Capítulo 04: Eu queria ter a sua vida - Parte 03

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Aviso: caso não tenha lido a explicação descrita no capítulo intitulado de "Arco I", sugerimos fortemente que o faça.

Londres. Local de trabalho da Soph

- Então é isso? Vai mesmo nos abandonar? O Sr. Jones me contou ontem de noite. - Perguntou Joe, o colega de trabalho de Sophie, enquanto terminava de ajeitar umas coisas da cozinha, antes de abrir o estabelecimento.

- Não é você que vive dizendo que devemos olhar para aqui como parte da trajetória e não a linha de chegada? - Questionou a ruiva, enquanto colocava os cardápios em todas as mesas do pequeno lugar.

- Sim e não mudei de opinião, mas...

- Mas...? - A bruxa se esgotou na mesa e cruzou os braços.

- Eu sei que não nos conhecemos bem, que não somos amigos. Apenas colegas de trabalho. - Joe saiu da cozinha e caminhou até Soph. - E que você vai ter todo o direito de dizer que não é da minha conta. Só que não sei se você está caminhando até a sua linha de chegada, Sophie. - O jovem rapaz também cruzou os braços. - Eu a vi trabalhar aqui por meses, você atendia os clientes, limpava as mesas e fazia café; mas não parecia nada além de um fantasma.

- Um fantasma?! Como assim?! - Num primeiro momento, a ruiva achou que o jovem a sua frente não fosse a responder, mas Joseph chispou os lábios e prosseguiu seu raciocínio.

- Dá para perceber que você não é desse mundo... - Nesse momento, Soph teve de prender a respiração para poder fingir ter um mínimo de autocontrole. - Com toda certeza você deve ser de alguma família rica, criada com todo o luxo e mimo... É a única explicação lógica para uma pessoa da sua idade não saber o lado certo do filtro de café. - Ali, Soph se permitiu respirar, ainda que só um pouco.

- Vá ao ponto, Joe. - Sophie se manteve altiva, olhando o jovem cozinheiro com seus intensos olhos verdes.

- Eu acho que você está fugindo da sua família riquinha para poder ter sua liberdade... Normalmente, eu não seria contra isso, mas no seu caso, não parece que todo o seu esforço desses últimos meses tenha sido por si. E se eu estiver certo, se você estiver fazendo isso para provar algo a alguém, eu sugiro fortemente que não o faça. É a sua vida, Soph. Você não tem de provar nada a ninguém. Sua única obrigação é vivê-la plenamente.

- É isso que está fazendo aqui? Fritando hambúrguer e vivendo o carpe diem? - Ironizou a ruiva. - Como você mesmo disse, somos colegas de trabalho e não amigos. E agradeceria se não se intrometesse em minha vida, já que a recíproca  não é  verdadeira.

Joe olhou para Soph e fez uma careta:

- Eu acho que posso ter merecido essa, mas foi bom ter um vislumbre do seu verdadeiro eu, já que passei todo esse tempo convivendo com a personagens criada por você, aquela que sempre tinha um sorriso gentil no rosto e uma resposta educada e distante.

- Acho que nós já terminamos por aqui. - Sophie começou a abrir as venezianas do estabelecimento.

- E só para você saber, a minha linha de chegada é juntar dinheiro suficiente para a escola de culinária. E depois, comandar o meu próprio lugar.  Contudo, em um lugar um tanto quanto mais refinado. Então, talvez você esteja certa sobre o meu carpe diem. Só espero que não esteja fugindo do seu. - Joe voltou para a cozinha, fazendo Sophie se sentir uma idiota.

A ruiva alisou seu uniforme e estalou o pescoço, pensando que o estrago já estava feito e que era melhor ela só abrir o restaurante. Afinal, estava em seu último mês como garçonete daquele lugar, qualquer centavo a mais ajudaria a garantir seu futuro incerto na América.

Lumus Hogwarts - Vol.3 Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin