Capítulo 18: Pessoas Normais - Parte 02

28 4 20
                                    

Apartamento dos Paradie. Meses após Richard e Margot utilizarem o local como recinto.

Pela primeira vez em muito tempo, Nádia estava se permitindo ser cuidada. Ela sentia aos mãos delicadas de Maggie aplicando-lhe poções, as quais a morena não fazia ideia de como ela tivera acesso àquele conhecimento, ou, se ao menos, tudo o que ela estava fazendo era certo. Ela só sabia o quão boa era aquela sensação.

Maggie trabalhava concentrada e em silêncio, rezando para que estivesse fazendo tudo como Pierre a ensinara, visto que o francês não conseguia mais ir com tanta frequência até o apartamento. As coisas haviam piorado numa velocidade gigantesca. Além disso, o francês havia adquirido recentes obrigações que tornava o seu escasso tempo em pó.

Assim que a jovem senhora terminou de fazer o último curativo, fez com que Nádia tomasse uma poção do sono sem sonhos. O que quer que ela havia passado naquela escola, pelo estado que ela havia chegado ali, com toda certeza teria pesadelos.

Margot trancou quarto com delicadeza, encostou-se na porta e se permitiu chorar. Ela rapidamente tapou a boca para que Johnny e Rich, que aguardavam na sala, não a ouvissem. Como enfermeira, ela havia visto muita coisa, o que na verdade a chocava era o fato de que se faziam aquilo com quem eles consideravam minimamente dignos... O destino dos supostos não-dignos era algo que ela sequer podia imaginar.

Depois de um tempo, Maggie se acalmou e foi verificar sua aparência no espelho. Ela arrumou o rosto como pode e ainda que soubesse que não havia conseguido disfarçar que andara chorando, Margot tinha plena ciência que não tinha direito a esse luxo no momento. Por isso, rumou para onde estavam os meninos.

Ao chegar no recinto, Maggie pode ver que Johnny e Richard estavam sentados o mais longe possível, em cantos extremos da sala. Ela também pode observar que os utensílios que havia deixado para os machucados de John permaneceram intocados.

- Como ela... - Perguntou Johnny, assim que percebeu a entrada de Maggie.

- Dormindo. Fiz o que pude, mas não sou bruxa e muito menos curandeira... Só posso torcer para que as poções façam o efeito desejado e que Pierre possa vir dar uma olhada nela. - Quando Johnny foi agradecer, Margot sinalizou a desnecessidade. - Querido, você também precisa de cuidados... Por que não utilizou o que deixei aqui?

- Ele não quer que eu o toque. - Respondeu Rich, de braços cruzados olhando para um quadro na parede.

- Como se eu não tivesse motivos para isso... - Respondeu John em um tom baixo, mas levemente alterado.

- Eu não tenho tempo para isso e nem vocês. - Falou Margot esfregando os olhos. - John, por favor vamos até meu quarto. - Quando viu que os meninos ainda estavam dispostos a discutir, lançou-lhes um olhar universal, que só uma mãe sabe realizar, fazendo-os se calarem e a obedecerem.

(...)

- Sinto muito. - Disse Margot, fazendo os curativos em Johnny.

- Você é a última pessoa do mundo que deveria pedir desculpas, Maggie. - John tensionou o corpo, tentando não se mexer, enquanto deixava a senhora fazer o seu trabalho.

- Talvez seja a única que receba. Apenas aceite. - Ela forçou um sorriso.

- Eu nunca vou deixar de ter um carinho pelo Rich... - Johnny tentou se justificar, após algum tempo em silêncio.

- Querido... - a jovem senhora o interrompeu. - Eu não quero que você se justifique, nem que perdoe meu filho por você achar que isso vai me fazer feliz... Eu sei o que meu filho fez, depois que ele soube quem são os pais de Nádia. E sei que ele teve essa reação, porque todos nós sabemos que essa situação está ficando insustentável... E uma hora teremos de sair daqui. - Ela não olhava para o rapaz a sua frente, continuava concentrada em sua tarefa de fazer os curativos. - E todos nós sabemos que quando sairmos, não terei condições de me defender... Então, o meu filho vai fazer qualquer absurdo para evitar uma situação que nos tire daqui.

Lumus Hogwarts - Vol.3 Where stories live. Discover now