impossível não pensar em um final ruim, por mais que todos digam que vai ficar tudo bem. Às vezes não fica tudo bem, eu sinto, a cada dia que passa, a cada mês... sinto meu ser se esvaindo aos poucos de mim, sendo sugado pela inevitável máquina chamada tempo. E não sei o que fazer quando meu tempo acabar.

Estão gostando?? 💜

Doce e amargo Where stories live. Discover now