Capítulo 11: You should seen me in a crown - Parte 02

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E então chegara a véspera do grande dia. Pela manhã, aconteceria um evento que mudaria toda a vida de Sophie: ela se tornaria chefe de clã. A jovem ruiva estava sentada no banco da janela, encarando sua cama intocada. Ela sabia que sua ansiedade não permitiria que dormisse, mas ao mesmo tempo não sabia o que poderia fazer para passar o tempo.

Em situações como aquela, normalmente, Soph sairia perambulando pelas terras de sua família, acompanhada de uma garrafa de uísque de dragão. Mas aquilo não era mais prazeroso, só trazia a lembrança mais dolorosa: a morte de Ian.

Sophie continuou encarando a cama de dossel, percorrendo sua mente em silêncio por respostas. De repente, a ruiva teve uma realização, caminhando até a adega da família e pegando duas garrafas de uísque. Logo em seguida, saiu caminhando pelos terrenos da família.

Enquanto se deixava ser guiada pelos próprios pés, a ruiva não pode deixar de fazer uma autocrítica irônica. Afinal, estava fazendo exatamente o que inicialmente não queria. Porém, o medo do peso do luto ou mesmo o seu comentário sarcástico não impediram-na de prosseguir até seu destino.

Quando finalmente parou de caminhar, se viu a beira de um extenso campo, repleto de flores e vegetação rasteira. Ao fundo, era possível ver um lago e a direita, uma frondosa árvore, bem como uma lápide.

Sophie sentiu os olhos ficarem turvos de lágrimas e a garganta fechar. Por isso, permitiu-se um momento, antes de caminhar até o descanso final de Ian.

- Você teria rido de mim hoje, passei o dia fugindo do óbvio. - Disse ela, ao chegar na lápide, sentando-se com as costas apoiadas na árvore que sombreava o túmulo do irmão. - Sei que desde seu funeral, não consegui mais vir aqui... Esse lugar torna tudo o que aconteceu mais real. - A ruiva colocou uma das garrafas entre as pernas, enquanto a outra deixou aberta e encostada na tumba de pedra de mármore branco.

Ao deixar a garrafa ali, Soph esperou algum tipo de sinal que indicasse que seu irmão estava ali com ela, ou que ao menos a ouvisse. Mas ele não veio. E aquilo foi o mesmo que um murro no estômago para ela.

- Certo... - Disse a ruiva, fechando os olhos e tentando controlar a respiração. Não queria um outro evento como o da véspera de seu aniversário. - Eu não queria vir aqui, porque toda vez que penso em você não vem só a tristeza, mas também muita raiva... Raiva por você não ter me obrigado a ficar como a chefe do clã, raiva por não poder trocar de lugar com você... - Com as mãos trêmulas, Sophie abriu a garrafa que estava entre suas pernas e deu alguns generosos goles.

As mãos da jovem continuavam trêmulas, quando ela abaixou a garrafa e limpou sua boca com a manga do pijama:

- Se eu pudesse trocar de lugar com você, não iria querer que você me vingasse. Sua vida valia muito mais do que o risco que você correria tentando fazer justiça. Mas sabe qual é a ironia? Vingar você é a única coisa que me mantém colocando um pé na frente do outro, é a única coisa que me faz levantar. Mesmo sabendo que você não iria querer isso, pelos mesmos motivos que eu se estivesse aí. - A ruiva olhava para a garrafa em seu colo, rasgando o rótulo com os dedos.

Depois de mais alguns goles, Soph repousou sua cabeça no tronco e fechou os olhos:

- O Ministério da Magia levou algumas de suas coisas, as que estavam no testamento. Mamãe achou um ultraje, eu, por outro lado, achei engraçado que o governo está mais interessado em achar algo que possa culpar a vítima de um homicídio, do que descobrir o assassino. - Sophie permaneceu brincando com o rótulo por mais alguns instantes, permitindo-se algumas lágrimas. - Por que você deixou o seu diário no testamento? - Questionou a ruiva, enxugando o rosto de qualquer jeito e franzindo o cenho. E logo em seguida se julgou por fazer a pergunta.

Lumus Hogwarts - Vol.3 Where stories live. Discover now