Em Chamas

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Era quase fim da tarde, o sol estava desaparecendo através das montanhas. Árvores de pinheiros altos cercavam aquele grande lugar onde Miguel e eu estamos caminhando, o chão está úmido e algumas poças de água estão formadas no chão, o estranho era que não havia chovido nos últimos dias, a cada passo que dávamos os galhos estalavam abaixo de nossos pés, a pequenas fogueiras espalhadas por uma parte da floresta formando um círculo à nossa volta. Estava vestida com o uniforme, sem o suéter cinza, estava abafado, minha gravata estava frouxa em meu pescoço e dois botões de cima da minha camisa de linho branca estavam desabotoadas.

Miguel: Certo, o que você precisa ter em mente, sem varinha, ela é inútil, bom, comparada ao que você pode fazer, eu escolhi esse lugar aqui… além de ser bem longe da escola… ele me trás muita inspiração e motivação, talvez isso funcione com você. 

Você: Ah… — deixo minha varinha sobre o tronco de árvore que estava aterrissado no chão — Vamos começar por onde? — perguntei.

Miguel: Vamos treinar sua concentração, só com isso poderá fazer o que planejo — ele estendeu sua palma para o céu e chamas quentes e brilhantes se invocaram no instante, meus olhos brilharam ao ver tal magia, me pergunto se ele é um bruxo muito poderoso ou se ele é realmente algo diferente — Impressionante, não é? Mas isso é só um truque bobo, podemos fazer muito mais que isso — ele fechou sua mão que acabará de ter as chamas sucumbidas. 

Você: Podemos… somos… parecidos? — Um sorriso se estendeu sobre seus lábios, não entendi por que  ele estava sorrindo, era suspeito.

Miguel: Somos mais parecidos do que você imagina, s/n, talvez você seja mais fraca que eu… mas é de se esperar — senti sua voz me desafiando, seus olhos me fuzilavam de desafios, eu ri, e isso era ótimo.

Você: Isso foi um desafio? — Ele arqueia as sobrancelhas. 

Miguel: Talvez — Ele sorri de lado — Vamos começar. Quero que feche seus olhos devagar, e respire fundo — estou parada no meio da floresta, Miguel caminha lentamente para a minha frente — Não tenha medo de fechar seus olhos, está tudo bem — fechei meus olhos lentamente, respirei calmamente, a tensão que meu corpo havia sentido já estava muito longe — Não fale nada sem que eu peça, só me responda e me escute atentamente, esvazie sua mente Íris. 

Íris? Ele colocou suas mãos na minha cabeça, acima das minhas orelhas, meus ombros estão caindo relaxados, minhas pálpebras estão tão descansadas que não quero abri-las.

Miguel: Está vazia? — perguntou calmamente. 

Você: Sim — respondo em um murmuro. 

Miguel: O que você ouve, Íris? O que você sente com tudo isso?

Íris… de novo

Você: Ah… — Me concentro em tudo à minha volta, era mágico, os barulhos... os grunhidos... Miguel continuou em silêncio à espera da minha resposta — Eu ouço… pássaros… milhares de pássaros… galhos quebrando… vento quente e forte… esquilos — rio — … folhas caindo, é como se nada importasse e tudo está a minha volta, são detalhes impressionantes, é uma sensação boa.

Miguel: Continue de olhos fechados — sussurrou. Miguel se afastou de mim, continuei parada de olhos fechados, não me atrevi em abri-los. Miguel colocou fogo na primeira fogueira, que era protegida por um círculo de pedra — O que você sente?

Você: É diferente… fogo… quente… muito quente… 

Miguel: Coloque sua palma virada para cima, por favor. 

𝐼𝑛 𝐴𝑛𝑜𝑡ℎ𝑒𝑟 𝑅𝑒𝑎𝑙𝑖𝑡𝑦 - 𝐻𝑎𝑟𝑟𝑦 𝑃𝑜𝑡𝑡𝑒𝑟Where stories live. Discover now