Capítulo 13 - A Ilha do Dragão

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Há dois dias avistamos ao longe uma região montanhosa e decidimos seguir em sua direção.

Certa manhã, muito quente, com um céu pesado e cinzento, nos achamos em uma baía rodeada de rochas e penedos, lembrando um fiorde norueguês. Em frente da baía elevava-se um terreno cheio de árvores frondosas, parecendo cedros, no centro das quais se precipitava uma impetuosa corrente.

O bosque estendia-se por uma ladeira ingrime, indo terminar numa cordilheira denteada, através da qual se vislumbrava ao longe a indecisa escuridão de montanhas, cujos cimos desapareciam no meio de nuvens baças. As rochas mais próximas estavam riscadas aqui e ali de fitas brancas, que todos sabiam ser quedas-d'água, mas que, àquela distância, pareciam imóveis sem fazer qualquer ruído. A água lisa como vídeo refletia o perfil das rochas. Numa pintura a paisagem poderia ser bonita, mas na vida real era opressiva. Aquela terra não acolhia visitantes de braços abertos.

Desembarcamos em dois botes, indo nos lavar e beber, deliciados, a água do rio. Depois comemos e descansamos, tendo Caspian mandado para bordo quatro homens para guardarem o navio. Só então começamos os trabalhos do dia. Tínhamos de trazer os barris para terra, consertá-los, se possível, e tornar a enche-los de água. Era preciso derrubar uma árvore, de preferência um pinheiro, para fazer um mastro novo(já que o mastro antigo havia sido destruído em meio a tempestade), e as velas precisavam ser remendadas.

Um grupo saiu à procura de qualquer coisa que a terra poderia oferecer. Havia roupa para lavar e coser, e um sem-número de reparações para fazer a bordo. O próprio Peregrino não era mais o mesmo navio elegante que partira de Porto Estreito. Parecia um casco velho e desconjuntado, um resto de barco. Não tínhamos melhor aspecto - desfigurados, pálidos, esfarrapados, com os olhos avermelhados devido as noites em claro.

Seria uma longa manhã então nos pusemos todos ao trabalho, à fim de que ao chegar o almoço pudéssemos finalmente descansar e assim foi feito.

Assamos as caças que haviam sido trazidas e tivemos um farto e deleitoso almoço, até então não havíamos dado falta de ninguém, mas o fim do almoço percebemos que as reclamações de Eustáquio haviam cessado e que ele já não estava mais próximo à nós, ele havia sumido, então nós pusemos a chamá-lo:

- Eustáquio! Eustáquio! - Andamos por todos os lados e quando ficamos roucos Caspian mandou que soasse a trompa.

- Se estivesse perto, já teria ouvido. - disse Lu branca como cera.

- Que sujeito idiota! - exclamou Edmund. - Por que foi tão longe?

- Temos de fazer alguma coisa. - Disse Lu. - Pode ter se perdido, ou caído num barranco, ou ter sido apanhado por selvagens.

- Ou devorado por animais ferozes. - disse Drinian.

- Até que não era má ideia. - murmurou um marinheiro.

- Senhor Rince - retrucou Ripchip -, jamais em sua vida falou outras palavras que tanto o inferiorizassem . A pessoa em questão não é das minhas relações amigáveis, mas sendo do mesmo sangue da rainha e pertencendo ao nosso grupo, é nosso dever de honra encontrá-lo para vingar a sua morte, se tiver morrido.

- Claro que temos de encontrá-lo (se pudermos) - falou Caspian, aborrecido. - Aí é que está a chateação. Temos de destacar um grupo de homens para procurá-lo e enfrentar uma infinidade de complicações. Mas que sujeito inoportuno, esse Eustáquio.

Foi designado um grupo de busca liderado por Caspian à procura de Eustáquio, eles voltaram muito tarde, tanto que já havíamos aceso uma fogueira e eu e Lu dormíamos profundamente. O grupo de busca havia encontrado um dragão morto no vale, mas nem sinal de Eustáquio. Tentaram encarar a situação da melhor maneira possível e asseguraram uns aos outros que era muito improvável existirem dragões por ali, e o que morrera naquela tarde, mais ou menos às três horas (quando o tinham encontrado), dificilmente teria matado alguém poucas horas antes.

Maya Matthews In Chronicles Of Narnia ✨Where stories live. Discover now