𝐼𝑛 𝐴𝑛𝑜𝑡ℎ𝑒𝑟 𝑅𝑒𝑎𝑙𝑖𝑡𝑦 - 𝐻𝑎𝑟𝑟𝑦 𝑃𝑜𝑡𝑡𝑒𝑟

Miguel, O Anjo Travesso

A água escaldante do banheiro feminino escorre pelo meu corpo, meus músculos estão relaxados, um bom banho depois de um dia cansativo era o que eu precisava, os espelhos do banheiro estão embaçados com o vapor do chuveiro, mesmo com esse calor que a Escócia está nos presenteando, me recuso a tomar banho de água gelada. Tiro a espuma do shampoo sem pressa, meus olhos estão fechados, passo a mão pelo meu cabelo entre os fios, a água evapora sem nem que eu percebesse, seco meus olhos com a toalha que estava pendurada na porta da cabine de madeira escura, giro o registro do chuveiro até o fim, e mesmo assim nenhuma gota sai, vai ver a escola quer economizar água. 
     Saio da cabine de chuveiro enrolada em uma toalha branca cem por cento algodão, vou até a pia do banheiro para retirar o resto de shampoo que ainda restava do meu cabelo. 

Lavar na pia do banheiro é mais difícil do que eu pensava. Estou com a cabeça baixa retirando as espumas do meu cabelo, a água está fresca e gelada, meus olhos estão vendados por minhas pálpebras impedindo de enxergar algo. Termino de enxaguar meu cabelo e retiro todo o shampoo, já aproveitando para e passar o condicionador. Coloco meu pijama preto de cetim, estava fresco, volto a pia com meu sabonete facial, novamente minha visão está em breu, enxáguo meu rosto, pego minha toalha branca que está ao lado, passo suavemente no meu rosto, dando toques, ao abrir os olhos vejo refletido no espelho, um homem um pouco atrás de mim, sua roupa parece de um mero príncipe, era jovem, meus olhos arregalaram, posso estar alucinando, me viro para trás e não vejo absolutamente nada, me volto ao espelho e ele permanece ali, me olhando com seus olhos laranjas quase amarelados, o arrepio parte da minha nuca até o último osso da minha coluna, preocupante.

Você: Oi? — Minha voz ecoou por todo aquele banheiro, as gotas pingavam da torneira, estava tudo silencioso. Ele ficou mudo, parado me observando.

Fecho meus olhos, obviamente aquele caro homem ainda estava me olhando, não me sinto ameaçada, ou com medo. Um vidro de perfume redondo está rolando pelo chão chegando ao meus pés, me abaixei para pegá-lo estranhando aquele curioso acontecimento, havia deixado esse frasco de perfume em cima da minha cama, logo depois que me levanto aquela imagem do homem some do espelho, mesmo embaçado eu podia ver perfeitamente como ele era, tão estranho… pego minhas coisas ainda olhando para o espelho, Salem me esperava na Comunal, como sempre, estou na saída do banheiro, tenho que passar por um corredor que a tão pouca luz que chegou a tropeçar em meus próprios pés. 

Estava mexendo em meu smartphone enquanto andava lentamente para o Salão Comunal. Aquele mesmo homem ou se possível um garoto saí da escuridão do corredor mal iluminado, ele me agarra pelo meu pescoço me fazendo derrubar tudo que meus braços seguravam, ele me põe contra a parede, meus pés mal tocavam no chão, estava sendo sufocada, ele me olhava, não parecia mal, me debato com os pés, chutando-os contra suas partes mais sensíveis. 

Miguel: Ai — geme de dor, me solto caindo no chão de joelhos, minha respiração está ofegante — Se eu soubesse que é tão fraca teria poupado esforço… au — geme de dor novamente — não precisava ter me chutado — afirmou.

Você: Não precisava? — me levanto rapidamente do chão, meu tom era irritado, e eu realmente estava irritada. Ele me olha sério mas não me responde, estou prestes a sacar minha varinha do bolso. 

Miguel: Você está tão diferente… — Ele chega perto de mim, sinto meu corpo arrepiar novamente, mas agora é do frio — quanto tempo eu não te vejo… bom… eu me chamo Miguel… Miguel Morningstar.

Você: Morningstar? — Ele tem parentesco com o meu ex-professor? as coisas estão cada vez mais estranhas, e por que ele é tão bonito? — É alguma coisa de Lúcifer? 

Miguel: Lúcifer? Conhece meu irmão? — ele franze o cenho.

Você: Seu o que? Irmão? Ah… não sabia que Lúcifer tinha um irmão… e tão bonito — sussurro para mim mesma.