vinte e dois

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RYAN

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RYAN


Meus olhos não puderam acreditar no que estão vendo. Primeiramente, pensei estar vendo uma assombração, ou apenas um lapso de memória, mas aqueles olhos… eu não podia confundi-los, pois eu os vejo todos os dias sempre que me olho no espelho. 

Minha mãe está bem ali. Sonhei durante toda a minha adolescência com esse momento; com ela voltando para casa, me acolhendo em seus braços maternos e dizendo que nunca mais iria me deixar, mas agora, olhando para ela, eu só sinto raiva. Uma ira que há muito tempo estava escondida ao redor do meu coração, esperando o momento certo para explodir. 

A noite estava perfeita. Há um segundo atrás, não havia mais ninguém com quem eu quisesse estar esta noite, mas nesse momento eu preferia que Jade não estivesse aqui. Não quero que ela veja isso, porque sei o que vem a seguir. 

— Ryan… — Jade toca no meu braço, e parte de mim quer relaxar diante do contato da sua pele, mas simplesmente não consigo me livrar dessa raiva. 

— Vamos embora — digo secamente, forçando as minhas pernas a me levarem para a saída. 

Não olhe para ela, não olhe para ela, apenas siga em frente… 

— Ryan… filho… 

Não fale comigo!, quero gritar, mas a minha voz está entalada na garganta. Essa dor é antiga, ela me corrói há anos, e agora parece duas vezes mais sufocante. 

Olho para ela. Olho para a minha mãe. Ela tem a decência de parecer envergonhada, com lágrimas brilhando nos olhos. Acho que ela percebe a mágoa nos meus olhos, o desdém, porque noto o exato momento em que os seus ombros se encolhem. 

Zaya não está tão diferente do que eu me lembrava. O cabelo se mantém médio, escuro, e os olhos têm destaque no rosto pálido. 

Não sinto qualquer empatia por esta mulher. Ela merece isso. 

— Mamãe, quando a gente vai comer? Estou com fome. 

Meus olhos finalmente se desviam dos dela para o garotinho ao lado dela, segurando na barra do seu vestido. Sinto meu estômago afundar. Ergo o olhar novamente para ela. 

— Mamãe? — repito, com a voz cheia de desprezo. 

Ela engole em seco. 

— Ryan… — ela tenta me tocar, mas dou um passo para trás. 

Isso me mataria. 

— Nem pense nisso — digo lentamente, para deixar bem claro o quanto estou enojado. 

A mão dela cai ao lado do corpo como um sinal de derrota. Ela engole em seco. Olho mais uma vez para o garoto que agora me encara com certa curiosidade — talvez tenha notado a semelhança entre nós dois — e depois para o homem bem-vestido ao lado dela. Um nó do tamanho de um planeta fica entalado na minha garganta. 

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