capítulo 68

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A cidade é fria e poucas pessoas estão na rua por conta do clima. As pessoas que observo são as mesmas que vi na outra vez que estive aqui, os homens com chapéus e as moças lindas que passam nas carroças. Há apenas um detalhe diferente: diversas pessoas estão reunidas na praça olhando um poste de madeira onde, em seu topo, é possível observar uma cabeça em estado de decomposição.

- olha lá, que nojo. - aponto para a praça.

Five: eu não acredito que aquilo ainda está ali.

- quando você veio já estava?

Five: sim, mas agora vamos tomar café, certo?

- sim.

Five: posso bater um pouco mais forte naquele garoto?

- que garoto?

Five: lembra que um garoto vem falar com você e eu soco a cara dele.

- ah, pra que agredir tanto?

Five: você é minha sua boba, nenhum cara pode chegar perto de você com segundas intenções.

- por isso o Liam tá morto né?

Five: por favor nem vamos tocar no nome do maldito, espero que ele esteja queimando no fogo do inferno agora.

- nossa Five, vamos falar de coisas boas, tipo o café que vamos tomar agora.

Five: exatamente, damas na frente. - ele aponta a porta da padaria, onde realmente as pessoas nos olham com desdém pelo fato de, eu acredito, que seja a roupa que usamos.
Tudo segue normal, pedimos o café e sentamos na mesa para tomar enquanto aguardamos novamente pelo garoto que virá. Enquanto tomo o café com calma, observo um cartaz na parede onde há desenhos de rostos provavelmente procurados pela polícia local, olho com calma cada desenho e noto um que se parece muito com Five.

- Five, você acredita em vidas passadas?

Five: não, por quê?

- olha aquele desenho, acho que em alguma vida passada você era criminoso.

Five: querida, talvez eu tenha que te contar algumas coisinhas... - ele engole em seco.

- não me diga que... - ele apenas concorda com a cabeça, então Five havia aprontado alguma. - o que você fez?

Five: viu aquela cabeça na praça?

- vi, o que tem ela?

Five: é de Liam.

- eu queria dizer que estou surpresa, mas não estou. - Five apenas sorri sarcasticamente.

Five: merda.

- o que?

Five: olha pra fora, a gestora tá vindo.

- mas nem dá pra ver daqui e o garoto ainda não apareceu.

Five: a gestora exala tanta desgraça que dá pra sentir de longe.

- nossa, mas e o garoto que não apareceu?

Five: erramos alguma coisa na ordem cronológica.

- talvez seja a cabeça que você colocou no meio da praça, né? Espero que isso não interfira no futuro.

Five: tomara mesmo. Vamos lá fora encarar a bruxa e rezar pra que não me reconheçam.

- vamos.

Suspiro fundo e levanto, andamos até a porta da padaria onde realmente é possível ver a gestora com os agentes. Tudo se repete, o tiro de choque, o soco que dou na gestora, a conversa, mas dessa vez há uma fala diferente.

Gestora: esse anel é familiar.

- an, foda-se?

Gestora: garota malcriada.

- vamos chega de conversa, me devolve o Five que eu quero ir embora.

Gestora: sinto muito, queria que nossa conversa fosse mais longa, mas você não colabora.

Como da vez passada, desmaio com o pó branco, mais conhecido como sopro do diabo. Quando acordo estou na sede da comissão amarrada com a mordaça, Five está na maca ao lado desmaiado e babando como deveria ser.

Os Drae se desprendem calmos do meu corpo e me soltam, também solto Five e o acordo da mesma maneira da vez passada, com um tapa forte.

Five: ei que isso?!

- sem tempo pra conversa, temos algumas cabeças pra cortar.

Five: nossa, isso doeu tá. - ele fala enquanto levanta da maca ficando em pé.

- como eu disse: sem tempo. Vamos logo, liberte seus Draes.

Five: tá. Saiam de mim criaturinhas.

- fiel ao cronograma, falou a mesma coisa até.

Five: sempre.

- destruam a sede da comissão, Draes! Agora vamos Five.

Five: tem uma coisa errada.

- o que?

Five: você me deve um beijo.

- é sério isso?

Five: é como deve acontecer, eu não mando em nada.

- ah é, vem cá. - puxo a camiseta branca dele para perto de mim e sugo o lábio superior dele enquanto Five suga meu lábio inferior, passo os braços sobre os ombros dele que segura minha cintura colando nossos corpos. Five retribui meu beijo lentamente mas com vontade. Ele se separa do beijo satisfeito me olhando com os lindos olhos verdes.

Five: acho melhor irmos pra agressão antes que os Drae desmaiem ali no chão. - olho em volta, onde vários dos Drae estão no chão tentando levantar vôo mas não conseguem pelo fato de estarem fracos do recente beijo entre eu e Five.

- eles são fofos, mas realmente precisamos ir pra agressão de qualquer forma.

Five: pois é, vamos lá.

- vamos.

Nos teleportamos para a sala das armas enquanto os Drae destroem a comissão, lá pegamos a adaga e o machado. Saindo, damos de cara com os guardas e tudo segue normalmente como deve ser: guardas, Cláudia, Lila, tudo normal até chegarmos na hora de adentrar o portal para Venice.

- preparado?

Five: nunca.

Gestora: bye bye rascunhos do capeta.

- ei pera ela não falava assim.

Sem tempo para resposta, somos lançados para dentro do portal saindo em Venice.

Uɴғᴏʀᴇsᴇᴇɴ || Five Hargreeves Where stories live. Discover now