Lumus Hogwarts - Vol.3

Capítulo 14: E tudo foi pelos ares - Parte 03

Sophie encarava o ambiente, cuja dinâmica consistia em o lado esquerdo da sala ser composta por Johnny e Rich (que estavam sentados no sofá) e o direito, onde estava Nádia sentada numa poltrona. Soph se encontrava no meio, de frente para a lareira e mais próxima da amiga sonserina.

A ruiva observava os amigos em silêncio, revezando olhares entre eles: Nady afundava a bolacha em suas mãos no líquido quente, sem ousar levantar a cabeça; Richard vez ou outra abria a boca para dizer algo, mas nunca conseguia formular uma frase; já Johnny, comia compulsivamente os biscoitos a sua frente, numa clara tentativa de não encarar a ex.

Depois de dar uma última olhada em seus amigos, Soph fez um biquinho e acenou positivamente para si, antes de ser a primeira a se pronunciar:

- Tudo bem, já que ninguém está querendo se dispor a isso, serei a primeira: somos um desastre e tá tudo uma bela bosta. - Disse a bruxa, dando um grande gole em seu chá. Todos os outros três trouxeram expressões indignadas em seus rostos.

- Você não está sendo j... - Richard tentou argumentar.

- O quê?! Justa?! - Interrompeu Soph, erguendo a sobrancelha. - E você está dizendo isso baseado em quê exatamente? No beijo que demos no seu quintal, no dia da última vez em que nós quatro estivemos juntos? Ou na troca de tapas que seu corredor teve a honra de acompanhar?

- Tapas?! Em quem?! Algum comensal esteve aqui?! - Questionou Nady, visivelmente preocupada, sendo tal sentimento dissipado rapidamente com o movimento em negativa com a cabeça que Richard fizera.

- Sophie, qual é... Isso foi incrivelmente rude! Nada de bom poderia sair de tudo isso que você falou! - Johnny reclamou, revoltado.

- Não é não. O incrivelmente rude seria se eu trouxesse para pauta o fato de você e Nady nem olharem um para o outro, desde o término de namoro de vocês. - Respondeu a ruiva, encarando John.

O jovem abriu a boca para responder, mas ao ver a fragilidade de Nady a sua frente, com a menção do término. John não conseguiu. Ele nunca poderia iniciar uma discussão que magoasse Nádia de propósito, não importava o que havia acontecido.

Por outro lado, Rich saiu em defesa do amigo:

- Isso não foi rude, Soph. Foi estúpido... Magoar nossos amigos a troco de quê?! O que isso melhorou desde que entramos aqui?!

- Nós não temos tempo para sutilezas, Rich. Ou melhor, você não tem esse tempo. - O tom de Sophie era duro. - Eles vão vir atrás de você e da Maggie. - A voz da ruiva começou a falhar e tremer. - Eu tenho um ponto e você sabe. Eles vão caçar vocês, torturar e fazer vocês implorarem pela morte. E provavelmente, vão usar a Maggie, que não pode se defender, pra testar sua sanidade. Então, me desculpa se não consigo ser delicada.

Ao ver que Rich ouviu a tudo em silêncio, com lágrimas trilhando os contornos de seu rosto, foi a vez de Nady intervir:

- Que tipo de ponto precisaria expor tudo isso?!

- O simples fato de estarmos aqui... O que comprova que por mais desastrosos que somos, nós nos amamos e nos importamos o suficiente para deixar isso de lado. Estamos aqui, apesar de tudo. - Soph largou a xícara no centro de mesa. - Estar aqui depois que vocês presenciaram a minha traição a Pierre, com o cara que estava comigo quando fiz... Me deixa mais do que nervosa. Assim, como sei que para o Rich é extremamente doloroso me ver novamente com o anel de noivado. - A ruiva levantou a mão esquerda, mostrando o anel com o enorme rubi em seu anelar. - E sei o quão doloroso é para vocês dois estarem aqui. - Ela apontou para Nádia e John. - Mas precisamos e sabemos disso. A vida do nosso amigo está em risco. A vida de Maggie está em risco. Então, por favor, vamos conversar e tentar resolver isso.