Prólogo: E quem irá dizer que não existe razão?

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Eu nunca fui um cara muito sentimental, justamente por isso, gostava das matérias mais exatas de Hogwarts. Tudo era bem simples, até eu conhecer Sophie.

Ou melhor, tudo era simples para mim. A bolha que construí para nunca me envolver machucou muita gente, inclusive a mim. Passei anos sendo um egoísta estúpido, tendo inúmeros experiências, mas sem adquirir qualquer maturidade emocional.

Eu não ligava para os sentimentos das garotas que queria conquistar, me incomodava elas quererem algo além do físico. Contudo, quando Sophie me fez experimentar do meu próprio remédio, o gosto foi amargo.

Primeiro, o meu ego tinha sido atingido; eu não estava acostumado a ser dispensado. Depois, ela derrubou cada um dos muros que arduamente construí, e além de só ter notado quando estava apaixonado; eu adorei cada sensação.

Mas aí que estava a pegadinha. Eu era um cara com zero maturidade para o compromisso que queria ter. Na verdade, chega a ser muito irônico como eu não previ que algo daria errado no meio do caminho.

Obviamente, não teria como eu adivinhar que ela beijaria outra pessoa. Porém, não foi isso que mais me machucou; eu teria dado um jeito de superar aquilo. O que acabou comigo foi o fato de Sophie não saber por quem estava apaixonada.

Não vou mentir e dizer que não tive vontade de acabar com o desgraçado que a havia beijado. Eu pensei, mas do que adiantaria se ela o amasse? Pois é, absolutamente nada.

Voltei para Paris e fiz o que sabia de melhor: construir muros. O problema? Eu não era mais o mesmo. Continuava completamente apaixonado e louco por notícias dela. O que só tornava o silêncio de Sophie desesperador.

Obviamente, queria saber se ela havia ficado com o melhor amigo. Ou melhor, queria que ela aparecesse na minha porta e dissesse que havia cometido um erro. E é claro, nunca aconteceu.

Se eu havia metido os pés pelas mãos, quando me apaixonei por ela. Agora que eu devia esquecê-la, não havia sido diferente. Novamente, machuquei várias pessoas.

E quando finalmente me dei conta disso, graças a ajuda de uma estranha, e comecei a tentar me redimir por tudo o que havia feito; tive um pouco de alívio. Confesso.

Não foi fácil, recebi inúmeros xingamentos e tapas na cara (ambos merecidos, ouso dizer). Contudo, algumas garotas quiseram me ouvir e conversar; e posso dizer, que em alguns casos, preferiria as agressões físicas e verbais.

Eu havia sido um cara imaturo e horrível. Encarar aquele meu eu, me deu inúmeros sentimentos adversos: vergonha, raiva, tristeza, revolta... Aproveito para dizer, que nenhum deles foi voltado para as garotas. Todos foram para mim.

Eu poderia ter culpado a vidente que me disse palavras tão duras, quando eu era criança. E acredite, eu quis. Ainda que eu tenha começado a minha sequência de erros, por conta dessa maldita profecia; nada me impedia de ter dado o primeiro passo para deixar de deliberadamente magoar com quem me envolvia.

Mas como eu disse anteriormente, a minha maturidade emocional era inversamente proporcional às minhas notas. Gostaria de dizer que ela melhorou, depois dessa minha jornada. Porém, não acho que me encontro no direito para isso.

Estou longe de ter essa inteligência emocional formada, quanto mais avançada. E depois do que fiz, me pergunto se algum dia um dos meus neurônios conseguirá absorver algo desse tão complexo conteúdo.

Nesse momento, acredito que alguns de vocês possam estar levemente confusos. Na teoria, estou no caminho para ter uma mentalidade ligeiramente melhor que a de um verme-cego.

Mas sabem qual é a realidade?

Acabei de acordar num apartamento desconhecido. E não, não me arrependo disso.

Logicamente, esse será o momento em que vocês proferem nomes infames e dizem que nunca acreditaram na minha mudança. Não vou julgá-los por isso, só peço que me deixem terminar o que vim dizer.

O apartamento realmente me é estranho, nunca estive aqui antes. Mas há algumas diferenças com as noitadas que vivi em Paris.

Em primeiro lugar, me lembro perfeitamente de tudo o que aconteceu, desde o porquê ter acabado aqui até o nome da mulher que está dormindo tranquilamente ao meu lado.

Em segundo lugar, eu não acabei nesse apartamento com essa intenção, simplesmente aconteceu. Mas eu repetiria, quantas vezes ela quisesse.

Talvez, para vocês, tais diferenças não sejam tão significativas. Mas para mim? São gigantescas.

Essas diferenciações fazem com que eu esteja em casa, ainda que fisicamente esteja há quilômetros da França.

Aqueles traços e curvas estavam levemente diferentes. Ela estava mais magra, apesar de sempre ter tido um corpo atlético por conta do Quadribol; seu rosto estava abatido, com profundas olheiras. Mas o jeito que ela o olhou na noite anterior, continuava o mesmo. Assim como os seus cabelos cor de fogo.

Não, não tivemos uma conversa esclarecedora. Não, não sei o que houve entre ela e o melhor amigo. Não, não sei se depois de ontem voltamos.

Tudo que eu, Pierre Gerard Paradie, sei é que por mais que eu não seja o cara com inúmeras barreiras inalcançáveis; com toda certeza, ainda estou longe do caminho que eu deveria estar percorrendo.

Não se engane, não pense que não estou apavorado com a ideia de terminar da mesma forma que estava, quando deixei a Inglaterra.

Porém, se isso significa que terei de me afastar de Sophie mais uma vez, digo, sem sombra de dúvida:

"Que se dane."

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De Lumus Hogwarts: Oi gente, o aviso desse capítulo vai ser curtinho. Afinal, muitos de vocês vão passar direto para o capítulo 1. Só estamos passando aqui para desejar um feliz 2022 e agradecer aos leitores que chegaram até aqui.

Esperamos que Lumus 3 corresponda as expectativas de todos vocês, e quem sabe, até mesmo as superem!

Então, que seja dada a largada da nossa nova "temporada"!

Não esqueçam de comentar e votar!

Um grande abraço!

Lumus Hogwarts - Vol.3 Where stories live. Discover now