Capítulo 2

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Medellín, Colômbia - 24/04/2021 – 05 da manhã - Residência dos Rojas 

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Medellín, Colômbia - 24/04/2021 – 05 da manhã - Residência dos Rojas 

Veronica relutou a sair do quarto e absorver a notícia dada por seu pai, tentou dormir novamente e se convencer de que não passava de um pesadelo, mas a realidade dura na voz de Marco não permitiu que se desligasse. Não conseguiria dirigir então pegou um uber até a casa dos pais, o coração pareceu parar ao olhar pela janela do veículo e encontrar uma pequena multidão no portão, os vizinhos em peso amontoados como urubus em volta da carniça. Seus olhos se encheram de lágrimas ao imaginar o estado em que sua mãe estaria naquele momento.

— Moça… — o motorista a chamou constrangido. — Chegamos…

A mulher limpou as lágrimas e apanhou a bolsa, a corrida já havia sido paga pelo aplicativo, ela agradeceu e fechou a porta com cuidado, reconheceu os rostos que a olhavam com pena. Sobretudo o Sr. Fernando, pai do ex, e Carlos Penã, melhor amigo, que a odiava e não se preocupava em esconder, ela acenou com a cabeça e atravessou a multidão sem dizer uma só palavra. 

O portão estava entreaberto, atravessou o pequeno jardim onde muitas vezes se sentou com a irmã para pentear seus cabelos, contar histórias e dar conselhos, seu coração se apertou no peito ao pensar que isso nunca mais aconteceria, subiu os três degraus até a porta e esperou alguns segundos até que a coragem aparecesse.

Mesmo sem vontade seus pés a levaram quase se arrastando até o cômodo até o cômodo de onde as vozes vinham. Alita foi a primeira a vê-la e seus olhos vermelhos denunciaram que não havia nem um pingo de esperança, aquele último pedaço que ela insistia em se dizer “não pode ser” já não tinha mais como se sustentar. Logo as vozes se calaram e encontrou sua mãe sentada na mesa onde tomaram dezenas de cafés da manhã em família, com uma xícara de chá de camomila, reconhecido pelo cheiro, à sua frente, cabelos desarrumados e olhos tão inchados quanto os seus possivelmente estariam. 

Soledad se levantou em um silêncio sôfrego, segurou o rosto da filha mais velha e a abraçou com o maior dos pesares, Veronica sentiu o peso do mundo recair sobre seus ombros junto aos soluços inconsoláveis da mãe. Um ardor no peito, nó na garganta e uma dor; uma dor quase que insuportável. Nunca imaginou que o reencontro com a mãe se daria daquela forma. Se esforçou para controlar as lágrimas que se acumulavam nos olhos e tentou parecer forte, como sempre foi. 

No entanto, os soluços pesados e constantes de Soledad atingiram seu coração como facas afiadas e derrubaram todas as suas muralhas em uma velocidade avassaladora. Apertou a mulher contra seu corpo ao compartilhar seu choro angustiado por mais tempo que conseguiu mensurar.

Dona Lola,  preparou mais um bule de chá de camomila para acalmar os nervos, não que fosse adiantar de alguma coisa, mas Veronica agradeceu sinceramente ao gesto. Sempre teve carinho pela ex-sogra que a tratava com uma doçura quase que imaculada, Alita se limitou a dar um abraço pesaroso e se manteve em silêncio, recostada em um banco no vão entre a sala e a cozinha, Veronica também gostava dela, era uma garota espirituosa, audaciosa como ela mesma. Soledad não conseguia dizer muita coisa e quando tentava caía em prantos, a filha percorria o olhar por cada canto da casa invadida por uma nostalgia cruel — todos os momentos com a irmã desde o dia em que veio dos Estados Unidos, os risos, conversas até tarde naquela mesma mesa. Até as desavenças, todas ridiculamente pequenas e insignificantes àquela altura, poderia ter aproveitado mais sua companhia, abraçado mais, ouvido mais, porém, era tarde demais. 

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