vinte e quatro

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RYAN

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RYAN

Pedi um cappuccino. Por que diabos eu pedi isso? Não vou beber café. Não quero. Estou enjoado, e beber alguma coisa só deixaria tudo pior. Mas, de qualquer forma, parece a distração ideal, pois me dá um pouco mais de tempo para pensar no que dizer para a mulher sentada à minha frente. Não quero fazer nenhuma besteira, apesar de estar com muita raiva. 

— Sua namorada é bonita — ela quebra o silêncio. 

Reprimo a vontade de rir com sarcasmo. Isso é mesmo sério? Depois de todo esse tempo, isso é tudo o que ela tem para me dizer? Que minha namorada é bonita? Primeiramente, Jade não é minha namorada, mas não vou dar informações pessoais da minha vida para esta mulher. Ela não merece isso. 

— Ela é, sim — digo secamente.

Vejo-a engolir em seco. Estou sendo muito duro? Talvez. Mas realmente não me importo. 

— Filho… 

— Primeiramente, não sou seu filho — retruco bruscamente; a irritação evidente em cada palavra. — Segundo… admiro muito a sua coragem de vir até aqui me procurar. 

Me recuso a reconhecer a expressão de dor em seu rosto. 

— Eu precisava me desculpar. 

Dou risada uma única vez, desprovido de qualquer humor. 

— Então você desaparece por, sei lá, treze anos?, e acha que é só chegar aqui e pedir desculpas e tudo vai estar resolvido? Desculpe, mas é muito cinismo da sua parte. 

Ela me olha com uma onda de culpa. É bom mesmo que se sinta assim. 

— Eu só não quis te fazer sofrer. — Que merda de desculpa é essa? 

— Que engraçado — abro um sorriso cruel. — Você fez justamente o que não queria fazer. Parece um pouco contraditório da sua parte. 

Os olhos dela brilham, azuis como as águas mais profundas do oceano. 

— Você disse que poderíamos conversar, mas até agora só fez me insultar — ela tem a audácia de reclamar. — Você está mesmo disposto a me ouvir? Ou só veio aqui desferir a sua raiva? 

— Quer mesmo que eu responda? — retruco. — Mas… confesso que estou curioso para saber a desculpa que você vai dar. Então, por favor, conte sua história. 

Seus olhos miram a xícara repousada à sua frente. Ela pediu apenas um café preto simples, e creio que, assim como eu, está usando isso para se distrair. Sempre podemos olhar para a xícara sem graça quando as coisas ficarem difíceis. 

Quando acho que ela não vai abrir o bico, sua voz baixa e cheia de tristeza ressoa nos meus ouvidos. 

— Eu não sei se você sabe o quanto a vida pode ser difícil, meu filho — diz ela. — Às vezes… tomamos algumas decisões que nos arrependemos, mas somos tolos demais para enxergar naquele exato momento. 

Indecente • COMPLETO Où les histoires vivent. Découvrez maintenant